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PF estima R$ 12 bilhões em fraudes e prende dono do Banco Master

PF estima R$ 12 bilhões em fraudes e prende dono do Banco Master em megaoperação deflagrada nesta terça, afastando diretores do BRB.
PF prende dono Banco Master
Foto: Andressa Anholete/Agência Senado

A Polícia Federal (PF) deflagrou nesta terça-feira (18) uma ampla operação de combate a fraudes contra o sistema financeiro, batizada de Compliance Zero, que pode ter movimentado um montante impressionante de R$ 12 bilhões. No âmbito dessa megaoperação, o empresário Daniel Vorcaro, proprietário do Banco Master, foi detido no Aeroporto de Guarulhos. Além disso, a Justiça determinou o afastamento de Paulo Henrique Costa, presidente do Banco Regional de Brasília (BRB), e Dario Oswaldo Garcia Júnior, diretor de Finanças e Controladoria da mesma instituição.

Megaoperação da Polícia Federal e Impacto Financeiro

O diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues, estimou que as atividades ilícitas investigadas pela Operação Compliance Zero podem ter alcançado a marca de R$ 12 bilhões. De acordo com Rodrigues, em depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Senado sobre o crime organizado, a ação representa um esforço conjunto crucial com o Banco Central (BC) e o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), mirando crimes graves contra o sistema financeiro nacional. A operação teve início nas primeiras horas da terça-feira.

Entre os principais alvos, Daniel Vorcaro, dono do Banco Master, foi preso enquanto tentava embarcar em um voo no Aeroporto de Guarulhos. Para mais detalhes sobre a prisão, clique aqui. Paralelamente, foram afastados de seus cargos no BRB o presidente Paulo Henrique Costa e o diretor de Finanças e Controladoria, Dario Oswaldo Garcia Júnior, conforme noticiado anteriormente, disponível neste link. Ainda nas ações iniciais da manhã, Andrei Rodrigues revelou aos senadores a apreensão de R$ 1,6 milhão em espécie na residência de um dos investigados. Consequentemente, a PF confirmou que a operação resultou em “várias prisões” além das já divulgadas.

Entenda a Operação Compliance Zero

A Operação Compliance Zero é o resultado de investigações iniciadas pela Polícia Federal em 2024. Seu principal objetivo é apurar e combater um esquema complexo de emissão de títulos de créditos falsos por parte de instituições que integram o Sistema Financeiro Nacional. Em essência, as instituições suspeitas estariam criando operações de crédito fraudulentas, simulando empréstimos e outros valores a receber que não existiam de fato. Posteriormente, essas carteiras de crédito falsas eram negociadas com outros bancos.

O modus operandi prosseguia com a substituição desses créditos fraudulentos e títulos de dívida por outros ativos, sem a devida avaliação técnica, após a aprovação contábil pelo Banco Central. Neste cenário, o Banco Master emerge como o principal alvo da investigação, que foi instaurada a pedido do Ministério Público Federal (MPF). Por outro lado, o Banco Regional de Brasília (BRB) divulgou um comunicado afirmando que “sempre atuou em conformidade com as normas de compliance e transparência, prestando, regularmente, informações ao Ministério Público Federal e ao Banco Central sobre todas as operações relacionadas [às negociações de compra do] Banco Master”.

A Reação do Banco Central e Liquidação da Master Corretora

Diante da gravidade da situação e dos desdobramentos da operação policial, o Banco Central (BC) agiu rapidamente. Por meio de um comunicado oficial, o BC formalizou a liquidação extrajudicial da Master Corretora de Câmbio, Títulos e Valores Imobiliários. Esta medida, crucial para a estabilidade do sistema, está detalhada aqui.

O documento emitido pelo Banco Central nomeia a empresa EFB Regimes Especiais de Empresas como liquidante extrajudicial, concedendo-lhe “amplos poderes de administração e representação da sociedade”. Ademais, Eduardo Felix Bianchini foi designado como responsável técnico por todo o processo. Essa ação do BC visa garantir a transparência e a correta condução dos procedimentos de liquidação, protegendo o sistema financeiro de novas irregularidades.

O Cenário do Banco Master e Seus Desafios

O Banco Master ganhou notoriedade no mercado financeiro devido à sua política agressiva de captação de recursos. Historicamente, a instituição oferecia rendimentos que podiam alcançar até 140% do Certificado de Depósito Bancário (CDI) para investidores que adquiriam seus títulos. Essa oferta de ganhos era significativamente superior às taxas médias praticadas por bancos de pequeno porte, que giravam em torno de 110% a 120% do CDI. Entretanto, essa estratégia gerava questionamentos sobre a sustentabilidade de suas operações.

Posteriormente, operações do banco envolvendo precatórios – títulos de dívidas governamentais com sentença judicial definitiva – também intensificaram as dúvidas sobre a real situação financeira do Master. Para agravar o quadro, a tentativa do banco de captar recursos através da emissão de títulos em dólares não obteve sucesso. Curiosamente, apenas um dia antes (17), o grupo Fictor, especializado em investimentos e gestão de empresas, havia anunciado a intenção de comprar o Banco Master. A Agência Brasil, por sua vez, informa que busca contato com Paulo Henrique Costa, Dario Oswaldo Garcia Júnior e a defesa de Daniel Vorcaro, permanecendo à disposição para incluir os posicionamentos dos citados.