Estudantes, profissionais da iniciativa privada, servidores, pesquisadores e produtores rurais participaram da primeira edição do curso de Produção de Agrofloresta. Na ocasião, eles aprenderam sobre o método em palestras e atividades práticas na Granja Modelo do Ipê, no Park Way.
“A agrofloresta é uma forma de buscar eficiência na ocupação do espaço, respeitando os recursos disponíveis e a ecologia do local. É a combinação do plantio de árvores nativas e exóticas, utilizando os mesmos recursos, de forma que o agricultor consiga obter renda e reflorestar uma área ao mesmo tempo”
Athaualpa Nazareth Costa, coordenador do Curso de Produção de Agrofloresta
O evento foi realizado nesta quinta-feira (8), das 8h às 18h, pela Secretaria da Agricultura do Distrito Federal (Seagri), em parceria com a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater), para dar continuidade ao ciclo de capacitações gratuitas em produção vegetal oferecidas neste ano. Em 2023, os cursos serão mantidos e ampliados.
Os participantes estudaram os conceitos e pilares da produção de mudas nativas do cerrado e a produção em agrofloresta, além de terem tido a oportunidade de debater o aprimoramento das políticas públicas voltadas à agricultura. Houve ainda uma oficina na Unidade de Referência Tecnológica (URT) de Agrofloresta da Granja, em que a turma pôde colocar a teoria em prática.
A diretora de Políticas de Desenvolvimento Rural da Seagri, Cláudia Gomes, afirma que a capacitação deve permitir a formação de sistemas agroflorestais nas propriedades rurais do DF e do Entorno. “A proposta é que todos conheçam o que são os sistemas, como lidar com as demandas e como manter a produção, para implementá-los em sua propriedade rural como mais uma forma de geração de renda”, salienta Gomes.
O agrônomo da Seagri e coordenador do curso de Produção de Agrofloresta, Athaualpa Nazareth Costa, explica que a produção agroflorestal visa ao plantio de espécies que já seriam usadas pelos produtores para comércio e consumo próprio, junto a outros exemplares – que, até então, não seriam cultivados concomitantemente -, com o intuito de preservar o meio ambiente.
“A agrofloresta é uma forma de buscar eficiência na ocupação do espaço, respeitando os recursos disponíveis e a ecologia do local. É a combinação do plantio de árvores nativas e exóticas, utilizando os mesmos recursos, de forma que o agricultor consiga obter renda e reflorestar uma área ao mesmo tempo”, esclarece ele. “Com isso, a longo prazo, é esperado que tenhamos melhoria na qualidade na restauração dos espaços degradados, melhoria nas condições dos serviços ambientais, ao passo que consigamos gerar mais renda ao produtor e opções mais atrativas de plantio”, completa.
O gerente de Agroecologia de Produção Orgânica da Emater, Daniel Rodrigues Oliveira, afirma que o conteúdo ministrado estimula o alinhamento do sistema com as questões agroecológicas. “São pensados os aspectos legais de uma restauração ambiental. Ensinamos como fazer o consórcio entre a produção de espécies exóticas e nativas de forma benéfica para a natureza e rentável, dentro do que estabelece o código florestal”, explica.
Morador da aldeia Teko Haw, na Reserva Indígena do Noroeste, o produtor rural Francisco Filho Guajajara, 45 anos, lembra que as técnicas contempladas na capacitação serão aplicadas e reproduzidas entre a comunidade tradicional. “Foi um encontro muito bom para trocar conhecimento entre indígenas e não indígenas sobre plantação, o que é muito importante para nós e para a preservação da natureza”, conta ele.
O produtor rural Gustavo da Mata, 37, é um dos responsáveis por uma banca de orgânicos no bairro Ribeirão, na Fercal. A equipe à frente da banca, formada por familiares e amigos, produz alimentos variados, como goiaba, acerola, açafrão, gengibre e mandioca. Com o novo leque de informações obtidas no curso, a expectativa é aumentar o cardápio de hortaliças. “Trouxe novas ideias e reciclou o que já sabíamos. Agora, vamos aproveitar a época das chuvas para começar a produção e testar o que aprendemos”, comenta.
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