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Abipesca pede crédito emergencial por tarifa de 50% dos EUA ao pescado

Abipesca pediu ao governo Lula nesta segunda-feira (21) crédito emergencial de R$ 900 milhões para indústrias de pescado, após EUA imporem tarifa de 50% ao setor exportador brasileiro.
Abipesca crédito emergencial
Foto: Rafa Neddermeyer/Agência Brasil

A Associação Brasileira das Indústrias de Pescado (Abipesca) solicitou formalmente ao governo federal, nesta segunda-feira (21), a criação de uma linha emergencial de crédito. O pedido, que visa mitigar os severos impactos da nova tarifa de 50% imposta pelos Estados Unidos sobre os produtos brasileiros, totaliza R$ 900 milhões e é direcionado às empresas exportadoras do setor pesqueiro. Consequentemente, o segmento industrial enfrenta uma crise de capital de giro sem precedentes, ameaçando milhares de empregos e a sustentabilidade de dezenas de fábricas.

O Pedido de Socorro da Indústria Pesqueira

O mercado norte-americano, principal destino de aproximadamente 70% do pescado brasileiro exportado, tornou-se inviável para as empresas após a implementação da nova taxação. Diante dessa barreira, a Abipesca estima que uma vasta quantidade de produtos, avaliada em cerca de R$ 300 milhões, esteja atualmente imobilizada em pátios portuários, embarcações e unidades industriais. Portanto, a entidade protocolou seu pleito diretamente no Palácio do Planalto, endereçando-o ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

A proposta detalhada pela Abipesca para a linha de crédito emergencial prevê um montante de R$ 900 milhões, com um período de carência de seis meses e um prazo total de 24 meses para quitação. Além disso, a associação alerta que a taxação americana impôs ao setor uma “grave crise de capital de giro”, uma vez que é inviável redirecionar essa produção, originalmente destinada à exportação, para o mercado interno. Isso ocorre porque o mercado doméstico já se encontra plenamente abastecido e não possui a capacidade de absorver os cortes específicos e volumes significativos de pescado que eram exportados.

Em um cenário de ausência de uma resposta governamental ágil, a Abipesca adverte para consequências graves. Segundo a associação, cerca de 35 indústrias e aproximadamente 20 mil trabalhadores, incluindo a vasta comunidade de pescadores artesanais, correm o risco iminente de sofrerem cortes de pessoal e paralisações completas em suas operações. Em complemento às medidas emergenciais, o documento protocolado também insta o governo brasileiro a intensificar as tratativas diplomáticas para a reabertura do mercado europeu, que permanece fechado para as exportações de pescado do Brasil desde o ano de 2017.

O Contexto da Medida Tarifária Americana

A imposição da tarifa de 50% sobre as exportações brasileiras aos Estados Unidos foi comunicada oficialmente em 9 de julho. Naquela data, o então presidente norte-americano, Donald Trump, enviou uma carta diretamente ao presidente Lula, anunciando que as novas taxas entrariam em vigor a partir de 1º de agosto. Ademais, Trump justificou a severa medida tarifária citando supostos “ataques insidiosos do Brasil contra eleições livres e à violação fundamental da liberdade de expressão dos americanos”. Essa declaração gerou grande repercussão e preocupação em diversos setores da economia brasileira, que dependem fortemente do acesso ao mercado americano.

A Reação do Governo Brasileiro

Em resposta à medida unilateral americana, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, assegurou nesta segunda-feira, em entrevista concedida à Rádio CBN, que o Brasil não tem a intenção de abandonar as negociações com os Estados Unidos. Contudo, Haddad enfatizou que o governo federal está ativamente elaborando e implementando planos de contingência. Esses planos visam oferecer suporte e auxílio aos setores da economia nacional que serão mais prejudicados pelas novas tarifas anunciadas por Donald Trump. Portanto, a prioridade é minimizar os danos e buscar alternativas para as indústrias afetadas, ao mesmo tempo em que se mantém a via diplomática aberta para resolução do impasse comercial.