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Dia da Consciência Negra: SP tem vasta programação de arte e história

São Paulo celebra o Dia da Consciência Negra com vasta programação cultural e educativa, incluindo exposições, teatro e visitas históricas em diversos pontos da cidade durante o mês de novembro.
Programação Consciência Negra SP
Foto: Centro Cultural de São Paulo

São Paulo se prepara para celebrar o Dia da Consciência Negra com uma extensa e diversificada programação cultural e educativa. Ao longo do mês de novembro, a metrópole paulistana oferece um calendário repleto de exposições, espetáculos teatrais, debates e roteiros históricos, espalhados por diferentes bairros, com o objetivo de refletir sobre a importância da data e a contribuição da cultura afro-brasileira.

Expo Internacional da Consciência Negra: Afrofuturismo em Destaque

O Centro Cultural São Paulo, situado no bairro Vergueiro, será palco da Expo Internacional da Consciência Negra, que ocorrerá nesta quarta-feira, dia 19, e quinta-feira, dia 20. Com entrada gratuita, o evento adota o tema “Afrofuturismo”, propondo uma imersão na educação antirracista e no afroempreendedorismo.

Ademais, o conceito de afrofuturismo será amplamente explorado, ressaltando a construção de projetos futuros com um forte protagonismo negro e a reinterpretação do passado sob uma perspectiva afrocentrada. A exposição não apenas aborda o futuro, mas também festeja as significativas transformações sociais alcançadas pela sociedade brasileira, especialmente as provenientes de comunidades negras, indígenas e imigrantes. Por conseguinte, o espaço se torna um ponto de reflexão e celebração. O Centro Cultural São Paulo está localizado na Rua Vergueiro, número 1.000, na Liberdade.

Samba, Censura e Resistência: Vozes da Ditadura Militar

No Memorial da Resistência de São Paulo, localizado em Santa Ifigênia, uma roda de conversa especial acontecerá na quinta-feira, às 14h. Este encontro crucial focará na censura de letras de samba-enredo durante o período da ditadura civil-militar, revelando como a arte foi silenciada. Além disso, a discussão se aprofundará no papel histórico do samba como uma potente expressão de resistência negra e popular, fomentando o diálogo sobre memória, cultura e liberdade.

Esta iniciativa, intitulada “Samba, Censura e Resistência durante a Ditadura Militar”, é uma colaboração com a renomada escola de samba Casa Verde, que, aliás, participou do primeiro desfile organizado em São Paulo, em 1968, justamente durante o regime ditatorial. A Casa Verde, em seus próprios arquivos, descobriu documentos originais que atestam a censura aplicada às suas letras. O Memorial da Resistência de São Paulo encontra-se no Largo General Osório, número 66, em Santa Ifigênia.

“Menino Mandela” e Sons da África na Caixa Cultural

A Caixa Cultural São Paulo, situada na Praça da Sé, preparou uma programação especial para o feriado, destacando o musical “Menino Mandela” e uma oficina de músicas tradicionais africanas. O espetáculo teatral oferece uma perspectiva sensível sobre a infância de Nelson Mandela, o ex-presidente da África do Sul, que se tornou um símbolo mundial da luta dos negros pelo fim do apartheid e um laureado com o Prêmio Nobel da Paz. A peça estará em cartaz em dois períodos: de 20 a 23 e de 27 a 30 de novembro.

Simultaneamente, a oficina de músicas tradicionais africanas convida os participantes a uma imersão no rico universo de sons, ritmos, danças e brincadeiras típicas do continente. Os interessados terão a oportunidade de entrar em contato com instrumentos ancestrais, como o djembe, um tambor tradicional da África Ocidental. Essa vivência cultural está marcada para os dias 22 e 23 de novembro, e é necessário realizar uma inscrição gratuita através do site da Caixa Cultural para participar.

Casa Sítio da Ressaca: Herança Negra e Patrimônio Histórico

No bairro Jabaquara, a Casa Sítio da Ressaca, um dos mais antigos exemplares da arquitetura bandeirista da cidade, promove uma visita temática sobre a presença negra na história da região. A partir desta terça-feira, dia 18, e estendendo-se até 23 de novembro, a atividade “Memórias de Ressaca: Presença Negra e Patrimônio Vivo” promete desvendar as transformações urbanas que moldaram o local, desde as construções em taipa de pilão do século 18.

Além disso, esta iniciativa integra um percurso cultural mais amplo, articulado com o Centro de Culturas Negras Mãe Sylvia de Oxalá e a Biblioteca Paulo Duarte. Juntos, esses espaços formam um complexo cultural dedicado à valorização da identidade afro-brasileira na metrópole. A Casa Sítio da Ressaca está localizada na Rua Nadra Raffoul Mokodsi, número 3, no Jabaquara.

Beco do Pinto: Roteiro de Memória Negra no Centro Histórico

O Centro Histórico de São Paulo também integra a programação, com o Beco do Pinto sediando uma visita temática especial. De hoje até domingo, dia 23, a atividade “Passagens Negras: Rastros e Resistências no Beco do Pinto” transformará este espaço em um verdadeiro corredor de memória afro-brasileira. Através de vestígios arqueológicos e marcas no chão, a narrativa se desenrola, contando histórias de trabalho árduo, deslocamento e a incessante resistência das populações afrodescendentes na São Paulo colonial e pós-colonial.

Literatura e Consciência nas Bibliotecas Municipais

As bibliotecas municipais da capital paulista também se unem às celebrações, oferecendo a contação de histórias “Pequenas Notáveis: Caroline de Jesus”, apresentada pela Companhia Núcleo. Esta atividade, disponível até o dia 28 de novembro, busca resgatar e relembrar a infância de uma das vozes mais importantes da literatura negra brasileira, oferecendo uma perspectiva íntima sobre sua trajetória.

As apresentações estão agendadas em diversas unidades, proporcionando acesso a diferentes regiões da cidade. Consequentemente, o público poderá acompanhar a programação nas seguintes bibliotecas: José Paulo Paes, na Penha, no dia 18; Prestes Maia, em Santo Amaro, no dia 19; Raul Bopp, na Aclimação, no dia 25; Alceu Amoroso Lima, em Pinheiros, no dia 27; e, por fim, Álvaro Guerra, também em Pinheiros, no dia 28.