Edição Brasília

1,6 mil indígenas na COP30 pedem terras como política climática urgente

Mil e seiscentos indígenas de nove países amazônicos exigem, na COP30 em Belém, o reconhecimento de seus territórios como política climática urgente.
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Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Mais de 1.600 líderes indígenas, representando nove nações amazônicas, estão em Belém para a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança Climática (COP30), onde defendem veementemente o reconhecimento de seus territórios como uma política climática de caráter urgente. A comitiva, composta por um número expressivo de vozes, busca assegurar não apenas a titulação de suas terras, mas também a participação efetiva em fóruns decisórios, o acesso a financiamentos diretos para suas comunidades e a proteção incondicional dos defensores ambientais.

O Papel Crucial dos Territórios Indígenas na Regulação Climática

Os territórios administrados pelos povos indígenas na Amazônia se destacam como as áreas mais preservadas de toda a bacia, funcionando como fundamentais sumidouros de carbono. Contudo, apesar de sua vital importância ecológica, essas comunidades enfrentam pressões constantes e diversificadas. Dentre as ameaças mais prementes, destacam-se a expansão da mineração e das atividades agropecuárias, que colocam em risco tanto o meio ambiente quanto o modo de vida tradicional. Além disso, as populações indígenas são as primeiras a sentir os severos impactos da crise climática, como evidenciado por períodos de secas prolongadas e inundações drásticas.

Nesse contexto, Toya Manchineri, coordenador-geral da Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab), enfatiza a inseparabilidade entre território e futuro. Segundo ele, a ausência de território significa a ausência de vida, de um clima estável e, por conseguinte, de um futuro. Ele ressalta que o reconhecimento dos direitos territoriais indígenas deve ser categorizado como uma política climática essencial, uma vez que são suas terras, mantidas com a floresta em pé, que garantem a conservação da biodiversidade e o equilíbrio climático global.

Demandas Indígenas: Contribuições Determinadas Nacionalmente (NDCs)

Em um esforço colaborativo, vinte e oito organizações indígenas dos nove países amazônicos desenvolveram suas próprias Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs). Estas NDCs indígenas representam um conjunto de metas e compromissos autônomos para a redução de emissões de gases de efeito estufa, alinhando-se aos objetivos climáticos globais, porém sob uma perspectiva indígena. O documento detalha as principais reivindicações dessas populações.

Primeiramente, ele pleiteia prioridade para o reconhecimento e a demarcação de todos os territórios indígenas, incluindo aqueles habitados por povos isolados, garantindo assim sua proteção integral. Em seguida, as NDCs demandam acesso direto e desburocratizado a recursos financeiros, visando fortalecer a autonomia econômica das comunidades. Outros pontos cruciais incluem a proteção rigorosa dos defensores ambientais e de direitos humanos, a valorização contínua do conhecimento tradicional e, por fim, a criação de zonas livres de exploração predatória.

COP30 como Plataforma para a Voz Indígena

A COP30 é vista pelos povos indígenas como uma janela de oportunidade ímpar. Toya Manchineri articula essa visão, expressando a crença de que a conferência representa uma chance singular para que os países assumam compromissos verdadeiramente sérios e ambiciosos em relação à mitigação e adaptação climática, bem como à redução das emissões de gases de efeito estufa. Entretanto, ele salienta que a incidência indígena não se restringe apenas à COP30.

Pelo contrário, essa é uma jornada contínua, um processo que deve se estender por futuras conferências e outros espaços de decisão em nível global. Manchineri destaca a importância fundamental de que a voz dos povos indígenas seja sempre ouvida e considerada em todas essas discussões e formulações de políticas, garantindo que suas perspectivas e experiências sejam integradas aos esforços globais para combater a crise climática.

Programação e Mobilizações da Coiab em Belém

A rede Coiab elaborou uma programação abrangente durante a COP30. Suas atividades incluem eventos nas Zonas Azul e Verde da conferência, além de participação ativa na Cúpula dos Povos, sediada na Aldeia COP. Ademais, a Coiab estará envolvida em diversas outras mobilizações programadas para o período do evento. Um dos pontos altos da agenda é a Marcha dos Povos Indígenas, agendada para o dia 17 de novembro, que percorrerá as ruas de Belém, com ponto de partida na Avenida Perimetral.

Para aqueles interessados em conhecer todos os detalhes da programação completa, as informações estão disponíveis no site oficial da Coiab, coiab.org.br. Essa série de eventos visa amplificar as demandas e propostas indígenas, garantindo que sua mensagem ressoe entre os tomadores de decisão e o público em geral.