O presidente Luiz Inácio Lula da Silva promoveu uma reunião crucial nesta quinta-feira (13), congregando ministros que já exerceram o cargo de governadores, com o objetivo de impulsionar e destravar a tramitação de importantes propostas legislativas relacionadas à segurança pública no Congresso Nacional. A pauta central do encontro, realizado no Palácio do Planalto, concentrou-se na urgência de aprovar a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Segurança Pública, encaminhada pelo governo em abril, e o projeto de lei (PL) Antifacção, apresentado em outubro.
Durante a reunião, o presidente Lula solicitou aos seus ministros, muitos dos quais mantêm fortes laços com suas antigas bancadas parlamentares, um esforço redobrado na articulação política. A expectativa é que essa rede de contatos facilite a aprovação das matérias. Segundo Gleisi Hoffmann, ministra da Secretaria de Relações Institucionais, a experiência dos ex-governadores no trato com o Congresso é um trunfo valioso para a agenda do governo. Ela salientou, em coletiva de imprensa no Palácio do Planalto, que a influência desses ministros junto aos deputados de suas bases será fundamental para o sucesso das negociações.
Estratégia e Perspectivas da Articulação Governamental
De acordo com a ministra Gleisi Hoffmann, o propósito da reunião era justamente colher as vivências e percepções de cada ex-governador tanto sobre a temática da segurança pública quanto sobre a dinâmica de tramitação dos projetos no parlamento. “Foi uma reunião muito interessante e produtiva porque os nossos ministros ex-governadores reiteraram a importância da aprovação desses marcos legais”, afirmou a ministra, reforçando a unidade de propósito do grupo. Consequentemente, a mobilização visa a otimizar a comunicação e o convencimento dentro das bancadas.
Além disso, o governo federal aposta na PEC da Segurança Pública como um instrumento para fortalecer a integração entre as forças de segurança federais, estaduais e municipais. Essa colaboração estratégica é vista como essencial para um “combate efetivo” ao crime organizado. Gleisi Hoffmann explicou que a proposta “dá condições de integrar o trabalho das forças de segurança desde o planejamento à ação”, o que representa um avanço significativo na coordenação das operações.
Desafios e Posição do Governo no PL Antifacção
No entanto, a tramitação do PL Antifacção enfrenta resistências e divergências. Embora o deputado Guilherme Derrite (PP-SP) tenha apresentado um relatório substitutivo, a ministra Gleisi Hoffmann expressou preocupação com alguns pontos do texto. Ela destacou que o governo mantém ressalvas em relação à apreensão de bens, propondo que ocorra apenas após o trânsito em julgado do processo, e à tipificação penal. As questões que preocupam o governo exigem um esclarecimento preciso sobre a definição de facção criminosa, um conceito que envolve domínio territorial e econômico e se distingue da organização criminosa.
Em um cenário de intensas discussões, o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta, decidiu adiar a deliberação sobre o PL Antifacção. Inicialmente prevista para esta semana, a discussão e votação do texto foram remarcadas para a próxima terça-feira (18), tornando-se pauta única da sessão. A decisão de Motta reflete a complexidade da matéria e a necessidade de mais tempo para o consenso.
Preparação Governamental para o Debate Parlamentar
Apesar dos desafios, Gleisi Hoffmann assegurou que o governo possui um “acúmulo grande de discussão dessa matéria” e está plenamente preparado para defender o projeto em plenário. Ela ressaltou que a elaboração do projeto levou “seis meses” e não foi um trabalho apressado. Pelo contrário, o texto passou por um processo exaustivo de debates com “especialistas, com a universidade, com autoridades da área de segurança dos estados”. Portanto, a ministra afirmou que o governo tem “condições de fazer esse debate” de forma consistente, dada a robustez e o aprofundamento dos estudos que fundamentam a proposta.
Entre os ministros que participaram ativamente da reunião com o presidente Lula estavam: Geraldo Alckmin (Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços e vice-presidente da República), Rui Costa (Casa Civil), Renan Filho (Transportes), Camilo Santana (Educação), Wellington Dias (Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome) e Waldez Góes (Integração e do Desenvolvimento Regional). Além dos ex-governadores, a ministra Gleisi Hoffmann também esteve presente, juntamente com Ricardo Lewandowski, ministro da Justiça e Segurança Pública, e Fernando Haddad, ministro da Fazenda.



