O ex-prefeito de Lajeado (RS), Marcelo Caumo, solicitou seu afastamento do cargo de secretário estadual de Desenvolvimento Urbano e Metropolitano do Rio Grande do Sul nesta quinta-feira, 13 de junho. A decisão ocorre após Caumo ter sido alvo de uma operação da Polícia Federal (PF), com o suporte da Controladoria-Geral da União (CGU), que investiga supostos desvios de verbas públicas durante a gestão municipal de Lajeado em 2024, especialmente em meio às enchentes que assolaram a região.
Saída do Governo do Estado para Esclarecimentos
Marcelo Caumo, que assumiu a secretaria estadual em abril deste ano, manifestou-se por meio de suas redes sociais para justificar o pedido de desligamento. Segundo ele, a medida visa permitir que se dedique integralmente aos esclarecimentos das denúncias. Caumo afirmou, mesmo sem ter acesso completo aos dados do processo, que fará todas as defesas necessárias, mas ressaltou um “sentimento de injustiça muito latente no coração” diante da situação. Anteriormente, ele esteve à frente da administração de Lajeado entre os anos de 2017 e 2023.
Detalhes da Operação Lamaçal e as Acusações
A Polícia Federal deflagrou a Operação Lamaçal na última terça-feira, 11 de junho, focando na apuração de crimes contra a administração pública e lavagem de capitais. Conforme as investigações, os recursos desviados teriam origem no Fundo Nacional de Assistência Social (FNAS), repassados à prefeitura de Lajeado durante o período das severas inundações ocorridas em maio de 2024. A operação busca identificar e punir os responsáveis por fraudes em licitações e outras irregularidades.
Adicionalmente, a PF detalhou que as apurações indicaram falhas em um procedimento licitatório específico. A prefeitura de Lajeado teria contratado, com dispensa de licitação, uma empresa para prestação de serviços terceirizados, que incluíam profissionais como psicólogos, assistentes sociais, educadores sociais, auxiliares administrativos e motoristas. A justificativa para a dispensa foi o estado de calamidade pública decretado pelo município também em 2024.
Irregularidades e Valores Envolvidos
Ainda de acordo com as informações divulgadas pela Polícia Federal, há fortes indícios de que a contratação direta da empresa investigada não observou o princípio da proposta mais vantajosa para a administração pública. Além disso, a PF aponta que os valores contratados estariam significativamente acima do praticado pelo mercado. O montante total dos contratos sob investigação atinge a cifra de aproximadamente R$ 120 milhões. Vale ressaltar que Lajeado foi uma das cidades mais severamente afetadas pelas enchentes no Rio Grande do Sul naquele período, o que intensifica a gravidade das acusações de desvio de verbas destinadas à recuperação e assistência.
Posicionamento do Governo Gaúcho
Em nota oficial divulgada na terça-feira, o governo do Rio Grande do Sul esclareceu que a investigação conduzida pela Polícia Federal não possui qualquer relação com a atuação de Marcelo Caumo como secretário de Desenvolvimento Urbano e Metropolitano do estado. O governo reforçou que as apurações se concentram em eventos ocorridos durante sua gestão anterior como prefeito de Lajeado. Portanto, o afastamento de Caumo se dá em função das investigações relacionadas ao seu período à frente do executivo municipal, e não por ações desempenhadas em seu papel atual no governo estadual.



