Edição Brasília

Alta no preço dos alimentos no Brasil em 2025 reflete impactos climáticos, dólar forte e aumento da demanda

Combinando fatores econômicos e ambientais, o país enfrenta inflação alimentar, mas especialistas projetam alívio com boas colheitas e medidas do governo
carrinho de supermercado
Foto: Humberto Rosa/Secom

Pressão sobre a alimentação desafia orçamentos e hábitos

O preço dos alimentos subiu consideravelmente no Brasil nos últimos meses, impactando diretamente o bolso das famílias. De acordo com o IBGE, a inflação de alimentos e bebidas alcançou 7% no acumulado de 12 meses até fevereiro de 2025.

Itens essenciais como café, ovos e carne bovina tiveram aumentos expressivos. O café registrou alta de 66%, enquanto os ovos subiram 10,5% e cortes de carne bovina, 22%.

Com isso, famílias de baixa renda têm buscado alternativas mais acessíveis, como carcaça de frango e suã de porco. Mesmo classes médias têm revisto escolhas, trocando marcas e ajustando o consumo.

Dólar valorizado eleva custos e pressiona mercado interno

Um dos principais responsáveis pela alta dos preços é a valorização do dólar. A moeda americana iniciou 2024 a R$ 4,91 e fechou o ano a R$ 6,10, segundo o IPEA.

Esse aumento de 24% encarece alimentos cotados em dólar ou com insumos importados, como óleo de soja e azeite de oliva.

O economista Samuel Pessoa explica que, quando o real se desvaloriza, o preço doméstico dos alimentos, atrelado ao mercado internacional, sobe automaticamente.

A reação do mercado ao pacote fiscal do governo federal em novembro também impulsionou o câmbio. A proposta foi mal recebida, aumentando a incerteza econômica.

Clima instável criou “tempestade perfeita”

Além do câmbio, especialistas apontam que os efeitos climáticos agravaram a inflação alimentar. O fenômeno El Niño causou secas severas no Norte e Nordeste e chuvas excessivas no Sul.

Essas variações impactaram diretamente a produção agrícola. Frutas como tangerina, abacate e limão tiveram aumentos expressivos, de até 59% em 12 meses.

Segundo estudo da Ufal, mais da metade do território brasileiro foi afetado pela estiagem em 2024. Já o excesso de chuvas provocou perdas de safra e desperdícios em várias regiões.

A produção de café, por exemplo, caiu drasticamente por falta de chuvas durante a fase crítica do cultivo.

Crescimento econômico também impulsionou consumo

Paralelamente aos desafios climáticos e cambiais, a alta do consumo contribuiu para a pressão sobre os preços.

O desemprego caiu para 6,2% no final de 2024, o menor nível desde 2012. A renda média subiu 4,3%, alcançando R$ 3,3 mil.

Com mais dinheiro em circulação, as famílias ampliaram o consumo, sobretudo de alimentos, pressionando ainda mais a oferta.

Perspectivas para 2025 são mais otimistas

Apesar do cenário desafiador, há sinais de alívio para os próximos meses. O governo federal cortou impostos sobre itens como carne, açúcar e milho.

Além disso, as previsões agrícolas indicam uma recuperação. Segundo o IBGE, a safra de grãos e cereais pode crescer 10,6% em 2025, especialmente soja e arroz.

O vice-presidente Geraldo Alckmin afirmou que o clima já mostra sinais de melhora e que a agricultura poderá impulsionar o PIB este ano.

Se essas condições se confirmarem, os brasileiros poderão ver os preços dos alimentos estabilizarem ao longo do ano.