O presidente Luiz Inácio Lula da Silva classificou nesta terça-feira, 4 de outubro, a recente Operação Contenção, realizada no Rio de Janeiro e considerada a mais letal da história do estado com 121 mortos, como uma “matança”. Além disso, o chefe de Estado exigiu veementemente a instauração de uma investigação independente para apurar os fatos decorrentes da ação policial.
A Crítica Presidencial à Operação Contenção
Em entrevista concedida a diversas agências internacionais de notícias, Lula expressou sua profunda preocupação com os desdobramentos da intervenção policial ocorrida em 28 de outubro. Segundo o presidente, a operação revelou-se “desastrosa” em sua execução. “O dado concreto é que a operação, do ponto de vista da quantidade de mortes, as pessoas podem considerar um sucesso, mas do ponto de vista da ação do Estado, eu acho que ela foi desastrosa”, afirmou. Ele, portanto, diferenciou um possível êxito em números de um fracasso na conduta estatal.
Exigência de Investigação Independente
Conforme reportagens da Agência Reuters, o governo federal pretende pressionar por uma apuração imparcial e desvinculada dos órgãos envolvidos diretamente. Lula enfatizou a necessidade de verificar as condições exatas nas quais a operação foi conduzida. “É importante ver em que condições se deu”, declarou. Em seguida, o presidente complementou sua fala, apontando uma discrepância fundamental: “A ordem do juiz era uma ordem de prisão, não uma ordem de matança, e houve uma matança.” Sua declaração sublinha a percepção de que a operação policial pode ter excedido significativamente seus objetivos legais.
Detalhes da Operação e Controvérsias
A Operação Contenção mobilizou uma força policial expressiva, contando com aproximadamente 2.500 agentes de diversas unidades fluminenses. O propósito declarado da ação era desarticular pontos estratégicos da facção criminosa Comando Vermelho em bairros dos Complexos do Alemão e da Penha, localizados na zona norte da capital fluminense. A operação, entretanto, resultou em intensos tiroteios e, lamentavelmente, na morte de 121 pessoas, incluindo quatro policiais. Por outro lado, os relatos dos moradores da região divergem substancialmente da narrativa oficial. Muitos afirmam ter encontrado dezenas de corpos em áreas de mata, alguns deles exibindo sinais de rendição, como mãos e pernas amarradas, além de indícios claros de execução e tortura. Em contraste, o governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro, defende veementemente a operação, sustentando que todos os indivíduos que se renderam foram devidamente presos e, além disso, classificou a ação como um “sucesso”.
Repercussão e Apelos Internacionais
A extrema letalidade da Operação Contenção a tornou a intervenção policial mais mortal na história do estado do Rio de Janeiro, gerando ampla e negativa repercussão. Ademais, a Organização das Nações Unidas (ONU) já havia manifestado seu apoio explícito a uma investigação independente sobre o caso. A entidade internacional busca, com essa medida, “garantir responsabilização pelos fatos, interromper violações de direitos humanos e assegurar proteção a testemunhas, familiares das vítimas e defensores de direitos humanos”. Assim sendo, o apelo do presidente Lula ecoa uma demanda já estabelecida no cenário global, reforçando a pressão por transparência e justiça.
Contexto da Declaração Presidencial
O importante pronunciamento do presidente Lula ocorreu em Belém, no Pará, onde ele se encontra para uma série de compromissos oficiais e diplomáticos. Nos próximos dias 6 e 7, a capital paraense sediará uma Cúpula do Clima, que reunirá dezenas de chefes de Estado. Posteriormente, a partir do dia 10, Belém será o palco da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30), um evento de grande relevância internacional. Portanto, a declaração sobre a Operação Contenção foi feita em um contexto de intensa agenda diplomática e ambiental, evidenciando a prioridade que o tema possui mesmo em meio a outros compromissos.



