Edição Brasília

Assassinato de delator expõe esquema de corrupção envolvendo policiais e membros do PCC

Crime no Aeroporto de Guarulhos revela motivações ligadas a delação e esquema milionário de lavagem de dinheiro
Carro da Polícia Militar de São Paulo
Foto: Paulo Pinto/Agência Brasil

O assassinato de Vinícius Lopes Gritzbach, delator e ex-integrante de esquemas criminosos, trouxe à tona graves denúncias de corrupção envolvendo policiais e membros do Primeiro Comando da Capital (PCC). Ele foi morto com tiros de fuzil no Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos, em novembro de 2024, após delatar operações ilícitas e expor um esquema milionário de lavagem de dinheiro.

Motivação do crime e detalhes da delação

De acordo com a delegada Ivalda Aleixo, diretora do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), a motivação principal para o crime foi a delação realizada por Gritzbach em março de 2024. “Ele expôs todo um esquema de corrupção envolvendo policiais e líderes do PCC, incluindo detalhes sobre lavagem de dinheiro. Além disso, aplicou golpes financeiros em membros da facção, o que agravou a situação”, explicou a delegada.

O conteúdo completo da delação permanece sob sigilo, mas informações preliminares revelam que Gritzbach denunciou policiais civis por extorsão e descreveu o funcionamento de operações financeiras ilícitas conduzidas pelo PCC. O delator foi ouvido pela Corregedoria da Polícia dias antes de ser morto, o que reforça a ligação entre os depoimentos e o crime.

Prisão de suspeito e esquema de corrupção

Na última quinta-feira (16), a Corregedoria da Polícia Militar prendeu um policial militar suspeito de ser o autor dos disparos que executaram Gritzbach. Conforme informações divulgadas pela Secretaria de Segurança Pública, militares da ativa, da reserva e ex-integrantes da corporação atuavam para favorecer membros do PCC, evitando prisões e oferecendo escoltas clandestinas.

O crime, descrito pela polícia como um “crime de mando”, envolveu altos valores financeiros. Segundo a delegada Ivalda Aleixo, houve uma negociação de pagamentos para garantir a execução de Gritzbach. “A ousadia e o planejamento indicam que esse crime foi orquestrado com base em um grande esquema financeiro. Pessoas se recusaram a participar, até que o serviço chegou a um policial militar, que foi detido”, afirmou.

Lavagem de dinheiro e golpe em criptomoedas

Além das denúncias contra o PCC e policiais, Gritzbach teria aplicado golpes financeiros utilizando criptomoedas. Ele prometia investimentos e retornos financeiros, mas não entregava os valores prometidos. A delegada destacou que, mesmo após a sua morte, a viúva não encontrou dinheiro em espécie, apenas bens que precisam ser liquidados para quitar dívidas.

Um caso que revela a complexidade do crime organizado

O assassinato de Vinícius Lopes Gritzbach expõe a complexidade das relações entre o crime organizado e agentes públicos. Ao delatar o esquema, Gritzbach revelou como policiais e membros do PCC trabalhavam juntos para evitar prisões, movimentar dinheiro de forma ilegal e proteger lideranças criminosas.

O caso segue em investigação, mas já evidencia a necessidade de uma atuação mais rigorosa contra a corrupção dentro das instituições de segurança pública.