O mercado financeiro brasileiro vivenciou um dia de grande volatilidade nesta sexta-feira (18), com o Ibovespa registrando sua menor cotação em três meses e o dólar disparando. Essa turbulência foi predominantemente impulsionada pela crescente apreensão de investidores diante das possíveis retaliações econômicas por parte do ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, direcionadas ao Brasil. Vale ressaltar que essa movimentação ocorreu em um dia significativo para a política interna, com o Supremo Tribunal Federal (STF) tomando medidas contra o ex-presidente Jair Bolsonaro, um fator que, segundo analistas, contribui para a tensão no cenário das relações internacionais.
Desempenho da Bolsa e do Dólar
Em particular, o índice Ibovespa, principal indicador da Bolsa de Valores de São Paulo (B3), encerrou as negociações da sexta-feira (18) em 133.382 pontos, assinalando uma queda de 1,61%. Esse patamar representa o menor valor registrado pela bolsa desde 23 de abril. Adicionalmente, o indicador concluiu a semana com um recuo acumulado de 2,06%, refletindo a pressão de baixa que marcou os últimos dias.
Ainda assim, apesar da queda recente, o Ibovespa acumulou uma desvalorização de 3,94% no mês de julho até o momento. Por outro lado, o desempenho anual do índice permanece positivo, com uma valorização de 10,89% em 2025, demonstrando uma recuperação significativa ao longo do ano.
No que concerne ao mercado de câmbio, o cenário foi igualmente tenso. O dólar comercial encerrou a sessão de sexta-feira (18) cotado a R$ 5,587 na venda, apresentando uma valorização de R$ 0,041, o que corresponde a um aumento de 0,73%. Durante a manhã, por volta das 11h, a divisa chegou a registrar uma leve queda, atingindo R$ 5,52. Entretanto, ao longo da tarde, a cotação inverteu a tendência, escalando até R$ 5,59 por volta das 15h45, antes de estabilizar um pouco nos momentos finais do pregão.
Consequentemente, a moeda norte-americana alcançou seu valor mais elevado desde 4 de junho. A divisa acumulou uma alta de 0,72% na semana e de 2,82% em julho. Em contraste com o Ibovespa, o dólar exibe uma desvalorização de 9,59% no acumulado de 2025.
Influência das Ameaças de Donald Trump
Apesar de uma tendência geral de queda do dólar frente a outras moedas globais, a moeda brasileira sofreu desvalorização específica devido ao receio de que o governo de Donald Trump intensifique suas medidas retaliatórias contra o Brasil. Na semana anterior, o presidente estadunidense já havia anunciado a imposição de uma tarifa de 50% sobre todas as exportações brasileiras para os Estados Unidos. Essa medida foi justificada por Trump sob a alegação de supostas práticas comerciais “desleais” por parte do Brasil, bem como de uma percepção de perseguição política contra o ex-presidente Jair Bolsonaro.
Ademais, a tensão foi elevada com as recentes declarações de Trump. Na quinta-feira (17), ele divulgou uma nova carta expressando apoio a Bolsonaro, na qual descreveu o tratamento recebido pelo ex-presidente como “terrível”, atribuindo-o a um “sistema injusto”. Subsequentemente, na própria sexta-feira, o presidente dos EUA voltou a criticar o bloco Brics, reafirmando suas ameaças de aplicar uma taxação de 10% sobre os produtos originários dos países membros do grupo, conforme noticiado por agências internacionais de notícias como a Reuters.