A Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA) declarou oficialmente uma situação crítica de escassez hídrica que afeta os rios Juruá, Purus e seus principais afluentes, como o Acre e o Iaco, situados na vasta região amazônica. Esta medida emergencial, válida inicialmente até 31 de outubro, visa mitigar os severos impactos da prolongada falta de chuvas que assola a bacia desde o ano de 2023, impactando diretamente os estados brasileiros do Acre e Amazonas.
Contexto da Escassez Hídrica na Amazônia
Os rios Juruá e Purus, juntamente com seus afluentes, possuem nascentes no território peruano e atravessam importantes áreas dos estados brasileiros do Acre e do Amazonas. Contudo, desde o ano de 2023, as bacias hidrográficas desses rios têm registrado volumes de precipitação consistentemente abaixo da média histórica. Este cenário preocupante motivou a ação da ANA, que busca prevenir maiores desdobramentos negativos para a população e o ecossistema local. Adicionalmente, a agência visa garantir a gestão responsável dos recursos hídricos na região.
Detalhes da Resolução e Seus Impactos
A diretoria da ANA aprovou a declaração de situação crítica na última quinta-feira, 21 de agosto. Posteriormente, a resolução foi publicada em 22 de agosto de 2025 no Diário Oficial da União, entrando em vigor imediatamente. A validade da medida estende-se até 31 de outubro. Esta iniciativa principal possui múltiplos objetivos; primeiramente, busca identificar com precisão os impactos gerados pelos baixos níveis dos rios sobre os diversos usos da água na região. Além disso, a agência pretende propor e implementar ações eficazes de mitigação. Outro ponto crucial da resolução é a autorização para que entidades reguladoras e empresas de saneamento adotem tarifas especiais, auxiliando-as a cobrir custos adicionais decorrentes da crise hídrica. Consequentemente, a medida também sinaliza aos usuários a imperativa necessidade de gerenciar o consumo de água de forma mais consciente e parcimoniosa durante este período de escassez. Por fim, a resolução visa agilizar o processo de reconhecimento, por parte do governo federal, de estados e municípios que se encontram em situação de calamidade pública devido à seca, o que facilita o acesso rápido a auxílios e recursos da União.
Previsões Climáticas e o Fenômeno da Vazante
O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) tem monitorado a situação de perto, indicando que as bacias dos rios Juruá, Purus e Acre têm experimentado chuvas abaixo do esperado desde 2023. Em continuidade, as projeções climáticas divulgadas pelo Inpe, em colaboração com o Centro Gestor e Operacional do Sistema de Proteção da Amazônia (Censipam), sugerem que os volumes de precipitação continuarão abaixo da média histórica até, pelo menos, o mês de outubro. No entanto, é fundamental esclarecer que as bacias dos rios Purus e Juruá atualmente atravessam o período conhecido como vazante. Este fenômeno natural, que ocorre anualmente entre junho e novembro, caracteriza-se pela descida gradual do nível das águas após o período de cheia. Portanto, embora se observem níveis aquáticos anormalmente baixos, a situação não configura um período de seca típica, mas sim uma vazante severa. Ainda assim, mesmo considerando a vazante, os níveis atuais estão significativamente aquém do que seria esperado para esta época do ano, intensificando a preocupação entre autoridades e população local.
Flexibilidade e Monitoramento Contínuo da Situação
A Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico ressalta que o período de abrangência da declaração de situação crítica poderá ser estendido. Tal decisão, entretanto, dependerá de uma análise técnica rigorosa, caso as condições de escassez hídrica persistam na bacia amazônica. Por outro lado, a resolução também prevê a possibilidade de ser suspensa antes do prazo estabelecido. Isso ocorrerá se os níveis dos rios Juruá, Purus e seus afluentes se elevarem de forma significativa, impulsionados pela ocorrência de chuvas abundantes e regulares, o que seria um alívio para a região. A ANA manterá um monitoramento constante da situação para garantir a adaptação das medidas conforme a evolução hidrológica, visando sempre a segurança hídrica e o bem-estar da população.