O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) anunciaram uma parceria estratégica que destinará R$ 56 milhões em investimentos não reembolsáveis. Este significativo aporte financeiro visa impulsionar a digitalização de até 100 micro, pequenas e médias indústrias (MPMEs) brasileiras, por meio da implementação de avançadas tecnologias da Indústria 4.0. A iniciativa representa um passo crucial para modernizar o parque industrial do país e fortalecer sua competitividade no cenário global.
Impulsionando a Inovação nas MPMEs Brasileiras
Empresas que desenvolvem soluções inovadoras no campo da Indústria 4.0 serão as beneficiárias diretas deste programa. O objetivo principal é capacitá-las a criar e implementar ferramentas digitais que elevem a produtividade e a eficiência das MPMEs. Tais recursos, provenientes da colaboração entre o BNDES e o Senai, não constituem um empréstimo; pelo contrário, são fundos não reembolsáveis, projetados para fomentar o desenvolvimento tecnológico sem onerar as empresas com dívidas futuras.
Para as indústrias interessadas em participar e receber este incentivo, é fundamental que se inscrevam em uma concorrência pública. O prazo final para submissão das propostas é 12 de setembro. As inscrições devem ser realizadas através da plataforma oficial do Senai, disponível no seguinte endereço: https://www.portaldaindustria.com.br/canais/plataforma-inovacao-para-industria/categoria/smart-factory-bndes-senai/. Serão selecionadas até 100 propostas, com a exigência de que os projetos aprovados sejam testados em ambientes reais de produção, envolvendo um mínimo de 12 MPMEs.
Compreendendo a Indústria 4.0
A Indústria 4.0, frequentemente denominada Quarta Revolução Industrial, representa uma transformação digital abrangente no setor manufatureiro. Ela se baseia na integração de tecnologias avançadas para criar fábricas mais inteligentes, conectadas e autônomas, otimizando processos e elevando a produtividade. Dessa forma, as operações industriais se tornam mais eficientes e adaptáveis às demandas do mercado contemporâneo. Entre as principais tecnologias que caracterizam este conceito, destacam-se:
- Inteligência Artificial (IA)
- Internet das Coisas (IoT)
- Big Data (análise de grandes volumes de dados)
- Computação na nuvem
- Robôs autônomos e colaborativos
- Cibersegurança
- Realidade virtual e aumentada
- Veículos automaticamente guiados (AGV)
- Comunicação entre máquinas (M2M)
A incorporação dessas inovações permite que as empresas respondam de forma mais ágil às mudanças, personalizem produtos e serviços em larga escala e reduzam custos operacionais, consequentemente fortalecendo sua posição no mercado.
Visão Estratégica para a Competitividade Nacional
Os líderes das instituições envolvidas enfatizam a relevância desta iniciativa para o desenvolvimento industrial brasileiro. De acordo com Gustavo Leal, diretor-geral do Senai, esta parceria configura-se como uma das principais estratégias nacionais para “acelerar a digitalização das indústrias brasileiras”. Ele ressalta a importância de integrar novas tecnologias para garantir que as empresas do país permaneçam competitivas em um cenário global em constante evolução. Por sua vez, José Luis Gordon, diretor de Desenvolvimento Produtivo, Inovação e Comércio Exterior do BNDES, qualifica o investimento como “fundamental para a competitividade da indústria nacional”. Assim sendo, o programa não apenas apoia as MPMEs individualmente, mas também contribui para a robustez econômica do Brasil.
O Programa Brasil Mais Produtivo e Seus Parceiros
Os recursos agora liberados são parte integrante do programa federal “Brasil Mais Produtivo”, uma iniciativa governamental concebida para promover o avanço da produtividade e da competitividade das MPMEs. Este programa é coordenado pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic) e, além disso, conta com a execução conjunta de uma ampla rede de parceiros. Entre as instituições colaboradoras, destacam-se o Senai, o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), a Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), a Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Embrapii), a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), e, obviamente, o BNDES, que é vinculado ao Mdic.
É relevante notar que o Senai e o Sebrae, importantes atores nesta parceria, fazem parte do Sistema S. O Sistema S, por sua vez, é um conjunto de instituições de ensino profissionalizante e de apoio a setores específicos da economia, financiado por contribuições que incidem sobre a folha de pagamento das empresas brasileiras, conforme explica um artigo anterior sobre o tema: Sistema S. Dessa forma, a colaboração demonstra um esforço conjunto entre entidades públicas e privadas para impulsionar a inovação e o crescimento econômico no país.