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BC aprova R$ 840 milhões para Banco Master e Will Bank após negar compra do BRB

O Banco Central aprovou nesta segunda (13) um aporte de R$ 840 milhões para o Banco Master e Will Bank, um mês após negar a compra do Master pelo BRB.
Aporte Banco Master Will Bank
Foto: Rafa Neddermeyer/Agência Brasil

O Banco Central (BC) concedeu, nesta segunda-feira (13), um significativo aporte de R$ 840 milhões para o Banco Master e para a Will Bank, sua vertente digital. Esta autorização surge aproximadamente um mês após a mesma autoridade monetária ter vetado a aquisição de parte do Banco Master pelo Banco de Brasília (BRB), em um cenário de intensas revisões regulatórias no setor financeiro nacional.

Detalhes da Capitalização Aprovada

O BC detalhou que o Banco Master Múltiplo receberá uma injeção de capital de R$ 420 milhões. Paralelamente, a Will Financeira, conhecida como Will Bank e operando como braço digital do grupo, obteve permissão para um aporte de R$ 419 milhões.

Com essas novas contribuições, o capital social do Banco Master Múltiplo se eleva para R$ 1,586 bilhão, enquanto o da Will Financeira atinge R$ 789 milhões, fortalecendo significativamente suas bases financeiras.

O Veto Anterior e Suas Implicações

A aprovação desta capitalização acontece logo depois que o Banco Central, no início de setembro, recusou a proposta do BRB para assumir o controle do Banco Master. Essa transação, avaliada em R$ 2 bilhões, pretendia que o banco público do Distrito Federal adquirisse 49% das ações ordinárias e a totalidade das preferenciais, conferindo-lhe 58% do capital total do Master.

Entretanto, a negociação foi barrada após uma análise regulatória aprofundada e, ainda mais importante, devido à contestação do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT), que havia apontado irregularidades processuais e solicitado a suspensão do acordo.

As Controvérsias do Modelo de Negócios

O desfecho da aquisição pelo BRB marcou uma das negociações mais debatidas no setor financeiro ao longo de 2025. O Banco Master vinha enfrentando desconfianças no mercado devido à sua estratégia de captação de recursos, que era considerada agressiva. Em muitos casos, o banco oferecia rendimentos expressivamente superiores à média, chegando a 140% do Certificado de Depósito Interbancário (CDI), com lastro em ativos de risco, como os precatórios – que representam dívidas governamentais com sentença judicial definitiva.

Consequentemente, esse modelo de negócios provocou a abertura de investigações tanto pelo MPDFT quanto pelo Ministério Público Federal (MPF). Além disso, o Conselho Monetário Nacional (CMN) implementou medidas mais rigorosas para o setor. Por exemplo, em maio, o Tribunal de Justiça do Distrito Federal chegou a suspender a compra pelo BRB, embora essa liminar tenha sido cassada poucos dias depois, demonstrando a complexidade jurídica do caso.

Mudanças Regulatórias e Reforço Patrimonial

Diante desse cenário, o CMN estabeleceu novas regras para o Fundo Garantidor de Créditos (FGC) em agosto, visando apertar as condições de mercado. Essas normativas impuseram limites mais estritos de alavancagem, ou seja, investimentos realizados com recursos emprestados, e aumentaram as contribuições exigidas de bancos com perfis de risco mais elevado.

As alterações, que entrarão em vigor em junho de 2026, foram justificadas pelo Banco Central como um esforço essencial para mitigar o que se denomina “risco moral”. Este termo descreve a situação em que instituições financeiras assumem riscos excessivos, contando com a proteção do FGC para eventuais perdas.

Apesar das adversidades e das restrições impostas à aquisição pelo BRB, o grupo Master manteve seu plano de fortalecimento patrimonial. Com os dois aumentos de capital anteriores, cada um de R$ 1 bilhão, somados ao aporte recente, o montante total injetado em 2025 atinge R$ 2,84 bilhões.

O Will Bank, por sua vez, continua listado como um ativo à venda, e a recente aprovação do BC é interpretada como uma tentativa de estabilizar as finanças do conglomerado e preservar sua liquidez, após meses de intensa pressão regulatória e especulações sobre sua solvência.

Em conclusão, apesar das restrições que impediram a compra pelo BRB, a decisão atual do Banco Central sinaliza a possibilidade de o grupo Master continuar suas operações. No entanto, essa continuidade estará condicionada a um reforço contínuo de seu capital próprio e à observância de regras prudenciais ainda mais rígidas, reafirmando o compromisso do regulador com a estabilidade e segurança do sistema financeiro.