Edição Brasília

Arlene Clemesha: sionismo é colonialismo e a exigência de parar genocídio

Arlene Clemesha, historiadora e especialista, analisa no DR com Demori o conflito em Gaza, definindo sionismo como colonialismo e exigindo o fim do genocídio.
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Foto: Paulo Pinto/Agência Brasil

A renomada historiadora Arlene Clemesha, especialista nas questões judaicas e na história da Palestina moderna, trouxe uma análise aprofundada sobre o conflito na Faixa de Gaza durante sua participação no programa “DR com Demori”. Na ocasião, a acadêmica descreveu o sionismo como um projeto colonialista e fez um apelo veemente pelo fim do genocídio na região. Sua entrevista, transmitida originalmente naquela terça-feira, 7 de outubro, às 23h, pela TV Brasil, ofereceu perspectivas cruciais sobre a complexa dinâmica do Oriente Médio.

Perspectivas da Especialista: O Conflito em Gaza e a Questão Palestina

Durante sua aparição no “DR com Demori”, Arlene Clemesha discorreu sobre a situação crítica em Gaza. Ela destacou a persistente carência de conhecimento público acerca do território palestino, um fator que, segundo a historiadora, complica a compreensão do conflito. Além disso, Clemesha enfatizou a distinção fundamental entre antissemitismo e antissionismo, conceitos frequentemente confundidos no debate público. Conforme sua explanação, a falha em diferenciar esses termos contribui para narrativas distorcidas e impede discussões construtivas.

Considerada uma das mais importantes pesquisadoras brasileiras sobre o tema, com diversas obras publicadas, Clemesha possui um vasto repertório para abordar as complexidades históricas e políticas. Ela traçou um panorama do antissemitismo ao longo das décadas, demonstrando suas múltiplas manifestações históricas. Por exemplo, no início do século XX, o preconceito era direcionado também à esquerda, erroneamente classificada como “totalmente judaica” e acusada de buscar dominar o mundo através do comunismo. Portanto, essa forma de ódio sempre se revelou instrumental para o poder em diferentes contextos históricos.

Distinguindo Antissemitismo e a Doutrina Sionista

Arlene Clemesha definiu o antissemitismo como “um ódio infundado, sem base na realidade”, mas ressaltou que, na contemporaneidade, ele assume um caráter racial, configurando-se como uma forma de racismo. Entretanto, a historiadora fez questão de separar este fenômeno da crítica ao sionismo. Nesse sentido, ela analisou o movimento sionista como uma doutrina político-ideológica que integra nacionalismo e colonialismo.

De acordo com sua perspectiva, o sionismo representa “um projeto colonialista que implicou na expulsão do povo palestino de sua terra”. Essa interpretação é central para a compreensão de Clemesha sobre as origens e a natureza do conflito. Por outro lado, a crítica ao sionismo, especialmente aquela vinda da esquerda ou de defensores dos direitos humanos, não significa a negação do direito à existência, mas sim a “exigência de que se pare com o genocídio de uma população”. Assim, Clemesha sublinha que a oposição não é à identidade judaica, mas às ações e políticas decorrentes do projeto sionista que resultaram em deslocamento e violência.

A Complexidade Inerente ao Conflito e o Apelo Humanitário

Para a historiadora, a dinâmica do confronto em Gaza transcende a ideia de fronteiras ou constituições claramente definidas. Ela sugere que o que ocorre é “algo mais profundo, uma simbiose, muito mais forte”, caracterizada por uma identificação construída sobre bases distintas. Consequentemente, a solução para o impasse exige uma compreensão que vá além das análises superficiais.

A discussão promovida por Clemesha no programa destaca a urgência de uma abordagem que reconheça a gravidade da situação humanitária. O apelo para o fim do genocídio, portanto, não é meramente político, mas profundamente ético e moral, clamando pela proteção de vidas e pela garantia de direitos humanos fundamentais a uma população sitiada. Além disso, a sua fala reforça a necessidade de um debate público mais informado e menos polarizado.

Detalhes do Programa “DR com Demori”

O programa “Dando a Real com Leandro Demori”, ou simplesmente “DR com Demori”, tem como proposta trazer personalidades de destaque para conversas diretas e aprofundadas na TV Brasil. Por exemplo, a atração já recebeu convidados de peso, como o ministro do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes; a deputada federal Erika Hilton; o ex-ministro José Dirceu; o ator Caio Blat; a cantora Zélia Duncan; e o cofundador da banda Pink Floyd, Roger Waters. Posteriormente à sua exibição inicial na TV Brasil, a íntegra do “DR com Demori” com Arlene Clemesha também ficou disponível em plataformas digitais. Os interessados podem assistir ao programa no YouTube, acessá-lo pelo aplicativo TV Brasil Play e ouvir as entrevistas em formato de podcast no Spotify, além da transmissão simultânea em áudio pela Rádio MEC. A reexibição do episódio ocorreu na quarta-feira, 8 de outubro, às 4h30, na TV Brasil.