Ansiedade e medo marcaram os primeiros anos do casamento de Mônica Gomes. O enlace da dona de casa de 32 anos só trouxe alegrias. Mas a imensa vontade de gerar um filho provocava lágrimas de frustração todos os meses. Foram seis anos de tentativa até que uma gravidez ectópica ameaçou colocar um fim no sonho da maternidade.
“O embrião começou a se desenvolver nas trompas, quase morri. Achava que, depois dessa, jamais seria mãe”, relembra Mônica. “Então, descobri os serviços de reprodução assistida do Hmib [Hospital Materno Infantil Dr. Antônio Lisboa]. Fizemos duas fertilizações in vitro, até que consegui engravidar. Nunca vou me esquecer da sensação maravilhosa que tive ao segurar meu bebê nos braços”, conta.
Vitor, filho de Mônica, foi uma das 58 crianças a nascerem com a ajuda do Serviço de Reprodução Humana (SRH) do Hmib entre 2019 e 2020. Boa parte desses meninos e meninas, juntamente com suas famílias, estiveram em um encontro organizado pelo centro de saúde nesta quarta-feira (14). A reunião foi retomada depois de um hiato de dois anos provocado pela pandemia da covid-19.
O SRH é pioneiro no Brasil. O programa nasceu em 1998, pelas mãos da especialista em fertilização assistida Rosaly Rulli Costa, como o único do país a ser totalmente oferecido pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Desde então, permitiu que mais de duas mil mulheres alcançassem o sonho da maternidade. Em um mundo onde cerca de 15% dos casais são inférteis, o serviço democratiza o acesso a tratamentos de alto custo.
“Programas como o SRH demandam muito empenho dos profissionais nos estudos e muita disposição do governo em fornecer alta tecnologia à população”, comenta Rosaly. “Mas sou uma sonhadora, sempre fui. Acredito mesmo que o brasileiro deva ter acesso às técnicas mais avançadas de tratamento na saúde. Ainda mais quando se trata do ato de gerar, algo divino para mim”, diz.
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O Hmib oferece diversos serviços de reprodução assistida: coito programado, inseminação intrauterina, fertilização in vitro, congelamento de embriões, punção de epidídimo, transferência de embriões congelados e congelamento de sêmen prévio ao tratamento. Além disso, o hospital também conta com procedimentos cirúrgicos como histeroscopia, videolaparoscopia, recanalização tubária e miomectomia.
Seja qual for o tratamento necessário, o caminho da futura mamãe começa a ser trilhado pela unidade básica de saúde (UBS) mais próxima de sua casa. É papel do médico da família encaminhar a paciente para consulta ginecológica em uma das policlínicas do Distrito Federal. De lá, caso seja indicado, a mulher é direcionada ao Ambulatório da Reprodução Humana do Hmib.
O percurso até a reprodução assistida foi bem planejado por Loyanne Miranda, 31 anos, e Natasha Montenegro, 36. Desde o começo do relacionamento, há oito anos, o casal já conversava sobre a vontade de ter um filho. “Eu conhecia o serviço oferecido pelo Hmib, sabia que era nossa única chance de ter acesso a um tratamento tão caro”, afirma Loyanne. “Então, assim que minha parceira topou, iniciei o processo”, comenta.
Foi necessário apenas um embrião implantado para que Gael nascesse. Apesar do sucesso da fertilização, Loyanne alerta para a dureza da fertilização in vitro. “É um procedimento que exige muito da mulher, tanto fisiologicamente quanto emocionalmente”, garante. “Sou grata por ter tido o apoio de profissionais incríveis na rede pública de saúde”, elogia.
A equipe multidisciplinar do SRH tem, além de médicos especializados em fertilização assistida, psicólogos, biólogos e enfermeiros. A diretora do Hmib, Andréia Araújo, observa que parte da equipe é formada no próprio hospital. “Temos nossa residência médica na área de reprodução humana”, aponta. “E, em 2021, ganhamos aprovação para termos recursos próprios. Isso nos dará ainda mais autonomia”, afirma a diretora.
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