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Alckmin busca ampliar comércio Brasil-México e atualizar acordo bilateral

Vice-presidente Alckmin cumpre agenda de dois dias no México para ampliar laços comerciais, atrair investimentos e discutir a atualização de acordo bilateral.
Alckmin comércio Brasil México
Foto: Valter Campanato/Agência Brasil

O vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, iniciou nesta quarta-feira (27) uma importante agenda de trabalho de dois dias no México. A principal finalidade desta missão é fortalecer as relações políticas, expandir os laços comerciais e atrair investimentos significativos entre o Brasil e a nação latino-americana. A comitiva brasileira desembarcou na Cidade do México na noite anterior (26) e, logo no primeiro dia, já se reuniu com representantes de entidades do setor privado, estabelecendo a tônica para as discussões produtivas que se seguirão.

Fortalecimento das Relações e Oportunidades Econômicas

Um dos pontos altos da agenda está marcado para esta quinta-feira (28), quando o vice-presidente Alckmin terá uma audiência com a presidenta do México, Claudia Sheinbaum, no Palácio Nacional. Durante um café da manhã com empresários, Alckmin enfatizou a importância da aproximação. Ele afirmou, ademais, que a tarefa central é “aproximar ainda mais essas duas maiores democracias e economias da América Latina”, buscando investimentos recíprocos, complementaridade econômica, fomento ao comércio exterior, estímulo ao turismo e facilitação de vistos eletrônicos. Dessa forma, a meta é impulsionar mais comércio, mais investimento, mais empregos e, consequentemente, mais oportunidades para ambas as nações.

Nesse ínterim, o governo brasileiro visa destravar oportunidades substanciais em diversos setores estratégicos. Entre eles, destacam-se a indústria, o agronegócio, a saúde e a tecnologia, áreas que apresentam grande potencial de colaboração mútua. Além disso, Alckmin defendeu veementemente a atualização do Acordo de Complementação Econômica nº 53 (ACE 53), assinado com o México em 2002. Esse acordo, por exemplo, já prevê a eliminação ou redução de tarifas de importação para aproximadamente 800 posições tarifárias e pode ser acessado para consulta: Acordo de Complementação Econômica nº 53.

Em suma, o vice-presidente sugeriu que o ACE 53 “pode ser muito mais amplo ainda, incluindo novos produtos e serviços, para exportação e importação”, reforçando o conceito de que “o comércio exterior é mão dupla”. A corrente de comércio entre Brasil e México alcançou a marca de US$ 13,6 bilhões em 2024. As exportações brasileiras, por sua vez, somaram US$ 7,8 bilhões, impulsionadas principalmente por vendas de automóveis de passageiros, carnes de aves e veículos para transporte de mercadorias. As importações de produtos mexicanos, por outro lado, totalizaram US$ 5,8 bilhões, com destaque para partes e acessórios de veículos, além de automóveis de passageiros e para mercadorias. Para acompanhar outras notícias, siga o canal da Agência Brasil no WhatsApp: Agência Brasil no WhatsApp.

Estratégia de Diversificação Comercial e Relação com o Canadá

Em meio à nova política dos Estados Unidos de elevar as tarifas contra parceiros comerciais, uma medida que pode ser consultada aqui: Tarifa sobre exportações brasileiras, a diretriz do governo brasileiro tem sido clara: ampliar o relacionamento com outros países e diversificar sua pauta comercial, um objetivo que o ministro Mauro Vieira já destacou como uma “nova independência” para o país: Amorim sobre diversificação comercial. Neste contexto, uma missão da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil) ao Canadá já está agendada para os dias 10 e 11 de setembro.

Jorge Viana, presidente da ApexBrasil, salientou o papel estratégico do escritório da agência nos Estados Unidos, que também gerencia as relações com Canadá e México. Ele afirmou que este escritório está intensificando a presença nesses países. Segundo Viana, México e Canadá são “dois países extraordinários”, com uma logística “muito parecida com a dos Estados Unidos”. Ele adicionou que, embora os EUA sejam importantes e o trabalho continue para remover as tarifas sobre produtos brasileiros – as quais considera inexplicáveis, dado que o Brasil é um grande parceiro comercial – o foco primordial da missão atual é estreitar laços com México e Canadá.

Atualmente, um percentual considerável, 35,6%, das exportações brasileiras para os Estados Unidos está sujeita a uma tarifa de 50%. A imposição dessas barreiras alfandegárias por parte dos EUA teve início em 2 de abril, quando o então presidente Trump aplicou tarifas com base no déficit comercial que os EUA mantinham com cada nação. Como os EUA registravam superávit com o Brasil, inicialmente foi imposta uma taxa de 10%. Posteriormente, em 6 de agosto, Trump aplicou uma tarifa adicional de 40% contra o Brasil. Essa medida foi apresentada como retaliação a decisões que, segundo ele, prejudicariam as big techs americanas (Influência de big techs nas sanções de Trump) e em resposta ao julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro, acusado de liderar uma tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022.

Alckmin também recordou que o Brasil já negociava um acordo de livre comércio com o Canadá através do Mercosul, bloco econômico sul-americano. Contudo, essas tratativas foram paralisadas em 2021. Nesta semana, o vice-presidente encontrou-se com o ministro de Comércio Internacional do Canadá, Maninder Sidhu (Alckmin sobre retomada de negociações Mercosul-Canadá), e ambos concordaram que existem condições favoráveis para a retomada dessas importantes negociações.

Resultados da Diplomacia Comercial e Agenda Final no México

Desde 2023, a ApexBrasil tem sido proativa em sua atuação, conforme relatou Jorge Viana. A agência realizou 16 missões internacionais em conjunto com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e quatro com o vice-presidente Alckmin, além de outras dez com diferentes representantes governamentais, sublinhando, assim, um esforço diplomático robusto. Integrante da comitiva brasileira no México, o ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, elogiou a decisão do presidente Lula de retomar a diplomacia comercial desde o início de seu mandato.

No âmbito da pasta da Agricultura, 409 novos mercados foram abertos para produtos brasileiros em um período de dois anos e oito meses. Para Fávaro, este feito “minimiza e muito” os impactos do aumento das tarifas impostas pelos Estados Unidos. O ministro afirmou que, neste momento de incertezas e de um novo modelo comercial que os Estados Unidos tentam impor globalmente, o restabelecimento de boas relações comerciais e a busca por novas oportunidades ao redor do mundo foram uma espécie de “predestinação” da missão do governo. Fávaro ainda destacou que o México representa o “maior resultado econômico” desses 409 mercados abertos, gerando mais de US$ 800 milhões e correspondendo a 50% do resultado total, evidenciando as amplas oportunidades para novas parcerias.

Ainda na agenda da comitiva, nesta quarta-feira, foram incluídas reuniões importantes. Entre elas, um encontro com o presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado mexicano, Alejandro Murat Hinojosa, e com três ministros mexicanos: Julio Berdegué Sacristán (Agricultura e Desenvolvimento Rural), Juan Ramón de la Fuente (Relações Exteriores) e Marcelo Ebrard (Economia). O encerramento do primeiro dia da missão ocorreu no Encontro Empresarial Brasil-México, promovendo, por conseguinte, a integração entre as comunidades empresariais.

Abrindo o segundo dia de trabalhos, na quinta-feira, Alckmin receberá as chaves da Cidade do México das mãos da prefeita Clara Brugada Molina, um reconhecimento simbólico da importância de sua visita. Em seguida, ele participará do aguardado encontro com a presidente do país, Claudia Sheinbaum, e terá uma reunião com o secretário de Saúde, David Kershenobich. Por fim, a comitiva brasileira realizará uma série de reuniões adicionais com empresários mexicanos e concluirá a missão em um evento promovido pela Associação Brasileira de Proteína Animal, consolidando, deste modo, os contatos e potenciais negócios estabelecidos.

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