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Emoção no HCB: Maria Cecília, 5 anos, conhece doador que salvou sua vida

Após um bem-sucedido transplante de medula óssea, Maria Cecília, de 5 anos, conheceu seu doador no HCB. Leia a emocionante história e descubra como se cadastrar no Redome.
Emoção no HCB: Maria Cecília, 5 anos, conhece doador que salvou sua vida

Um momento de profunda emoção marcou o Hospital da Criança de Brasília José Alencar (HCB) quando Maria Cecília Freitas, de 5 anos, finalmente conheceu o homem que salvou sua vida. Diagnosticada precocemente com anemia de Blackfan-Diamond, uma condição rara, Maria Cecília precisou de um transplante de medula óssea urgente aos 2 anos de idade. Hoje, recuperada e cheia de vida, ela e sua família puderam abraçar Valdiomar de Lima Júnior, o doador não aparentado que se cadastrou no Registro Brasileiro de Doadores Voluntários de Medula Óssea (Redome) e se tornou o ‘match’ perfeito.

A mãe da menina, Bruna de Freitas, recorda a angústia inicial. “Sempre sonhei em ser mãe. Em 2019, eu engravidei e ela veio.” No entanto, apenas dois meses após o nascimento, Maria Cecília começou a apresentar sintomas preocupantes, como choro excessivo e palidez extrema devido à queda da hemoglobina. Após buscar atendimento, a família foi encaminhada ao HCB, onde o diagnóstico foi confirmado e a busca por um doador compatível iniciada imediatamente.

Enquanto Maria Cecília lutava pela vida em Sobradinho (DF), a esperança vinha de Jataí (GO). Valdiomar de Lima Júnior, de 41 anos, havia se cadastrado no Redome no mesmo ano em que a menina nasceu. Doar sangue era uma rotina para ele, mas a ideia de doar medula surgiu por sugestão de uma funcionária do Hemocentro local. “Eu ia lá só para doar sangue; numa dessas doações, a moça da recepção falou da medula e perguntou se eu tinha interesse de colocar o nome. Eu disse ‘pode pôr!’”, conta Valdiomar, que não hesitou em dar seu consentimento.

A Jornada do Doador e a Importância do Redome

A decisão simples de Valdiomar se provou vital para a família de Maria Cecília. Quando o Redome, gerido pelo Ministério da Saúde e apoiado pelo Instituto Nacional de Câncer (Inca), o contatou informando sobre uma possível compatibilidade, ele iniciou uma série de exames detalhados. O processo de coleta da medula, realizado em Minas Gerais, foi surpreendentemente tranquilo. Valdiomar minimiza a experiência: “O procedimento foi dos mais simples: entrei na sala de cirurgia, saí, no outro dia fui para casa. Prefiro doar medula que ir ao dentista”, brinca, incentivando outros a se voluntariarem.

Na época do transplante, o Hospital da Criança de Brasília ainda não estava habilitado para realizar procedimentos alogênicos (com medula doada por outra pessoa). Assim, enquanto Valdiomar retornava para Jataí, sua medula viajava até São Paulo, onde Maria Cecília aguardava no Grupo de Apoio ao Adolescente e à Criança com Câncer (Graacc). O procedimento foi um sucesso, e desde então, Maria Cecília segue em acompanhamento ambulatorial no HCB, passando por consultas e exames e apresentando grandes melhorias em seu quadro de saúde.

O reencontro recente no HCB, que contou com a participação da equipe de onco-hematologia do hospital, foi um marco repleto de emoção. Maria Cecília chegou acompanhada pelos pais, avós e primo. Valdiomar também levou familiares, que torciam pela recuperação da menina. O ambiente era de pura celebração e gratidão, com todos compartilhando suas experiências.

Bruna, a mãe, emocionada ao ver a filha feliz e brincando, expressou sua gratidão tanto pela doação de Valdiomar quanto pela dedicação da equipe médica: “Quero agradecer vocês do fundo do meu coração, porque quem faz é Deus, mas ele usa as pessoas e usou vocês para salvar a vida da minha filha. Ela é tudo que eu tenho de mais valioso.”

HCB: Referência em Transplante de Medula Óssea

O Hospital da Criança de Brasília José Alencar tem se consolidado como um centro de excelência em transplantes de medula óssea. Desde 2019 até novembro de 2025, a unidade realizou 162 transplantes, abrangendo as três modalidades. Inicialmente focado em procedimentos autólogos (com medula do próprio paciente), o HCB expandiu seus serviços. Em 2020, começou a realizar transplantes com doadores familiares e, em 2024, passou a realizar transplantes não aparentados, como o caso que uniu Maria Cecília e Valdiomar.

Essa expansão é apoiada pelo Programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional do SUS (Proadi-SUS), em parceria com o Hospital Beneficência Portuguesa de São Paulo. A colaboração garante treinamentos imersivos e troca de dados, elevando a capacitação da equipe multidisciplinar do HCB e ampliando os resultados positivos para crianças que dependem desse tratamento vital.

Para que mais histórias de sucesso como a de Maria Cecília se concretizem, a mobilização nacional para a doação de medula óssea é crucial. O Brasil instituiu, em 2009, a Semana de Mobilização Nacional para Doação de Medula Óssea, realizada de 14 a 21 de dezembro. O cadastro é simples: basta comparecer presencialmente a um Hemocentro, ter entre 18 e 35 anos, apresentar documento com foto e estar em bom estado geral de saúde. A atitude de Valdiomar, sugerida por uma funcionária e aceita prontamente, demonstra como um pequeno gesto pode salvar uma vida inteira.