Edição Brasília

AHA muda protocolo de desengasgo: priorize pancadas nas costas antes da Heimlich

A American Heart Association (AHA) atualizou suas diretrizes de primeiros socorros em outubro, priorizando pancadas nas costas antes da manobra de Heimlich para desengasgar bebês, crianças e adultos.
AHA pancadas costas desengasgo
Foto: American Heart Association/Divulgação

A American Heart Association (AHA) implementou recentemente uma significativa atualização em suas diretrizes de primeiros socorros, estabelecendo uma nova prioridade para o tratamento de engasgos em bebês, crianças e adultos. A partir de outubro, a recomendação oficial agora enfatiza a aplicação de pancadas nas costas como a primeira intervenção, antes de recorrer à tradicional manobra de Heimlich.

Reversão de Engasgos: A Nova Ordem da AHA

Anteriormente, os protocolos mundiais, definidos pela própria AHA, orientavam que a primeira resposta a um engasgo com obstrução das vias aéreas fosse diretamente a execução de compressões abdominais. Contudo, essa abordagem foi revisada. Agora, para todos os grupos etários – bebês, crianças e adultos conscientes – a sequência de ações deve começar com as pancadas nas costas, antes de considerar as compressões abdominais. Esta alteração reflete uma evolução nas práticas de emergência, buscando otimizar a eficácia do socorro imediato.

Orientações Específicas para Bebês

Para lactentes com menos de um ano, as novas recomendações são bastante detalhadas. Primeiramente, é crucial verificar se o bebê está de fato engasgado, observando sinais como a incapacidade de tossir, chorar ou respirar, ou mudanças na coloração da pele e flacidez. Uma vez confirmada a obstrução, o bebê deve ser posicionado de bruços sobre o antebraço do socorrista, garantindo que a cabeça permaneça mais baixa que o corpo. Em seguida, cinco pancadas firmes devem ser aplicadas nas costas, entre as escápulas, utilizando a base da palma da mão. Posteriormente, o bebê deve ser virado de barriga para cima para receber cinco compressões torácicas, realizadas no centro do peito com a base da palma da mão. É vital alternar esses dois movimentos – as cinco pancadas nas costas e as cinco compressões no peito – até que o objeto seja expelido ou, alternativamente, até que o bebê perca a consciência. A AHA adverte expressamente contra a introdução de dedos na boca do bebê, a menos que o corpo estranho esteja visivelmente acessível. Caso o bebê desmaie, o socorrista deve iniciar imediatamente a reanimação cardiopulmonar (RCP) com 30 compressões no peito e duas ventilações.

Protocolo para Crianças Maiores e Adultos

Crianças acima de um ano e adultos também têm um protocolo de desengasgo atualizado. Primeiramente, é essencial verificar a presença de uma obstrução total, que se manifesta pela ausência de tosse, sons ou respiração. Após essa verificação, o socorrista deve posicionar-se atrás da vítima, inclinando-a ligeiramente para frente. Posteriormente, devem ser administradas cinco pancadas firmes nas costas, usando o calcanhar da mão. Caso o objeto não seja expelido com as pancadas, a próxima etapa consiste em realizar cinco compressões abdominais, a conhecida manobra de Heimlich. Para isso, o socorrista deve fechar um punho, posicioná-lo logo acima do umbigo e abaixo do osso do peito, segurar esse punho com a outra mão e comprimir com força para dentro e para cima. É fundamental alternar continuamente as cinco pancadas nas costas com as cinco compressões abdominais até que o objeto seja expelido ou a pessoa perca a consciência. Se a vítima desmaiar, deve-se deitá-la e começar as compressões torácicas no ritmo padrão da RCP, que varia entre 100 a 120 compressões por minuto.

A Chamada da AHA para Capacitação em Primeiros Socorros

Em um comunicado oficial, a American Heart Association reforça a importância de toda a população buscar cursos de reanimação cardiopulmonar (RCP). Ashish Panchal, que atua como presidente voluntário do Comitê Científico de Cuidados Cardiovasculares de Emergência da AHA e é professor de medicina de emergência na Universidade Estadual de Ohio, sublinhou a vitalidade da RCP de alta qualidade. Conforme ele destacou, “a RCP de alta qualidade salva vidas e precisamos de apoio dedicado para garantir que todos que dela necessitam a recebam, e isso começa com o aprendizado”. Consequentemente, a entidade encoraja veementemente todos a participarem de um curso de RCP, a fim de adquirir as habilidades e técnicas necessárias para oferecer cuidados que podem ser decisivos em uma emergência. Por conseguinte, cada indivíduo possui um papel fundamental na cadeia de sobrevivência.

Estas novas diretrizes serão publicadas conjuntamente em dois periódicos de grande prestígio: o Circulation, da própria AHA, e o Pediatrics, da American Academy of Pediatrics, solidificando as mudanças nos protocolos de emergência.