Nos primeiros seis meses de 2024, a Argentina experimentou uma dura realidade econômica, com a taxa de pobreza atingindo 52% da população, reflexo das políticas de austeridade implementadas pelo presidente Javier Milei. O plano do governo visa combater o histórico endividamento do país, mas a recessão profunda gerada pelas medidas afetou severamente o cotidiano dos argentinos.
Medidas de Austeridade e Suas Consequências
Desde que assumiu o cargo em dezembro de 2023, Milei impôs cortes expressivos nos gastos públicos e reduziu subsídios, tentando estabilizar a economia. Essas políticas, embora vistas com bons olhos por investidores, empurraram muitas famílias para a pobreza, com o desemprego e a falta de recursos atingindo níveis preocupantes.
Dados divulgados pela Universidade Católica da Argentina (UCA) mostraram que a pobreza no primeiro trimestre do ano chegou a 55,5%, caindo ligeiramente para 49,4% no segundo trimestre. No entanto, a média de 52% para o semestre marca um aumento acentuado em relação aos 41,7% registrados no segundo semestre de 2023.
Impacto na População Vulnerável
A população mais afetada por essa crise inclui moradores das periferias de Buenos Aires, como Irma Casal, uma recicladora de 53 anos que trabalha em três turnos. Casal, que vive com seus 14 filhos e 42 netos, descreve a atual situação econômica como desesperadora, afirmando que “os empregos desapareceram” e as famílias precisam trabalhar mais para ganhar menos.
A crise se reflete não apenas na falta de trabalho, mas também no fechamento de refeitórios populares, que serviam de apoio alimentar para milhares de argentinos. A redução de programas sociais e subsídios governamentais gerou uma pressão adicional sobre as famílias de baixa renda, especialmente em áreas urbanas.
Sinais de Recuperação
Apesar do cenário desafiador, economistas e especialistas começam a identificar sinais de melhora. Agustín Salvia, diretor do Observatório da UCA, observou que o impacto das políticas de Milei foi mais severo no início do ano, mas a situação começou a se estabilizar a partir do segundo trimestre. O governo, por sua vez, aumentou o alcance de programas como o Subsídio Universal para Crianças e o Cartão Alimentação, que têm ajudado a sustentar muitas famílias durante a recessão.
Essas medidas de apoio social, segundo a Secretaria da Infância, Adolescência e Família, foram essenciais para aliviar o peso da crise econômica sobre os mais vulneráveis. Com isso, espera-se que a recuperação continue nos próximos meses, embora a taxa de pobreza ainda se mantenha em níveis historicamente elevados.
O Futuro da Economia Argentina
A gestão de Milei enfrenta o desafio de equilibrar as finanças do país sem causar mais danos à população. Embora os cortes tenham sido elogiados pelo mercado financeiro, a recuperação econômica terá que ser conduzida com cautela, priorizando o bem-estar dos argentinos mais afetados pela crise. Com a previsão de recuperação gradual, o governo tem a oportunidade de reavaliar suas políticas e criar um ambiente econômico mais inclusivo.
Nos próximos meses, a expectativa é que a economia argentina comece a mostrar sinais de uma recuperação mais sólida, aliviando gradualmente o fardo imposto pelas medidas de austeridade.