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Brasil mobiliza Dia D nacional contra Aedes aegypti neste sábado (8)

Neste sábado (8), o Brasil mobiliza um Dia D nacional de combate ao Aedes aegypti em todo o país, com ações de limpeza e conscientização contra a dengue, Zika e chikungunya.
Dia D Aedes aegypti
Foto: Reuters/Paulo Whitaker/Direitos Reservados

O Brasil promove neste sábado, dia 8 de novembro, um Dia D nacional de intensificação no combate ao mosquito Aedes aegypti, vetor da dengue, Zika e chikungunya. Em uma ação que mobiliza todo o território nacional, a iniciativa visa não apenas a eliminação de focos do mosquito, mas também a conscientização da população sobre a importância da prevenção. Gestores locais, profissionais de saúde, agentes de endemias e líderes comunitários, junto à população, participarão ativamente de mutirões de limpeza e atividades educativas.

Mobilização Nacional Contra o Aedes

Esta grande campanha faz parte de uma nova estratégia de prevenção e controle das arboviroses, que leva o slogan “Não dê chance para dengue, Zika e chikungunya”, sob a coordenação do Ministério da Saúde. Diariamente, mais de 370 mil profissionais dedicam-se à prevenção dessas doenças em todos os 5.570 municípios brasileiros. Os Agentes Comunitários de Saúde (ACS), por exemplo, orientam as famílias durante visitas domiciliares, distribuem materiais informativos e incentivam o engajamento comunitário. Paralelamente, os Agentes de Combate às Endemias (ACE) realizam inspeções detalhadas, aplicam larvicidas e coletam dados essenciais para o planejamento eficaz das ações de vigilância.

O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, enfatizou a relevância desta mobilização, que acontece antes do período de maior transmissão da dengue, geralmente no primeiro semestre do ano. Segundo ele, este é o momento crucial para engajar tanto a população quanto os municípios, visando a identificação e eliminação dos criadouros do mosquito. Além disso, Padilha ressaltou a importância crescente de novas tecnologias, como o método Wolbachia, para conter a proliferação do vetor de forma mais eficiente.

Cenário Epidemiológico e Avanços Tecnológicos

Até o dia 30 de outubro deste ano, o Brasil registrou um cenário mais favorável, com mais de 1,6 milhão de casos prováveis de dengue, o que representa uma significativa redução de 75% em comparação com o ano de 2024. No mesmo período, foram confirmados cerca de 1,6 mil óbitos, indicando uma queda de 72% em relação ao ano anterior. Os estados mais afetados, apesar da redução geral, foram São Paulo (com 890 mil casos), Minas Gerais (159,3 mil), Paraná (107,1 mil), Goiás (96,4 mil) e Rio Grande do Sul (84,7 mil).

Apesar da notável diminuição nos índices, o Ministério da Saúde alerta para a contínua necessidade de ações preventivas junto à população. O 3º Levantamento de Índice Rápido do Aedes aegypti (LIRAa), conduzido entre agosto e outubro, revelou que 30% dos municípios brasileiros permanecem em estado de alerta para a dengue. Em aproximadamente 3,2 mil cidades, mais de 80% das larvas foram localizadas em recipientes comuns como vasos de plantas, pneus, garrafas, caixas d’água, calhas, ralos e até mesmo em locais inesperados como folhas de bromélias e cavidades de árvores. Portanto, a vigilância constante é fundamental.

Para o biênio 2025/2026, o Ministério da Saúde planeja um investimento robusto de R$ 183,5 milhões. Estes recursos serão direcionados à ampliação de novas tecnologias de controle vetorial, incluindo a estratificação de risco, o já mencionado método Wolbachia, as Estações Disseminadoras (EDLs) e a utilização de mosquitos estéreis irradiados. Essa abordagem multifacetada busca fortalecer as defesas contra as arboviroses.

O método Wolbachia, especificamente, tem demonstrado grande eficácia ao reduzir a capacidade de transmissão do mosquito. Ele já foi implementado em 11 municípios de oito estados brasileiros. Em Niterói, no Rio de Janeiro, por exemplo, observou-se uma impressionante redução de 89% nos casos de dengue, 60% de chikungunya e 37% de Zika. A expectativa é expandir essa tecnologia para 70 cidades até o final de 2026, com 13 delas recebendo a implementação ainda em 2025. Ademais, em julho deste ano, Curitiba (PR) inaugurou a maior biofábrica de Wolbachia do mundo, capaz de produzir 100 milhões de ovos por semana. Esta tecnologia consiste na criação de mosquitos infectados com a bactéria Wolbachia, que impede o desenvolvimento dos vírus dentro do Aedes aegypti, consequentemente bloqueando sua transmissão para humanos.

Além das inovações tecnológicas, houve a distribuição de 2,3 milhões de sais de reidratação oral, 1,3 milhão de testes laboratoriais para diagnóstico e 1,2 mil nebulizadores portáteis para bloqueio da transmissão. A provisão contínua de larvicidas e adulticidas também é um pilar da estratégia. Somente em 2025, foram instaladas 77,9 mil Estações Disseminadoras (EDLs) em 26 municípios, ampliando a cobertura das ações de controle e prevenção.

Medidas Preventivas Essenciais

A campanha do Ministério da Saúde enfatiza que pequenas atitudes diárias podem salvar vidas. Entre as recomendações cruciais, destacam-se: guardar garrafas, potes e vasos de cabeça para baixo; descartar corretamente garrafas PET e outras embalagens sem uso; colocar areia nos pratos de vasos de plantas; armazenar pneus em locais cobertos ou descartá-los em borracharias; amarrar bem os sacos de lixo; manter caixas d’água, tonéis e outros reservatórios de água limpos e devidamente fechados. Além disso, é importante não acumular sucata; limpar e secar as bandejas de ar-condicionado e geladeira; eliminar a água acumulada nos reservatórios de purificadores de água; manter a limpeza das piscinas em dia; esticar ao máximo as lonas usadas para cobrir objetos, evitando a formação de poças d’água; e, finalmente, permitir a entrada dos agentes de saúde nas residências para inspeções e orientações.

Em caso de sintomas como febre, dor de cabeça ou atrás dos olhos, dor nas articulações, náuseas ou manchas na pele, a orientação clara do ministério é procurar imediatamente uma Unidade Básica de Saúde. A automedicação, por sua vez, pode agravar o quadro clínico, reforçando a necessidade de acompanhamento profissional.

Ações no Estado do Rio de Janeiro

No estado do Rio de Janeiro, a Secretaria de Estado de Saúde (SES-RJ) também se antecipa às estações quentes para reduzir a circulação das arboviroses e, por conseguinte, a proliferação do mosquito. A mobilização, parte da campanha “Contra a Dengue Todo Dia”, ocorrerá neste sábado em todos os 92 municípios fluminenses. A SES-RJ realizará ações específicas em Armação dos Búzios, Resende e na capital fluminense, com um ponto de destaque na Quinta da Boa Vista, em São Cristóvão, a partir das 9h, para conscientizar a população sobre as medidas de contenção do Aedes aegypti. Ademais, duas unidades móveis da Secretaria darão suporte às ações no Médio Paraíba e na Região dos Lagos, onde serão distribuídos materiais educativos e apresentadas as fases de evolução do mosquito em microscópios. A SES-RJ ainda recomenda que os moradores realizem uma ronda semanal de dez minutos em suas residências para eliminar possíveis focos.

A secretária de Saúde do estado, Claudia Mello, reiterou que o combate à dengue é uma responsabilidade coletiva. Ela reforça a importância de evitar o acúmulo de água em latas, garrafas vazias, caixas d’água descobertas e pratos sob vasos de plantas. Conforme Mello, apenas dez minutos de dedicação por semana são suficientes para salvar vidas. Ela também assegura que a Secretaria mantém o monitoramento constante do cenário epidemiológico para garantir a segurança da população.

No início do mês, a SES-RJ reativou o Grupo de Trabalho de Controle das Arboviroses, que passará a realizar reuniões quinzenais para definir as ações de controle da dengue, chikungunya, febre do Oropouche e Zika. Este comitê também orientou uma nova rodada de capacitação para profissionais de saúde da rede estadual e dos municípios, e planeja ações em parceria com outros órgãos governamentais para mobilizar ainda mais a população.

Até o dia 4 de novembro de 2025, o estado do Rio de Janeiro havia registrado 29.315 casos prováveis de dengue neste ano, com 1.200 internações e 25 óbitos. Em contrapartida, no ano passado, o estado vivenciou uma epidemia, contabilizando 302.674 casos prováveis, 9.726 internações e 232 óbitos. Os maiores números de casos em 2024 foram registrados na cidade do Rio de Janeiro (111.114 casos), seguida por Volta Redonda (22.705 registros) e Campos dos Goytacazes (19.588 casos). Os dados atuais podem ser consultados no painel de arboviroses do Monitora RJ.

Esforços da Capital Carioca

No município do Rio de Janeiro, a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) também organiza seu Dia D de combate à dengue neste sábado, com diversas atividades de mobilização programadas para todas as regiões da cidade. A iniciativa inclui inspeções de vigilância ambiental para a prevenção e controle do Aedes aegypti, além da distribuição de material informativo e orientações aos cidadãos em unidades de saúde e logradouros públicos. As atividades se estenderão durante toda a manhã, com profissionais de saúde disponíveis para esclarecer dúvidas e guiar a população sobre os cuidados necessários.

O secretário municipal de Saúde, Daniel Soranz, destacou que o principal objetivo é engajar a população na prevenção das arboviroses, com foco primordial no combate ao Aedes aegypti. Ele reiterou que a maneira mais eficaz de prevenir essas doenças é impedir o nascimento do mosquito. Para isso, a parceria e o apoio da população são indispensáveis. O Dia D serve justamente para promover essa conscientização e assegurar o apoio popular crucial na batalha contra o vetor.

Vale ressaltar que os trabalhos de controle das arboviroses, tanto em áreas residenciais quanto em pontos estratégicos como cemitérios, borracharias, ferros-velhos, depósitos de sucata ou materiais de construção e garagens de ônibus, são realizados pela SMS durante todo o ano. Nos meses mais quentes e chuvosos, ocorrem ações de reforço, pois as condições climáticas favorecem a reprodução dos mosquitos.

Até o dia 1º de novembro deste ano, os agentes de vigilância ambiental em saúde efetuaram 10.291.786 visitas a imóveis para prevenção e controle do Aedes aegypti, tratando ou eliminando 1.424.953 recipientes que poderiam servir como criadouros. A população carioca, por sua vez, pode solicitar vistorias ou denunciar possíveis focos do mosquito através da Central 1746 de Atendimento ao Cidadão da prefeitura.