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AGU rebate Trump no NYT: Brasil não aceita interferência no Judiciário

Em réplica a Trump, AGU defende a Justiça brasileira no NYT. Messias contesta tarifas e reitera: o país não tolera interferências externas.
Brasil rejeita interferência Judiciário Trump
Foto: Bruno Peres/Agência Brasil

O Advogado-Geral da União (AGU), Jorge Messias, utilizou as páginas do influente jornal americano New York Times para responder às recentes declarações e ações do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que impôs tarifas de 50% sobre produtos brasileiros. Em um artigo contundente, Messias não apenas contestou as justificativas de Trump para as tarifas, mas também reafirmou a firme posição do Brasil contra qualquer forma de interferência externa em seu sistema judiciário.

A publicação do artigo de Messias no New York Times representa uma resposta direta às alegações de Trump, que acusou o Supremo Tribunal Federal (STF) de promover uma “caça às bruxas” ao julgar o ex-presidente Jair Bolsonaro por suposta tentativa de golpe de Estado. A atitude do ex-presidente americano gerou grande repercussão e preocupação no Brasil, levando o governo brasileiro a se manifestar de forma clara e incisiva.

Defesa da soberania e autonomia do Judiciário brasileiro

No artigo, Messias enfatizou que o governo brasileiro rejeita categoricamente qualquer tentativa de interferência externa nos processos judiciais em andamento no país. Ele reiterou que os processos legais contra indivíduos acusados de envolvimento nos eventos de 8 de janeiro de 2023 são de competência exclusiva do Poder Judiciário brasileiro.

Além disso, o Advogado-Geral da União ressaltou que nenhum governo estrangeiro tem o direito de ditar ou questionar a administração da justiça no Brasil. “A defesa da legalidade e a autonomia de nossas instituições são pilares inegociáveis de nossa democracia”, afirmou Messias no artigo. Portanto, a mensagem é clara: o Brasil não tolerará interferências externas em seus assuntos internos, especialmente quando se trata do funcionamento de seu sistema judiciário.

Combate à desinformação e atuação das Big Techs

Adicionalmente, o artigo de Jorge Messias no New York Times abordou a questão da atuação das grandes empresas de tecnologia, as chamadas big techs, na disseminação de notícias falsas e discursos de ódio. Messias destacou que essa problemática motivou a atuação do Supremo Tribunal Federal (STF) no Brasil.

O Advogado-Geral da União esclareceu que, no Brasil, o direito à liberdade de expressão é protegido, mas que esse direito não deve ser confundido com a permissão para incitar a violência, cometer fraudes ou minar o Estado de Direito. Messias pontuou que essas limitações são amplamente reconhecidas nas sociedades democráticas.

Nesse sentido, as ações do STF em fechar perfis de redes sociais de indivíduos radicais de direita e em responsabilizar as plataformas por conteúdo criminoso têm gerado reações, inclusive de Donald Trump, que acionou o ministro Alexandre de Moraes na Justiça dos EUA através de suas empresas. Contudo, o governo brasileiro se mantém firme na defesa da atuação do STF e na importância de combater a desinformação e o discurso de ódio.

Contestações às tarifas e impacto no comércio bilateral

No que tange à questão comercial, Jorge Messias reafirmou os argumentos do governo brasileiro de que as tarifas impostas por Trump não se justificam. Ele relembrou que os Estados Unidos têm acumulado superávit na relação comercial com o Brasil nos últimos 15 anos. Além disso, argumentou que a tarifa anunciada pelo ex-presidente norte-americano contraria as regras do comércio justo.

Messias destacou que tais medidas prejudicam a segurança jurídica para empresas e investidores, interrompem as cadeias de suprimentos globais e violam o espírito de cooperação que historicamente definiu o relacionamento entre Brasil e Estados Unidos. Portanto, o governo brasileiro considera que as tarifas são injustificadas e prejudiciais para ambas as economias.

Em conclusão, o Advogado-Geral da União reforçou que o Brasil responde a esses desafios com respeito à lei, às normas internacionais e ao seu mandato constitucional de defender o interesse nacional. Ele finalizou o artigo afirmando que o Brasil está preparado para tomar medidas recíprocas, se necessário, demonstrando a determinação do país em proteger seus interesses e defender a justiça no cenário internacional.