A Secretaria da Mulher da Câmara dos Deputados tomou uma atitude firme em defesa da ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, após uma série de insultos proferidos por parlamentares durante uma audiência pública. A pasta acionou a Corregedoria Parlamentar, buscando a responsabilização dos envolvidos e o fim da escalada de violência política de gênero.
Secretaria da Mulher Reage a Ataques Contra Marina Silva
A iniciativa da Secretaria da Mulher surge após a ministra Marina Silva ser alvo de novas ofensas durante uma audiência na Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural da Câmara dos Deputados, na última quarta-feira, dia 2. Este episódio se soma a outros ataques sofridos pela ministra, como o ocorrido em maio, quando foi hostilizada durante uma audiência no Senado Federal.
Em nota oficial, a Secretaria da Mulher expressou sua indignação com a conduta do deputado Evair Vieira de Melo (PP-ES), classificando seus ataques como “desrespeitosos e incompatíveis com os princípios democráticos e com o decoro parlamentar”. A secretaria enfatizou que não tolerará esse tipo de comportamento e que tomará todas as medidas cabíveis para garantir o respeito às mulheres na política.
Ademais, a nota ressalta o compromisso da Secretaria da Mulher em combater a violência política de gênero em todas as esferas, visando proteger e dar voz às mulheres que ocupam posições de liderança. A secretaria defende que a Câmara dos Deputados, como instituição responsável pela elaboração e defesa das leis, não pode ser conivente com a violação da Lei nº 14.192/2021, que trata especificamente da violência política de gênero.
Posicionamento Firme Contra a Violência Política de Gênero
A Secretaria da Mulher manifestou preocupação com a crescente banalização do espaço parlamentar, onde autoridades convocadas para contribuir com o debate público são frequentemente alvo de ofensas e ataques pessoais. Em vez de promover um diálogo construtivo, as audiências têm se transformado em palanques de desrespeito e intolerância, o que, segundo a secretaria, enfraquece a democracia e aprofunda a divisão social.
Além disso, a secretaria enfatizou que o papel do parlamento brasileiro é fiscalizar, debater e propor soluções para o país. A agressão e a polarização, por outro lado, apenas minam essa função essencial. Por conseguinte, a Secretaria da Mulher exige a responsabilização por condutas que atentem contra a dignidade, a democracia e o mandato das mulheres parlamentares.
Entenda o Contexto dos Ataques
Durante a audiência na Comissão de Agricultura, o deputado Evair de Melo comparou a ministra Marina Silva a grupos extremistas como as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) e o Hamas, que atua na Faixa de Gaza. O deputado também repetiu uma declaração anterior, associando a ministra ao câncer, o que gerou grande indignação.
Em outro momento da audiência, o deputado Cabo Gilberto (PL-PB) pediu calma à ministra durante uma fala mais enfática em defesa das ações do governo. Marina Silva rebateu a atitude, classificando-a como machista, uma vez que a ênfase verbal no discurso de homens não costuma ser alvo de críticas semelhantes.
Vale lembrar que, em maio, Marina Silva já havia passado por uma situação constrangedora no Senado, quando foi atacada pelo senador Plínio Valério (PSDB-AM). Na ocasião, o parlamentar afirmou que a ministra não merecia respeito, levando-a a abandonar a audiência.
Portanto, a Secretaria da Mulher espera que a Corregedoria Parlamentar tome as medidas necessárias para coibir a violência política de gênero e garantir um ambiente de respeito e igualdade para todas as parlamentares.