Edição Brasília

Bolsonaro deixa prisão domiciliar pela 1ª vez para exames médicos

Pela primeira vez desde o início da prisão domiciliar, Jair Bolsonaro deixou hoje (16) sua casa em Brasília para exames médicos, com aval de Moraes.
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Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil

O ex-presidente da República, Jair Bolsonaro, deixou sua residência em Brasília nesta sexta-feira (16) para realizar exames médicos, marcando sua primeira saída da prisão domiciliar imposta em 4 de agosto. A autorização para o deslocamento foi concedida pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), permitindo que Bolsonaro se dirigisse a um hospital particular na capital federal.

Saída Monitorada para Procedimentos Médicos

Bolsonaro chegou ao Hospital DF Star por volta das 9h e, segundo informações iniciais, permanecia no local até as 11h30 da manhã. Ao deferir o pedido dos advogados do ex-presidente, o ministro Alexandre de Moraes estabeleceu condições claras para a saída: o retorno ao condomínio no Lago Sul deveria ocorrer em, no máximo, oito horas. Além disso, a defesa foi incumbida de apresentar, em até 48 horas, um atestado de comparecimento detalhando os procedimentos clínicos realizados.

Os exames previstos para o ex-presidente incluíam uma série de investigações, como análises de sangue e urina, endoscopia, tomografia computadorizada, ultrassonografia e ecocardiograma. Conforme a defesa, esses procedimentos tornaram-se necessários devido a um quadro recente de refluxo e soluços persistentes, que têm afetado a saúde de Bolsonaro nos últimos dias.

Histórico de Saúde e Acompanhamento Constante

A necessidade de acompanhamento médico periódico não é recente para o ex-presidente. Desde o atentado sofrido em 2018, quando foi alvo de uma facada na região abdominal, Bolsonaro tem enfrentado consequências das cirurgias realizadas para tratar as graves lesões nos intestinos delgado e grosso. Dessa forma, os exames são parte de um protocolo contínuo de vigilância de sua condição pós-operatória.

Enquanto esteve fora de casa, Bolsonaro permaneceu sob monitoramento. A tornozeleira eletrônica, equipamento de vigilância utilizado durante a prisão domiciliar, continuou ativa. Adicionalmente, o ministro Moraes determinou que a Secretaria de Administração Penitenciária (Seap-DF) fosse responsável por acompanhar todo o trajeto do ex-presidente, assegurando a supervisão do deslocamento e do equipamento eletrônico.

O Contexto da Prisão Domiciliar e Redes Sociais

A imposição da prisão domiciliar a Jair Bolsonaro, efetivada em 4 de agosto, decorreu de uma decisão do ministro Alexandre de Moraes. O entendimento foi de que o ex-presidente teria tentado burlar uma proibição anterior de uso de redes sociais, utilizando para isso as plataformas digitais de seus filhos — Eduardo, Flávio e Carlos Bolsonaro. Moraes considerou que essa ação configurava uma tentativa de contornar a restrição, inclusive por intermédio de terceiros.

Nesse sentido, as medidas cautelares aplicadas a Bolsonaro estão inseridas em um inquérito mais amplo. Por exemplo, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), filho do ex-presidente, é investigado por suposta atuação em conjunto com o ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, visando promover ações de retaliação contra o governo brasileiro e membros do Supremo Tribunal Federal. Em março deste ano, Eduardo solicitou licença de seu mandato parlamentar e se mudou para os Estados Unidos, alegando suposta perseguição política.

Outras Acusações e Julgamentos Futuros

No âmbito desse mesmo processo, o ex-presidente também é investigado por supostamente ter enviado recursos financeiros, via PIX, para custear a estadia de seu filho no exterior. Ademais, Jair Bolsonaro é réu em outra ação penal, relacionada à trama golpista. O julgamento deste caso específico no Supremo Tribunal Federal já está agendado para o dia 2 de setembro, evidenciando a complexidade do cenário jurídico envolvendo o ex-chefe de Estado.

Até o momento da redação desta matéria, a equipe de reportagem não obteve contato com a assessoria de comunicação do ex-presidente para comentários adicionais sobre os eventos.

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