O governo brasileiro, liderado pelo vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Geraldo Alckmin, anunciou que tomará medidas enérgicas para combater a recente imposição de tarifas comerciais sobre produtos brasileiros exportados para os Estados Unidos. A decisão, anunciada pelo ex-presidente Donald Trump, gerou forte reação em Brasília, que agora busca reverter a situação por meio de mecanismos diplomáticos e legais.
Brasil Aciona OMC e Considera Retaliação
Em resposta à taxação de 50% sobre produtos brasileiros anunciada por Donald Trump, o governo federal planeja levar a questão à Organização Mundial do Comércio (OMC). Além disso, estuda a aplicação da Lei de Reciprocidade Econômica como forma de retaliação, visando proteger a competitividade do Brasil no mercado internacional. A declaração foi feita por Geraldo Alckmin durante a inauguração do Novo Viaduto de Francisco Morato, em São Paulo.
Alckmin enfatizou que as tarifas são injustificadas e prejudicam inclusive os consumidores americanos. “Vamos trabalhar para reverter isso, porque não tem sentido essa tarifa. Ela, inclusive, prejudica também o consumidor norte-americano. Nós entendemos que ela é inadequada, ela não se justifica”, afirmou o vice-presidente. Segundo ele, o governo brasileiro se reunirá com representantes do setor privado nos próximos dias para definir as melhores estratégias.
A Lei de Reciprocidade Econômica, sancionada em abril, permite ao Brasil suspender concessões comerciais, de investimentos e obrigações relativas a direitos de propriedade intelectual em resposta a medidas unilaterais que afetem a competitividade brasileira. O governo avalia se as tarifas impostas pelos EUA se enquadram nessa legislação e, portanto, justificam uma retaliação.
Relações Comerciais em Risco
Alckmin também destacou a importância da relação comercial entre Brasil e Estados Unidos, ressaltando que os EUA possuem superávit na balança comercial com o Brasil, tanto em bens quanto em serviços. “Os Estados Unidos têm conosco superávit na balança comercial, tanto de serviços quanto de bens. O Brasil não é problema para os Estados Unidos”, argumentou. Ele acrescentou que os dois países mantêm uma integração produtiva e laços de amizade de 200 anos, o que torna a imposição de tarifas ainda mais incompreensível. Em sua análise, o mundo econômico necessita de estabilidade e previsibilidade, o que torna a atitude de Trump prejudicial para o cenário global.
A medida de Trump, oficializada por meio de uma carta ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, estabelece uma taxa de 50% sobre todos os produtos importados do Brasil a partir de 1º de agosto. Na carta, Trump justifica a decisão mencionando o ex-presidente Jair Bolsonaro e ações do Supremo Tribunal Federal (STF) contra apoiadores de Bolsonaro que residem nos Estados Unidos. O ex-presidente americano também alegou “ataques insidiosos do Brasil contra eleições livres e a violação fundamental da liberdade de expressão dos americanos”.
Além disso, Trump criticou a forma como Bolsonaro tem sido tratado no Brasil, classificando a situação como uma “vergonha internacional” e uma “caça às bruxas” que deve acabar imediatamente.
Incentivos para Carros Sustentáveis
Aproveitando a ocasião, Alckmin também mencionou a recente implementação do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) zero para carros sustentáveis, uma medida anunciada pelo presidente Lula na última semana. A iniciativa visa tornar os carros de entrada mais acessíveis, reduzindo o imposto sobre esses veículos.
Segundo Alckmin, a medida pode reduzir o preço dos carros de entrada em R$ 10.000 a R$ 12.000. “É uma medida importante que ajuda a população a ter acesso àquele carro mais barato e sustentável, um carro que não polui. Privilegia a eficiência energética, a questão da sustentabilidade e também é social”, explicou. O decreto, assinado por Lula, abrange veículos compactos produzidos no Brasil e com alta eficiência ambiental, integrando o Programa Nacional de Mobilidade Verde e Inovação (Mover).
Para se qualificar para o IPI zero, o carro sustentável deve atender a requisitos como emitir menos de 83 gramas de CO₂ por quilômetro, conter mais de 80% de materiais recicláveis e ser fabricado no Brasil, além de se enquadrar na categoria de carro compacto.
Em conclusão, o governo brasileiro está determinado a reverter as tarifas impostas pelos Estados Unidos e a proteger os interesses do país no comércio internacional. As próximas semanas serão cruciais para definir as estratégias a serem adotadas e o impacto que essa disputa terá nas relações bilaterais entre os dois países.