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Bolsonaro pede adiamento de depoimentos em caso de golpe

**Bolsonaro pede adiamento de depoimentos em caso de golpe no STF.** A defesa do ex-presidente alega falta de acesso a provas para preparar a defesa contra acusações de trama golpista para impedir a posse de Lula, com audiências previstas para começar na próxima semana.
Adiamento depoimentos Bolsonaro STF
Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil/Arquivo

A defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro impetrou, na última terça-feira (13), um pedido formal ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), solicitando o adiamento das audiências de testemunhas no processo que investiga uma suposta trama golpista para impedir a posse de Luiz Inácio Lula da Silva.

Pedido de Adiamento no STF

O pedido de suspensão das audiências, inicialmente previstas para começar na segunda-feira (19), justifica-se pela alegada falta de acesso integral às provas do processo. Segundo os advogados de Bolsonaro, apesar da ordem do ministro Moraes para que a Polícia Federal (PF) disponibilize todo o material investigatório, a defesa ainda não recebeu todos os documentos necessários para a construção de uma defesa robusta. Consequentemente, a equipe jurídica argumenta necessitar de mais tempo para analisar o volumoso material.

A estratégia da defesa se baseia na impossibilidade de uma preparação adequada sem o conhecimento completo do acervo probatório. Em suas alegações, os advogados afirmam que iniciar a instrução processual sem acesso a todas as provas inviabiliza a apresentação de argumentos e contrapontos eficazes. Em outras palavras, a defesa argumenta que o julgamento justo só pode acontecer com o acesso total às provas.

Cronograma de Depoimentos e Implicações

Inicialmente, estavam previstos para depor na próxima segunda-feira (19), o ex-comandante do Exército, Freire Gomes, e o ex-comandante da Aeronáutica, Batista Júnior. Entretanto, com o pedido de adiamento, essas datas estão sujeitas a alteração. Além disso, os principais depoimentos, incluindo os de Tarcísio de Freitas (governador de São Paulo), Valdemar Costa Neto (presidente do PL) e Eduardo Pazuello (deputado federal e ex-ministro da Saúde), todos indicados por Bolsonaro, estavam marcados para o dia 30 do mesmo mês. A suspensão das audiências impacta diretamente esse cronograma.

Vale ressaltar que a defesa de Bolsonaro argumenta que, sem o acesso pleno às provas, não poderá elaborar uma defesa eficaz, e o processo corre o risco de se concluir sem a devida análise de todos os elementos relevantes. Isso, segundo os advogados, compromete o princípio da ampla defesa e do contraditório, pilares do sistema judicial brasileiro.

Contexto do Processo e Denúncias

Em março deste ano, Bolsonaro e outros sete indivíduos foram considerados réus no STF, acusados de envolvimento em uma trama golpista. A denúncia descreve crimes graves, como organização criminosa armada, tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado pela violência e grave ameaça, além de deterioração de patrimônio tombado. Portanto, o adiamento das audiências representa uma etapa crucial deste processo de grande repercussão nacional.

O pedido de adiamento, portanto, coloca em xeque o andamento do processo e suscita debates sobre a necessidade de equilibrar a celeridade judicial com o direito à ampla defesa. A decisão final do ministro Alexandre de Moraes sobre o pedido da defesa de Bolsonaro definirá o rumo das investigações e o cronograma dos próximos passos judiciais. A expectativa é que a decisão seja tomada nos próximos dias, impactando diretamente a sequência das investigações e os prazos para o desfecho do processo.

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Enquanto o caso Bolsonaro segue em desenvolvimento, outros processos de grande relevância estão em andamento no STF e em outras instâncias do Poder Judiciário. Entre os casos, destaca-se o pedido de Cármen Lúcia para que eleitores regularizem seus títulos eleitorais até 19 de maio. Além disso, a Procuradoria Geral da República (PGR) pede a condenação dos acusados pelo assassinato de Marielle Franco, e o Ministério Público (MP) pede a condenação de sete acusados pelo incêndio no Ninho do Urubu.