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Apoiadores de Bolsonaro pedem anistia e exaltam Trump na Paulista

Apoiadores de Bolsonaro ocupam a Avenida Paulista, neste domingo (3), para pedir anistia ao ex-presidente e aos réus de 8 de janeiro, além de exaltar Donald Trump.
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Foto: Cadu Pinotti/Agência Brasil

Milhares de apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro reuniram-se na Avenida Paulista, em São Paulo, neste domingo (3), para expressar uma série de reivindicações políticas. O ato centralizou pedidos de anistia para o ex-mandatário e para os indivíduos condenados pelos eventos de 8 de janeiro, além de ostentar um forte apoio a Donald Trump, ex-presidente dos Estados Unidos.

Demandas Centrais da Manifestação

Aproximadamente duas quadras da movimentada Avenida Paulista, estendendo-se entre a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) e o Parque do Trianon, foram ocupadas por manifestantes. Os participantes vocalizaram exigências claras: a concessão de anistia abrangente para o ex-presidente e para aqueles sentenciados pelos atos de vandalismo ocorridos em 8 de janeiro. Além disso, demonstraram apoio às tarifas comerciais contra o Brasil, recentemente anunciadas pelo ex-presidente norte-americano Donald Trump. Notavelmente, a multidão também clamou pelo impeachment e pela prisão do ministro Alexandre de Moraes, integrante do Supremo Tribunal Federal (STF).

Este evento em São Paulo foi cuidadosamente orquestrado por uma coalizão de políticos de direita e líderes religiosos que endossam a agenda do ex-presidente, como o conhecido pastor Silas Malafaia, da Igreja Assembleia de Deus Vitória em Cristo. É importante ressaltar que manifestações com propósitos similares ocorreram simultaneamente em diversas outras capitais brasileiras, incluindo o Rio de Janeiro e Brasília. A iconografia do protesto foi marcada pela predominância de bandeiras e vestimentas com as cores do Brasil, contudo, a presença significativa de bandeiras dos Estados Unidos chamou a atenção, sublinhando a dimensão internacional das pautas levantadas.

Ausências Notáveis: Bolsonaro e Tarcísio de Freitas

Os presentes na manifestação deste domingo uniram-se em torno da narrativa de que o ex-presidente Bolsonaro estaria sendo alvo de uma perseguição judicial. Entretanto, o próprio Jair Bolsonaro não compareceu ao protesto. Desde 18 de julho, o ex-presidente encontra-se sob medidas cautelares impostas pelo Supremo Tribunal Federal. Tais determinações, emanadas pelo ministro Alexandre de Moraes, visam mitigar riscos de fuga ou de obstrução da justiça. Entre as restrições impostas, inclui-se o uso de tornozeleira eletrônica, além de proibições de saída da residência durante os fins de semana e após as 19h ou antes das 6h em dias úteis.

Ademais, Tarcísio de Freitas, governador de São Paulo e aliado político de Bolsonaro, também não marcou presença no evento. Conforme sua assessoria, sua ausência foi justificada por um procedimento médico previamente agendado para a tarde do mesmo domingo.

O Pedido de Anistia e o Contexto do 8 de Janeiro

Um dos pilares da manifestação foi a forte demanda por uma anistia ampla para todos os envolvidos nos ataques perpetrados contra as sedes dos Três Poderes, em 8 de janeiro de 2023. Naquela ocasião, indivíduos que estavam acampados em frente ao Quartel General do Exército em Brasília, somados a outros vândalos, invadiram e depredaram o Supremo Tribunal Federal, o Congresso Nacional e o Palácio do Planalto, sede do Executivo federal. A intenção declarada por esses grupos era impedir a consolidação do governo empossado em 1º de janeiro daquele ano, configurando, na visão de juristas e autoridades, uma tentativa de golpe de Estado.

Nesse contexto, a Procuradoria-Geral da República (PGR) interpretou o atentado de 8 de janeiro como o ponto culminante de uma conspiração golpista que, segundo investigações, teve início em meados de 2021. Desde então, a PGR aponta para um ataque deliberado às urnas eletrônicas e ao sistema eleitoral brasileiro, que se estendeu ao longo da campanha e após as eleições de 2022. Consequentemente, a Primeira Turma do STF está programada para deliberar, em setembro próximo, sobre a possível condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro e de outros sete aliados. Eles são apontados pela PGR como integrantes do núcleo central da organização criminosa responsável pela trama golpista.

Apoio a Donald Trump e a Influência Externa

A manifestação na Avenida Paulista não apenas ressaltou questões domésticas, mas também projetou um forte alinhamento internacional, evidenciado pela presença de bandeiras dos Estados Unidos e cartazes de apoio a Donald Trump. Os manifestantes endossaram as sanções que Trump buscou impor contra o ministro Alexandre de Moraes, bem como as tarifas de 50% anunciadas para pressionar o Brasil. Por outro lado, o ex-presidente americano, um aliado declarado de Bolsonaro, tem afirmado que o judiciário brasileiro persegue o ex-presidente brasileiro, caracterizando o processo em curso no STF como uma “caça às bruxas”.

Ademais, os manifestantes exaltaram o papel de Eduardo Bolsonaro, deputado federal e filho do ex-presidente, em sua atuação para intensificar a pressão dos Estados Unidos sobre o Brasil. De fato, Eduardo Bolsonaro tem se reunido com importantes líderes do Partido Republicano e membros do governo Trump. Segundo investigações da Polícia Federal (PF) e da PGR, Eduardo estaria agindo em nome de seu pai em Washington, buscando convencer o governo norte-americano a aplicar sanções a autoridades brasileiras. O objetivo subjacente seria exercer pressão sobre a Justiça do Brasil para que arquivasse a ação penal referente à tentativa de golpe.

Considerações sobre o Público e a Segurança

Em relação à dimensão do evento, a Polícia Militar não forneceu uma estimativa precisa do número de participantes, tampouco detalhou o efetivo policial empregado na segurança da área. Ainda assim, a corporação confirmou o reforço no policiamento, que já é considerável nos domingos em decorrência da interdição da Avenida Paulista para atividades de lazer. Similarmente, a prefeitura de São Paulo também optou por não divulgar qualquer estimativa sobre o número de manifestantes presentes na avenida, que já estava interditada para o tráfego de veículos em virtude do evento programado.

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