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STF: Maioria condena 5 PMs do DF a 16 anos por omissão no 8/1

O STF formou maioria nesta quinta-feira (4) para condenar cinco ex-PMs do DF a 16 anos de prisão por omissão nos atos de 8 de janeiro de 2023.
Condenação PMs 8/1 omissão
Foto: Joédson Alves/Agencia Brasil

A Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) formou uma maioria nesta quinta-feira (4) para condenar cinco ex-integrantes da cúpula da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF) a 16 anos de prisão. A decisão se baseia na omissão dos oficiais durante os ataques golpistas ocorridos em 8 de janeiro de 2023, um evento que marcou profundamente a história política recente do país. O julgamento virtual, que teve início na semana passada, está em andamento e será concluído nesta sexta-feira (5).

Condenação da Cúpula da PMDF: Nomes e Veredito

Até o momento, o placar da sessão virtual indica três votos a zero pela condenação dos ex-oficiais. Entre os condenados estão Fábio Augusto Vieira, que ocupava o cargo de ex-comandante-geral da PMDF, e Klepter Rosa Gonçalves, então ex-subcomandante-geral. Além deles, os coronéis Jorge Eduardo Barreto Naime, Paulo José Ferreira de Sousa e Marcelo Casimiro Vasconcelos também receberam a mesma sentença. Esses indivíduos foram considerados culpados por não agirem eficazmente na contenção dos manifestantes que invadiram e depredaram as sedes dos Três Poderes em Brasília.

Por outro lado, a mesma maioria do colegiado manifestou-se pela absolvição de outros dois acusados: o major Flávio Silvestre de Alencar e o tenente Rafael Pereira Martins. A decisão de absolvê-los foi fundamentada na ausência de provas suficientes para sustentar as acusações contra eles. Portanto, enquanto alguns líderes da corporação enfrentarão a justiça, outros tiveram seus nomes limpos pela instância máxima do Judiciário brasileiro.

Os Votos Decisivos no STF e a Fundamentação

Os votos favoráveis à condenação foram proferidos por três ministros. O relator do caso, ministro Alexandre de Moraes, foi o primeiro a apresentar sua fundamentação. Em seguida, os ministros Flávio Dino e Cristiano Zanin acompanharam integralmente o voto do relator, consolidando a maioria. A ministra Cármen Lúcia ainda não proferiu seu voto, mas a maioria já está estabelecida para a condenação.

No voto que conduziu o caso, o ministro Alexandre de Moraes interpretou as condutas dos réus como omissas durante os fatídicos atos golpistas. Consequentemente, ele considerou que os ex-PMs cometeram os crimes de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado e deterioração do patrimônio tombado. Moraes enfatizou a gravidade das ações, ou da inação, que permitiram os ataques às instituições democráticas.

Assim sendo, o relator argumentou que “o arbítrio, a violência e a quebra dos princípios republicanos, como se verificou com os atos criminosos perpetrados por multidões que invadiram os prédios dos Três Poderes em 8 de janeiro de 2023, foram facilitados pela omissão dolosa de autoridades responsáveis pela segurança institucional”. Essa citação reitera a visão da corte de que a falta de ação não foi acidental, mas sim uma falha intencional com graves repercussões para a ordem democrática.

A Perspectiva da Defesa: Questionamentos e Alegações

Durante o processo de tramitação das ações, as defesas dos acusados levantaram uma série de questionamentos. Primeiramente, os advogados contestaram a competência do Supremo Tribunal Federal para julgar o caso, alegando que os acusados não possuem foro privilegiado. Essa argumentação visava a remessa do processo para instâncias judiciais inferiores, onde, segundo a defesa, o julgamento seria mais adequado.

Além disso, as defesas dos ex-PMs também apontaram cerceamento de defesa. Segundo os advogados, não houve acesso total à documentação completa do processo, o que teria comprometido a capacidade de apresentar uma defesa robusta e equitativa. Entretanto, esses argumentos não foram suficientes para alterar a percepção da maioria dos ministros sobre a responsabilidade dos réus nos eventos de 8 de janeiro.

Implicações e Desdobramentos da Decisão

A condenação desses cinco ex-policiais militares do Distrito Federal pelo STF representa um marco significativo na responsabilização pelos eventos antidemocráticos de 8 de janeiro. Portanto, a decisão envia uma mensagem clara sobre a inaceitabilidade da omissão por parte de agentes públicos na proteção das instituições democráticas. Em conclusão, este veredito reforça o compromisso do Judiciário com a manutenção do Estado Democrático de Direito e a punição de condutas que o ameacem, servindo como um precedente importante para futuros casos de responsabilidade de agentes de segurança.