Edição Brasília

Moraes notifica TSE sobre inelegibilidade de Bolsonaro até 2060 por golpe

Alexandre de Moraes notifica o TSE nesta terça-feira sobre a inelegibilidade de Jair Bolsonaro até 2060, após condenação por trama golpista.
Inelegibilidade Bolsonaro 2060
Foto: Valter Campanato/Agência Brasil

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), formalizou nesta terça-feira (25) a notificação ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sobre a inelegibilidade do ex-presidente Jair Bolsonaro. Esta medida decorre da condenação de Bolsonaro a uma pena de 27 anos e três meses de prisão pela sua participação em uma trama golpista, resultando em uma restrição eleitoral que se estende até o ano de 2060.

Determinação Judicial e Fundamentação Legal da Inelegibilidade

A decisão de Moraes, divulgada mais cedo, já havia estabelecido a execução das penas para Bolsonaro e os demais réus envolvidos no primeiro núcleo da operação que investigou a referida trama golpista. Posteriormente, o ministro instruiu especificamente que o TSE fosse oficiado, conforme as disposições do artigo 1º, inciso I, alínea 1.10, da Lei Complementar nº 135/2010, mais conhecida como Lei da Ficha Limpa.

De acordo com essa legislação, a condenação por decisão judicial colegiada acarreta a inelegibilidade do indivíduo por um período de oito anos, que começa a ser contado após o cumprimento integral da pena. Portanto, ao somar o tempo da sentença e o prazo adicional estabelecido pela Ficha Limpa, a proibição de Bolsonaro de disputar eleições se prolonga até 2060. Nesse ano, o ex-presidente atingirá a idade de 105 anos; atualmente, ele tem 70.

Além disso, a notificação enfatiza a gravidade do veredito proferido. A Lei da Ficha Limpa visa aprimorar a probidade administrativa e a moralidade no exercício de cargos públicos, assegurando que candidatos com histórico de condenações colegiadas por crimes específicos, como aqueles relacionados à segurança do Estado, fiquem impedidos de participar do processo eleitoral. Consequentemente, a determinação de Moraes garante a aplicação rigorosa dessa norma ao caso do ex-presidente.

O Contexto da Dupla Inelegibilidade de Bolsonaro

É crucial notar que esta não é a primeira vez que Jair Bolsonaro enfrenta uma declaração de inelegibilidade. Na verdade, o ex-mandatário já estava impedido de concorrer a cargos eletivos até o ano de 2030, em função de uma condenação anterior emitida pelo próprio Tribunal Superior Eleitoral.

Aquela condenação, por sua vez, foi resultado de abuso de poder político e econômico. O caso específico remete a uma reunião com embaixadores estrangeiros, realizada em julho de 2022, no Palácio da Alvorada. Durante o encontro, Bolsonaro utilizou a estrutura presidencial para veicular ataques infundados ao sistema eletrônico de votação brasileiro, levantando dúvidas sobre a integridade das urnas eletrônicas e a transparência do processo eleitoral.

A nova decisão do STF, entretanto, adiciona uma camada significativa a essa situação, estendendo o período de inelegibilidade por mais três décadas. Assim, a sucessão de condenações desenha um cenário em que a participação de Jair Bolsonaro em futuras disputas eleitorais torna-se praticamente inviável por um longo horizonte temporal. Consequentemente, a carreira política do ex-presidente, no que diz respeito a candidaturas, é severamente impactada por essas determinações judiciais.

Impacto das Decisões na Trajetória Política

As notificações e condenações recentes consolidam a situação jurídica de Jair Bolsonaro, com implicações profundas para seu futuro político. A inelegibilidade até 2060, somada à anterior de 2030, representa uma barreira quase intransponível para qualquer retorno às urnas. Isso, por conseguinte, reconfigura o panorama político, especialmente para a direita brasileira, que deverá buscar novas lideranças ou estratégias em um cenário sem a presença de Bolsonaro como candidato.

Em conclusão, a atuação do ministro Alexandre de Moraes e as decisões do Supremo Tribunal Federal e do Tribunal Superior Eleitoral sublinham o compromisso com a aplicação da legislação eleitoral e a proteção do sistema democrático. Portanto, a inelegibilidade de Bolsonaro, derivada de condenações por atos considerados graves contra a democracia e por abuso de poder, envia uma mensagem clara sobre a responsabilização de figuras públicas perante a justiça.