Crime violento expõe fragilidade das redes sociais
Um episódio alarmante no Rio de Janeiro trouxe à tona os riscos da internet para os jovens. Um adolescente de 17 anos, incentivado por usuários do Discord, ateou fogo em um homem em situação de rua. O crime foi transmitido ao vivo e premiado com R$ 2 mil, segundo investigações da Polícia Civil.
As apurações revelaram que o ataque foi organizado por um grupo criminoso que atuava em plataformas digitais. Além disso, o mesmo grupo promovia crimes de ódio, maus-tratos a animais, pornografia infantil e apologia ao nazismo. Ou seja, tratava-se de uma rede que utiliza a internet como ferramenta para disseminar violência.
Enquanto isso, o debate sobre a responsabilidade das plataformas voltou à pauta nacional. Afinal, como proteger os usuários mais vulneráveis?
Especialistas defendem regulação urgente
De acordo com Rodrigo Nejm, coordenador de digital do Instituto Alana, a criação de ambientes digitais seguros exige a colaboração entre famílias, escolas, empresas e poder público. Segundo ele, não basta orientar os jovens; é essencial responsabilizar as plataformas que falham na proteção de seus usuários.
Além disso, Nejm defende a adoção de algoritmos mais cuidadosos, que evitem recomendar conteúdos nocivos. Ele também alerta para os chamados “designs aditivos”, que prendem os usuários em ciclos compulsivos e prejudiciais.
Por isso, o especialista reforça que mecanismos de segurança devem ser exigidos por lei. Com isso, será possível reduzir a exposição dos jovens a riscos graves.
Projeto de verificação etária avança no Congresso
Para limitar o acesso precoce de crianças a conteúdos inadequados, o Projeto de Lei 2628/2022 propõe a verificação etária em redes sociais e sites adultos. O texto já foi aprovado no Senado e agora tramita na Câmara dos Deputados.
Embora muitos sites utilizem a autodeclaração de idade, esse método é facilmente burlado. Por isso, a proposta sugere técnicas mais rigorosas e adaptadas ao risco da plataforma.
Segundo Nejm, o Brasil precisa de uma regulação clara que estabeleça esses critérios. Assim, será possível controlar o ingresso e, ao mesmo tempo, proteger quem já utiliza esses serviços.
Série da Netflix reacende debate sobre violência online
A série Adolescência, da Netflix, tem gerado reflexões sobre o impacto do ambiente digital. Em quatro episódios, a produção mostra como adolescentes podem ser manipulados por conteúdos violentos ou tóxicos.
Além disso, o seriado retrata casos de cyberbullying e o despreparo dos adultos para lidar com esses cenários. Pais e educadores, frequentemente, desconhecem as plataformas utilizadas pelos jovens, o que agrava o problema.
Por causa disso, especialistas têm defendido a ampliação da educação digital nas escolas e o acompanhamento constante por parte das famílias.
Consequências emocionais do bullying e da exclusão virtual
A psicóloga Juliana Gebrin destaca que o bullying pode gerar danos emocionais profundos. Segundo ela, as vítimas costumam ser jovens que fogem dos padrões de aparência, comportamento ou identidade.
Consequentemente, esses adolescentes apresentam sinais como isolamento, queda no desempenho escolar, ansiedade e depressão. Em casos extremos, podem desenvolver transtornos como TEPT (transtorno de estresse pós-traumático).
Além disso, Gebrin observa que muitos agressores já foram vítimas. Ou seja, o ciclo de violência se perpetua, reforçando a urgência de ações preventivas.
Prevenção como caminho
A psicóloga defende que a prevenção deve ser a principal estratégia. Isso inclui identificar sinais precoces de bullying, oferecer acompanhamento psicológico e promover ambientes de escuta ativa nas escolas.
Enquanto isso, cabe ao poder público aprovar leis eficazes e garantir a responsabilização das plataformas. Afinal, proteger as crianças é dever de todos.