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Moraes dá mais 5 dias para Rio enviar dados de operação com 121 mortos

Moraes dá mais cinco dias para o Rio enviar dados da Operação Contenção, que matou 121 pessoas em 28 de outubro.
Operação Contenção 121 mortos
Foto: Gustavo Moreno/STF

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), concedeu um prazo adicional de cinco dias para que o governo do Rio de Janeiro encaminhe à Corte informações completas sobre a Operação Contenção. Esta intervenção policial, realizada em 28 de outubro, resultou na morte de 121 pessoas, que teriam ligação com a organização criminosa Comando Vermelho (CV). A decisão judicial busca assegurar a necessária transparência e o detalhamento dos fatos que envolvem a operação.

Detalhes do Pedido e Nova Data Limite

A prorrogação do prazo foi um acolhimento a um pedido formal apresentado pelo próprio governo estadual do Rio de Janeiro, que solicitou mais tempo para organizar e submeter os dados requisitados. Entre os documentos considerados cruciais pelo STF estão os laudos necroscópicos de todas as vítimas fatais, bem como relatórios detalhados sobre os projéteis encontrados, elementos essenciais para a elucidação das circunstâncias das mortes e para a investigação forense.

Conforme a determinação do ministro Alexandre de Moraes, o cumprimento integral da decisão anterior, que solicitava as informações, deverá ser efetuado até o dia 17 de novembro de 2025. O magistrado, portanto, reiterou a importância da celeridade e da precisão no envio dos dados, sublinhando a seriedade do tema que está sendo examinado pela mais alta instância do Poder Judiciário brasileiro.

A ADPF das Favelas e o Contexto da Ação

A Operação Contenção e o subsequente pedido de informações estão inseridos no contexto da Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) nº 635, amplamente conhecida como a “ADPF das Favelas”. Atualmente, o ministro Alexandre de Moraes atua como relator temporário deste processo de grande relevância, que questiona e busca mitigar a alta letalidade das operações policiais nas comunidades fluminenses. Esta ação representa um marco na fiscalização e no controle das práticas de segurança pública no estado.

Em diversas ocasiões prévias, a Suprema Corte já havia estabelecido uma série de medidas e determinações visando especificamente a redução da violência e das mortes decorrentes de incursões policiais em áreas urbanas. Por exemplo, o STF impôs protocolos mais rigorosos para o planejamento e a execução de operações em locais de alta vulnerabilidade, priorizando a preservação da vida e a minimização de danos colaterais à população civil. Entretanto, os recentes acontecimentos, como a Operação Contenção, demonstram que o desafio da letalidade persiste e exige uma vigilância contínua por parte do Judiciário.

Impacto e a Necessidade de Transparência

A exigência de relatórios detalhados, como os laudos necroscópicos e balísticos, é de suma importância para garantir a apuração rigorosa dos fatos e para assegurar a responsabilização das forças de segurança, se for o caso. Além disso, a transparência em operações de grande impacto, como a que resultou em 121 mortes, é vital para a manutenção da confiança da sociedade nas instituições públicas e para a proteção irrestrita dos direitos humanos. Portanto, a resposta do governo do Rio de Janeiro a esta solicitação judicial assume um papel crucial para a continuidade do processo legal e para a eventual definição de responsabilidades.

Nesse sentido, a prorrogação do prazo oferece uma nova oportunidade para que todas as informações pertinentes sejam organizadas de forma adequada e submetidas ao escrutínio judicial. Consequentemente, o STF reforça seu papel fundamental de guardião da Constituição Federal e da legalidade, buscando equilibrar a necessidade de garantir a segurança pública com o respeito inegociável aos direitos fundamentais de todos os cidadãos, especialmente aqueles que residem nas áreas mais suscetíveis e vulneráveis do Rio de Janeiro.