Edição Brasília

Senado homenageia mulheres fundamentais na redemocratização

O Senado Federal inaugurou exposição nesta terça-feira (25) e inicia série de atividades para homenagear mulheres essenciais na redemocratização do país há 40 anos.
Mulheres redemocratização Brasil
Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil

O Senado Federal inaugurou nesta terça-feira (25) uma importante exposição e deu início a uma série de atividades destinadas a homenagear mulheres cujo papel foi fundamental no processo de redemocratização do Brasil, há exatos 40 anos. A iniciativa, portanto, visa a reconhecer a contribuição dessas figuras essenciais que atuaram em um período de transição democrática, marcando a superação do regime militar e a construção de um novo cenário político no país.

“Mulheres na Redemocratização”: Uma Homenagem Necessária

Intitulada “Mulheres na Redemocratização”, a exposição centraliza as homenagens a 36 profissionais e a seis representantes que exerceram mandatos no Congresso Nacional. Essas mulheres dedicaram-se incansavelmente à luta pela liberdade e pela restauração democrática. Conforme destacam as organizadoras do evento, muitas dessas vozes femininas foram historicamente invisibilizadas, mas desempenharam um papel crucial na elaboração da Constituição de 1988, um marco para o país. Entre as personalidades destacadas, encontra-se a renomada jornalista Mara Régia di Perna, que representa a Empresa Brasil de Comunicação (EBC).

Os interessados podem visitar a exposição presencialmente na galeria Ivandro Cunha Lima, localizada no Senado Federal. Além disso, a mostra está disponível virtualmente, permitindo acesso a um público mais amplo por meio da página oficial do Senado na internet.

O Legado de Mara Régia di Perna no Rádio

Mara Régia di Perna é uma das comunicadoras mais laureadas do Brasil, acumulando mais de quatro décadas de experiência no universo do rádio. Ela está à frente do programa “Viva Maria”, transmitido pela Rádio Nacional de Brasília, desde o início da década de 1980. Naquele período turbulento de redemocratização, Mara Régia, por meio de suas pautas engajadas e cidadãs, conseguiu mobilizar ouvintes e impulsionar debates relevantes sobre os rumos do país. Suas transmissões, portanto, tornaram-se um importante veículo para a conscientização e a participação popular.

Em seu discurso proferido na cerimônia de abertura da mostra, Mara Régia relembrou a significativa ação da sufragista Carmen Portinho. Portinho, um nome icônico na luta pelos direitos femininos, entregou uma carta decisiva ao então presidente da Câmara dos Deputados, Ulysses Guimarães, que simbolizava a voz e as demandas das mulheres naquele contexto. A jornalista ressaltou: “Nós mobilizamos as pessoas nos momentos de votação que aconteciam aqui”, enfatizando a importância da participação popular e da organização social na construção democrática.

A Luta por Direitos Iguais na Constituição

A comunicadora detalhou, outrossim, as árduas batalhas enfrentadas para assegurar a inclusão, na Constituição Federal, do princípio de igualdade de direitos entre homens e mulheres. Este foi um esforço contínuo e repleto de desafios, mas essencial para o avanço da sociedade brasileira. Mara Régia concluiu sua fala com uma reflexão poderosa: “A palavra é o que fica, a nossa ação, a transformação e a vida em comum”. Essas palavras ecoam a crença na capacidade transformadora da comunicação e da ação coletiva. A iniciativa da exposição e das atividades correlatas partiu da Rede Equidade, em colaboração com o Comitê Permanente de Gênero e Raça do Senado Federal, evidenciando um compromisso institucional com a memória e a equidade.

Protagonismo Feminino e Legado de Coragem

De acordo com Maria Terezinha Nunes, coordenadora da Rede Equidade, o principal objetivo da exposição é justamente lançar luz sobre o protagonismo feminino em um período marcado por profundas transformações sociais e políticas. Ela sublinhou que essas mulheres deixaram um legado indelével de coragem, resistência e determinação para as gerações futuras. “Essas mulheres que lutaram muito nesse período tiveram uma contribuição muito significativa, que fez toda a diferença”, afirmou Maria Terezinha, reconhecendo o impacto duradouro de suas ações.

Além da exposição, a programação prevê a produção de um documentário, que aprofundará as histórias e os desafios enfrentados por essas pioneiras. Posteriormente, será realizado um seminário no dia 9 de dezembro, com atividades programadas entre 8h30 e 18h, no auditório Antonio Carlos Magalhães. Este evento integra a agenda dos 21 dias de ativismo pelo fim da violência contra as mulheres e reunirá importantes figuras dos movimentos de resistência, consolidando um espaço de debate e reflexão.

Agenda do Seminário: Debates e Experiências

Os organizadores informam que o seminário estará estruturado em três painéis temáticos. O primeiro painel fará alusão aos movimentos de mulheres durante o período da ditadura militar, analisando suas estratégias e conquistas. Em seguida, o segundo painel abordará as lutas e resistências das mulheres no campo e nas florestas, destacando suas contribuições para a sustentabilidade e a justiça social. Por fim, o último painel trará experiências institucionais concretas, voltadas ao fortalecimento da democracia e à promoção da equidade de gênero e raça no contexto brasileiro. Dessa forma, o evento busca oferecer uma perspectiva abrangente sobre a atuação feminina em diversos setores da sociedade.