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STF marca para fevereiro julgamento da morte de Marielle Franco e Anderson Gomes

O STF, por meio do ministro Flávio Dino, marcou para fevereiro o julgamento dos réus pela morte da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, assassinados em março de 2018 no Rio.
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Foto: EFE/Mário Vasconcellos/Direitos Reservados

O Supremo Tribunal Federal (STF), por intermédio do ministro Flávio Dino, definiu para o mês de fevereiro a realização do julgamento dos indivíduos acusados pela execução da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, brutalmente assassinados em março de 2018 na cidade do Rio de Janeiro. Esta decisão representa um avanço significativo no processo que busca desvendar a autoria e a motivação por trás do crime que chocou o país.

A Deliberação do STF e o Cronograma do Julgamento

O ministro Flávio Dino, que preside a Primeira Turma do STF, formalizou o agendamento das sessões para o próximo ano. O processo, essencialmente, busca elucidar o assassinato da vereadora e de seu motorista, que foram vítimas de disparos de metralhadora em uma emboscada ocorrida na região central do Rio de Janeiro. A liberação do caso para julgamento havia sido concedida no dia anterior pelo ministro relator, Alexandre de Moraes, o que permitiu que Dino prosseguisse com a marcação das datas.

Conforme o planejamento estabelecido, foram convocadas três sessões específicas para a análise aprofundada do caso. A primeira delas está programada para iniciar às 9h de uma terça-feira, no dia 24 de fevereiro. Em seguida, na mesma data, uma sessão ordinária da Primeira Turma foi reservada, à tarde, entre 14h e 18h, para continuar a discussão. Caso haja necessidade de mais tempo para as deliberações, uma sessão extraordinária adicional foi prevista para a manhã do dia 25 de fevereiro, também com início às 9h.

É importante destacar que a definição dessas datas ocorreu nesta última sexta-feira, 5 de janeiro. O recesso do Supremo Tribunal Federal, que se estende de 19 de dezembro a 1º de fevereiro, foi o principal motivo para que o julgamento fosse postergado para o ano seguinte. Portanto, a retomada dos trabalhos permitirá o prosseguimento deste importante caso judicial.

Os Acusados e as Alegações de Envolvimento

O rol de réus apontados por suposta participação no crime inclui figuras com distintas atuações. Entre eles, estão Domingos Brazão, conselheiro do Tribunal de Contas do Rio de Janeiro (TCE-RJ), e seu irmão, Chiquinho Brazão, ex-deputado federal. Além disso, a lista de acusados compreende Rivaldo Barbosa, que já foi chefe da Polícia Civil do Rio de Janeiro, o major da Polícia Militar Ronald Alves de Paula e Robson Calixto, um ex-policial militar que atuava como assessor de Domingos Brazão. Todos os mencionados encontram-se atualmente detidos de forma preventiva.

A investigação ganhou novos contornos com a delação premiada de Ronnie Lessa, ex-policial militar e réu confesso por ser o autor dos disparos que vitimaram Marielle e Anderson. De acordo com o depoimento de Lessa, os irmãos Brazão, em conjunto com Rivaldo Barbosa, teriam atuado como os mandantes do duplo assassinato. Essa revelação adicionou uma camada crucial à complexidade do caso, apontando para um esquema de maior envergadura.

Adicionalmente, cada um dos acusados é apontado com um papel específico na trama criminosa. Rivaldo Barbosa, por exemplo, é suspeito de ter participado ativamente dos preparativos para a execução. Ronald Alves de Paula, por sua vez, teria sido responsável por monitorar a rotina da vereadora e repassar informações cruciais para o grupo. Por fim, Robson Calixto teria sido o encarregado de entregar a arma utilizada no crime a Ronnie Lessa. Tais alegações, portanto, delineiam uma intrincada rede de colaboração para a concretização do assassinato.

O Contexto do Crime: Motivação e Investigação Detalhada

Conforme os resultados da investigação conduzida pela Polícia Federal, o assassinato de Marielle Franco está intrinsecamente ligado ao seu posicionamento político. A parlamentar, notadamente, se opunha firmemente aos interesses do grupo político liderado pelos irmãos Brazão. Este grupo, de acordo com as apurações, possui ligações com questões fundiárias em áreas dominadas por milícias no Rio de Janeiro. A resistência de Marielle a esses interesses, portanto, é considerada a principal motivação para o crime hediondo.

Por outro lado, em depoimentos prestados durante a fase de investigação, todos os indivíduos acusados negaram veementemente qualquer participação no assassinato de Marielle Franco e Anderson Gomes. As defesas, assim, contestam as evidências apresentadas e as acusações decorrentes da delação premiada. A expectativa agora se volta para o julgamento no STF, onde essas alegações serão confrontadas com as provas e testemunhos apresentados, buscando finalmente trazer justiça às vítimas e clareza para a sociedade brasileira.