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Azul e Gol iniciam negociações para fusão no mercado aéreo brasileiro

Memorando estabelece passos iniciais para criação de uma nova gigante do setor, que pode concentrar 60% do mercado nacional
Aviões no Aeroporto
Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Azul e Gol Assinam Acordo para Avaliar Fusão

Nesta quarta-feira, 15 de janeiro, as companhias aéreas Azul e Gol anunciaram a assinatura de um memorando de entendimento para iniciar conversas sobre uma possível fusão. Caso o acordo se concretize, a nova empresa poderá controlar 60% do mercado aéreo brasileiro.

O memorando estabelece que as negociações avançarão após a recuperação judicial da Gol nos Estados Unidos, prevista para ser concluída em abril deste ano. A aprovação final dependerá de órgãos reguladores como o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) e a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), com expectativa de conclusão até 2026.

Estrutura da Nova Companhia

Segundo o memorando, a nova empresa será estruturada como uma “corporation”, ou seja, uma companhia sem controlador definido, embora a holding Abra, que controla a Gol e a Avianca, seja a maior acionista. A governança será compartilhada, com três conselheiros indicados pela Abra, três pela Azul e três independentes.

O cargo de presidente do conselho (chairman) será indicado pela Abra, enquanto o diretor-executivo (CEO) ficará a cargo da Azul. Assim, John Rodgerson, atual CEO da Azul, deve assumir a liderança do grupo após a aprovação dos reguladores.

Marcas e Operações Permanecem Independentes

Apesar da fusão, as marcas Azul e Gol continuarão existindo de forma independente. No entanto, as companhias poderão compartilhar aeronaves e integrar rotas, aumentando a conectividade entre grandes centros urbanos e destinos regionais.

Nenhum novo investimento financeiro será necessário para a fusão. A operação utilizará os ativos já disponíveis de ambas as empresas. A Azul manterá sua estratégia de adquirir aviões da Embraer e expandir voos internacionais, enquanto a Gol focará na conclusão de sua reestruturação financeira.

Condições para a Fusão

Uma das condições estabelecidas para a fusão é que a alavancagem das empresas combinadas não ultrapasse o nível alcançado pela Gol ao final de sua recuperação judicial. No terceiro trimestre de 2024, a Gol reportou uma alavancagem de 5,5 vezes, mas espera reduzir esse índice para 4,5 vezes até abril de 2025.

Se os parâmetros financeiros não forem cumpridos, o acordo poderá ser inviabilizado.

Impactos no Mercado Aéreo

A possível fusão entre Azul e Gol marca um momento histórico para o setor aéreo nacional. A união tem potencial para criar uma nova gigante brasileira, aumentando a competitividade em rotas internacionais e conectando mais cidades no país.

Especialistas apontam que o compartilhamento de operações pode beneficiar passageiros, com maior oferta de voos e integração de malhas. Por outro lado, órgãos reguladores estarão atentos para evitar práticas que possam prejudicar a concorrência no setor.