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Brasil e Índia Miram Parcerias Estratégicas em Fórum Econômico no Rio

Parceria Brasil Índia Comércio Bilateral

Foto: Michelle Fioravanti/CNI

Brasil e Índia estreitam laços econômicos em busca de parcerias estratégicas durante fórum realizado no Rio de Janeiro. O evento, que ocorreu paralelamente à Reunião de Cúpula do Brics, reuniu importantes figuras dos setores empresarial e governamental de ambos os países para discutir e impulsionar o comércio bilateral. A iniciativa visa explorar novas oportunidades de investimento e colaboração em áreas consideradas chave para o desenvolvimento de ambas as nações.

Fórum Econômico Brasil-Índia Impulsiona Integração Comercial

O Fórum Econômico Brasil-Índia, sediado no Museu do Amanhã, no Rio de Janeiro, serviu como palco para debates cruciais sobre a expansão das relações comerciais entre os dois países. Originalmente, o evento contaria com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que, entretanto, precisou cancelar sua participação devido a compromissos em Brasília, onde receberá o primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, no Palácio do Planalto. Apesar da ausência, o fórum manteve seu objetivo de fortalecer os laços econômicos e identificar áreas de interesse mútuo.

A escolha do Brasil como sede do evento reflete a crescente importância do país no cenário internacional, especialmente no contexto do Brics, grupo que a Índia presidirá no próximo ano. Durante o encontro, foram identificadas 385 oportunidades para produtos brasileiros no mercado indiano, abrangendo setores como combustíveis minerais, máquinas e equipamentos de transporte, artigos manufaturados, produtos químicos, além de óleos animais e vegetais. Tais oportunidades sinalizam um potencial significativo para o aumento das exportações brasileiras e para o fortalecimento da balança comercial entre os dois países.

Parceria Estratégica para o Desenvolvimento Econômico

A promoção do Fórum Econômico Brasil-Índia foi uma iniciativa conjunta da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil), do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) e do Ministério das Relações Exteriores (MRE). Além disso, a Confederação Nacional da Indústria (CNI), a Câmara de Comércio Índia-Brasil (CCIB) e a Federação das Câmaras de Comércio e Indústria da Índia (FICCI) também desempenharam papéis importantes na organização do evento. Essa colaboração demonstra o engajamento de diversos setores na busca por uma agenda bilateral ambiciosa e mutuamente benéfica.

Brasil e Índia: Potenciais Complementares

Jorge Viana, presidente da ApexBrasil, ressaltou o crescente interesse de investidores estrangeiros no Brasil, ao mesmo tempo em que destacou as oportunidades oferecidas pelo mercado indiano, cuja população ultrapassou a da China em 2023. Viana enfatizou que a relação entre Brasil e Índia é estratégica, uma vez que não há conflitos e ambos os países possuem dimensões territoriais e populacionais significativas. Ele ainda apontou que o comércio bilateral, atualmente em torno de R$ 12 bilhões, é pequeno se comparado ao potencial existente, especialmente devido à concentração em poucos produtos. Assim, há um vasto espaço para crescimento em ambas as direções.

Ricardo Alban, presidente da CNI, complementou a visão de Viana, destacando a complementaridade das economias brasileira e indiana. Alban mencionou áreas de interesse comum, como a cana-de-açúcar, o açúcar e o etanol, sugerindo que Brasil e Índia podem se tornar protagonistas no fornecimento de combustível sustentável de aviação para o mundo. Para Alban, a busca por complementariedade, em vez de competição, é fundamental para o sucesso das relações bilaterais e multilaterais.

Conselho Empresarial Brasil-Índia e Perspectivas Futuras

Durante o Fórum Econômico, a CNI e a Federação das Câmaras de Comércio e Indústria Indianas anunciaram a criação do Conselho Empresarial Brasil-Índia. A entidade terá como missão central promover o diálogo entre empresários e governos, bem como formular propostas conjuntas que melhorem o ambiente de negócios e incentivem o comércio e os investimentos bilaterais. A iniciativa representa um passo importante para a institucionalização das relações econômicas e para a criação de um ambiente favorável ao crescimento mútuo.

Márcio Elias Rosa, secretário-executivo do MDIC, ressaltou que Brasil e Índia podem colaborar na busca por um novo modelo de desenvolvimento, que priorize a sustentabilidade, a economia verde, a economia digital e a inclusão social. Segundo Rosa, o Brasil possui um vasto mercado interno, um parque industrial resiliente e uma diplomacia econômica ativa, demonstrando disposição e compromisso com uma política externa que gere oportunidades, integração e justiça social. O secretário ainda sugeriu que os dois países podem intensificar as parcerias em segmentos como máquinas e equipamentos, fertilizantes, biofármacos, economia digital, economia circular e transição energética.

Multilateralismo e Desenvolvimento Sustentável como Pilares

Laudemar Aguiar, secretário de Promoção Comercial, Ciência, Tecnologia, Inovação e Cultura do MRE, enfatizou que o fórum busca consolidar uma agenda bilateral autônoma, que considere o peso político do Brasil e da Índia, com foco no multilateralismo e no desenvolvimento sustentável. Aguiar destacou que, em um cenário de mudanças geopolíticas e econômicas aceleradas, é essencial fortalecer os laços entre duas democracias vibrantes do Sul Global, que compartilham aspirações por desenvolvimento com justiça social, maior protagonismo nas instâncias internacionais e inserção soberana nas cadeias globais de valor. Para ele, a cooperação entre os países é estratégica e necessária para a construção de uma ordem internacional mais equitativa, inclusiva e sustentável.

Dados Econômicos e Perspectivas de Crescimento

Apesar de ser a quinta maior economia do mundo, a Índia ocupou apenas a 13ª posição como destino das exportações brasileiras em 2024. Contudo, no mesmo período, o país asiático foi a sexta maior origem das importações brasileiras. O principal produto exportado pelo Brasil para a Índia foi o açúcar, mesmo com a tarifa de 100% imposta pelo mercado indiano devido à alta competitividade internacional do produto brasileiro. Em relação às importações, o Brasil comprou principalmente compostos organo-inorgânicos e medicamentos, refletindo a prevalência da Índia na indústria farmacêutica.

Em relação aos investimentos diretos, que geram empregos, a Índia investiu US$ 2,93 bilhões no mercado brasileiro em 2023, ocupando a 28ª posição no ranking de investimentos estrangeiros no Brasil. No mesmo ano, o estoque de investimentos brasileiros na Índia somou apenas US$ 41,21 milhões, colocando o Brasil na 63ª posição. Esses números indicam que há um vasto potencial para o aumento dos investimentos bilaterais e para o fortalecimento das relações econômicas entre os dois países.

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