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Encontro Emocionante: Criança que superou transplante de medula conhece doador

Conheça a história de Maria Cecília e Valdiomar. Após um transplante de medula óssea bem-sucedido, a menina e seu doador se encontram no HCB, celebrando a vida. Saiba como doar.
Encontro Emocionante: Criança que superou transplante de medula conhece doador

A pequena Maria Cecília Freitas tinha apenas dois anos quando enfrentou um transplante de medula óssea crucial para sua sobrevivência. Diagnosticada com a rara Anemia de Blackfan-Diamond, ela vinha sendo acompanhada pela dedicada equipe de onco-hematologia do Hospital da Criança de Brasília José Alencar (HCB). O procedimento trouxe melhorias significativas ao seu quadro de saúde, mas por anos, a família da menina só conhecia o impacto da doação, não o rosto por trás do ato heroico.

Esse mistério chegou ao fim recentemente. Aos cinco anos, Maria Cecília retornou ao HCB, desta vez não para um tratamento intensivo, mas para um emocionante encontro com Valdiomar de Lima Júnior, o homem de 41 anos que se tornou seu doador compatível e salvou sua vida.

A decisão que salvou uma vida: o cadastro no Redome

Valdiomar, morador de Jataí (GO), tomou a decisão de se cadastrar no Registro Brasileiro de Doadores Voluntários de Medula Óssea (Redome) no mesmo ano em que Maria Cecília nasceu. Ele, que já tinha o hábito de doar sangue, recebeu a sugestão de uma funcionária do Hemocentro local. “Tem uns cinco anos que me cadastrei. Eu ia lá só para doar sangue; numa dessas doações, a moça da recepção falou da medula e perguntou se eu tinha interesse de colocar o nome. Eu disse ‘pode pôr!’”, relata Valdiomar, incentivando outras pessoas a fazerem o mesmo.

Para a mãe de Maria Cecília, Bruna de Freitas, a chegada da filha, nascida em Sobradinho, era a realização de um sonho. No entanto, dois meses após o nascimento, os primeiros sinais da doença surgiram: “Ela chorava muito e ficava muito pálida, porque a hemoglobina dela caía.” Após ser encaminhada ao HCB, o diagnóstico de Anemia de Blackfan-Diamond veio rapidamente, junto com a notícia da necessidade urgente de um transplante. A partir daí, iniciou-se a busca por um doador compatível no registro nacional.

O Redome, gerido pelo Ministério da Saúde e apoiado pelo Instituto Nacional de Câncer (Inca), é a ferramenta vital que cruza os dados de pacientes e doadores. Quando Valdiomar recebeu o contato informando sobre a possível compatibilidade, ele prontamente iniciou a série de exames e consultas necessárias. A coleta da medula ocorreu em Minas Gerais. Valdiomar minimiza a complexidade do procedimento: “O procedimento foi dos mais simples: entrei na sala de cirurgia, saí, no outro dia fui para casa. Prefiro doar medula que ir ao dentista”, brinca.

O caminho do transplante e o crescimento do HCB

Na época da doação, a medula de Valdiomar viajou para São Paulo, onde Maria Cecília aguardava no Grupo de Apoio ao Adolescente e à Criança com Câncer (Graacc). Isso ocorreu porque o Hospital da Criança de Brasília ainda não estava habilitado para realizar transplantes de medula óssea alogênicos (com medula de outra pessoa). Contudo, o cenário mudou rapidamente.

O HCB realiza transplantes de medula óssea desde 2019. Inicialmente, apenas procedimentos autólogos (com medula do próprio paciente) eram feitos. Em 2020, a unidade expandiu para doadores familiares e, em 2024, passou a realizar transplantes não aparentados, como o caso que uniu Maria Cecília e Valdiomar. De 2019 até novembro de 2025, o HCB contabilizou 162 transplantes, consolidando-se como um centro de referência, inclusive com o apoio do Programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional do SUS (Proadi-SUS).

O encontro doador medula óssea e paciente foi um momento de intensa emoção. Maria Cecília, acompanhada pelos pais, avós e primo, abraçou Valdiomar, que também levou seus familiares para celebrar a recuperação da menina. Bruna, a mãe, expressou sua profunda gratidão à equipe do hospital e ao doador: “Quero agradecer vocês do fundo do meu coração, porque quem faz é Deus, mas ele usa as pessoas e usou vocês para salvar a vida da minha filha. Ela é tudo que eu tenho de mais valioso.”

Como você pode se tornar um doador

Para que mais histórias de sucesso como a de Maria Cecília se concretizem, a mobilização nacional para a doação de medula óssea é fundamental. O cadastro é simples e realizado presencialmente no Hemocentro. Os requisitos são: ter entre 18 e 35 anos, apresentar documento oficial com foto e estar em bom estado geral de saúde. A Semana de Mobilização Nacional para Doação de Medula Óssea é celebrada anualmente de 14 a 21 de dezembro, reforçando a importância desse gesto que pode salvar vidas.