O período da gestação, embora seja um momento de grande expectativa e alegria, pode ser interrompido por complicações de saúde que exigem a internação hospitalar. Para aliviar a tensão e criar memórias afetivas positivas, a equipe multidisciplinar da linha materno-infantil do Hospital Regional de Santa Maria (HRSM), administrado pelo Instituto de Gestão Estratégica de Saúde do Distrito Federal (IgesDF), organizou um dia de acolhimento e beleza para as gestantes internadas na maternidade.
Nesta última sexta-feira (19), a programação especial transformou a rotina das pacientes. As gestantes receberam maquiagem, cuidados com o cabelo, sessões de pintura gestacional e um ensaio fotográfico profissional. A iniciativa visa proporcionar momentos de valorização da autoestima e cuidado integral, indo muito além da assistência médica tradicional.
Ivonete Rodrigues, gerente da maternidade, enfatiza que a ação transcende a estética, refletindo o compromisso com o cuidado humanizado. “Quando nossa equipe se une com o propósito de cuidar, conseguimos transformar o ambiente hospitalar. Pensamos em cada detalhe para que essas mulheres se sintam vistas, acolhidas e respeitadas, mesmo vivenciando um momento delicado da gestação”, explica Rodrigues, destacando a importância da união da equipe para a humanização do espaço.
Impacto Emocional e a Força do Acolhimento
Para as futuras mães que enfrentam longos períodos de internação, a distração e o carinho oferecidos pela equipe fazem uma diferença significativa. Amanda Lima, internada há seis dias devido a sangramento, contrações e infecção urinária, foi uma das gestantes surpreendidas pela ação. Grávida de 26 semanas do pequeno Lucas, ela relatou o impacto positivo da iniciativa.
“Eu conheci este trabalho hoje e foi uma grande surpresa. É muito bom para as mãezinhas que ficam internadas por mais tempo. Acaba servindo como um momento de distração e alívio”, conta Amanda. O nome Lucas, aliás, parece ser uma tendência na maternidade. Luana Costa, que espera Lucas Gabriel, está internada há quatro dias com 31 semanas de gestação e quadro de pressão alta. Ela se emocionou com o carinho da equipe.
“No hospital, o tempo demora, a gente dorme, acorda, sente dor. Fiquei emocionada com o cuidado das meninas, dá para sentir que elas fazem por amor”, afirma Luana, ressaltando o toque pessoal e dedicado dos profissionais de saúde do HRSM.
Saúde Mental e Resgate da Identidade
A iniciativa é fruto da atuação integrada de diversos profissionais, incluindo psicólogas, terapeutas ocupacionais, enfermeiras, técnicas de enfermagem e assistentes sociais. Neste ano, o Banco de Leite Humano (BLH) do hospital também colaborou, fornecendo doações que enriqueceram o momento das pacientes.
A psicóloga Ana Paula Assis destaca o papel crucial do projeto no suporte à saúde mental das gestantes. “A ação contribui significativamente para reduzir a ansiedade e fortalecer o emocional dessas mulheres. Muitas delas vivenciam uma gestação diferente da que idealizaram. Levar doçura e humanização para dentro do hospital ajuda a fortalecer o vínculo com o bebê e a lidar melhor com as intensas mudanças emocionais e hormonais desse período”, explica Assis.
A terapeuta ocupacional Gabrielle Silva, ao lado das colegas Cecília de Oliveira e Kenia Daniel, complementa que o projeto ajuda as gestantes a resgatarem sua identidade. “No ambiente hospitalar, elas acabam se afastando um pouco de quem são fora daqui. Essas ações promovem uma sensação de pertencimento e são fundamentais na construção de memórias afetivas positivas, mesmo em um contexto de internação”, pontua Silva.
A técnica de enfermagem Hosana Endy, que também atua como doula e é uma das responsáveis pela pintura gestacional, realiza este trabalho desde 2018, buscando aprimoramento constante. “Estou sempre buscando aprimorar técnicas, conhecer novos traços, cores e possibilidades. É uma forma de oferecer um cuidado cada vez mais qualificado e sensível para essas mulheres que precisam de apoio extra neste momento”, conclui Endy, reforçando o compromisso do HRSM com a excelência e a humanização do atendimento materno-infantil.
