A ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, fez uma cobrança incisiva nesta terça-feira, em Belém, ao afirmar que a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30) deve culminar com a aprovação dos indicadores globais de adaptação. Essa medida, conforme sua declaração no discurso de abertura do segmento de alto nível de ministros, é fundamental para o enfrentamento eficaz dos crescentes impactos decorrentes das alterações climáticas.
A Necessidade Urgente de Indicadores de Adaptação Climática
Os indicadores de adaptação representam um conjunto de regras e métricas essenciais que têm a finalidade de guiar as nações em todo o mundo. Desse modo, eles visam preparar cidades e áreas naturais para resistir aos efeitos adversos provocados pelas mudanças no clima. Para exemplificar, uma das aplicações desses indicadores reside na criação de espaços mais verdes nas zonas urbanas. Essa iniciativa, por sua vez, torna o solo mais permeável, consequentemente atenuando os danos causados por inundações e enxurradas.
Marina Silva sublinhou a centralidade da adaptação na estratégia global de resposta. A ministra salientou que a proteção de pessoas, bem como de territórios terrestres e marítimos, exige a implementação de instrumentos tangíveis. Tais ferramentas são cruciais para mensurar o progresso, orientar políticas públicas e, por conseguinte, diminuir as vulnerabilidades das comunidades.
Ambição Reforçada e Mapas de Caminho para o Futuro
A ciência, segundo Marina Silva, alerta continuamente para a urgência de manter o aquecimento global em 1,5ºC. Para alcançar esse objetivo, portanto, é imperativo que os países implementem integralmente as metas nacionais que já apresentaram, conhecidas como NDCs (Contribuições Nacionalmente Determinadas). Nesse contexto, a ministra enfatizou a necessidade de “ação rápida, ambição reforçada e implementação acelerada” das políticas e compromissos climáticos.
Além disso, a ministra reforçou a visão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre a elaboração de “mapas do caminho”. Estes roteiros são estratégicos para reverter o desmatamento de forma justa e planejada, assim como para superar progressivamente a dependência de combustíveis fósseis, mobilizando os recursos financeiros necessários. Os mapas de caminho, portanto, configuram-se como guias práticos para assegurar que as transições energéticas e ambientais ocorram de maneira gradual e eficaz.
Diálogo Estruturado e a Essência da Transição Justa
Marina Silva ressaltou que não existem respostas universais para a complexidade do desafio climático. Por essa razão, um diálogo estruturado é fundamental, permitindo a troca de experiências e o desenvolvimento de estratégias de longo prazo. Essa abordagem, conforme a ministra, deve contemplar equitativamente tanto os países produtores quanto os países consumidores de combustíveis fósseis, promovendo uma compreensão mútua e soluções colaborativas.
Ainda assim, a ministra reiterou a responsabilidade diferenciada das nações. Ela defendeu que os países mais ricos devem liderar esse processo, agindo com maior celeridade. Isso se justifica pela sua maior responsabilidade histórica em relação aos impactos climáticos e por possuírem uma capacidade financeira superior. Contudo, Marina Silva não isentou os países em desenvolvimento, instando-os a se comprometerem com a criação de meios de implementação que sejam coerentes com a redução das desigualdades sociais e econômicas.
Essa perspectiva reflete a essência de uma transição justa. Em outras palavras, trata-se de um processo que visa proteger as pessoas, fortalecer a resiliência das comunidades e orientar todas as decisões com base na ciência. A ministra esclareceu que essa ciência abrange tanto o conhecimento científico moderno quanto a sabedoria ancestral dos povos originários, reconhecendo a importância de uma abordagem integrada e culturalmente sensível para a sustentabilidade global.



