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Polícia do Rio mira desvio de verbas de creches; vereadora é alvo

A Polícia do Rio deflagrou nesta terça (4) uma operação contra desvio de verbas de creches na zona oeste, tendo a vereadora Gigi Castilho (Republicanos) como um dos alvos do esquema.
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Foto: Tânia Rêgo/Arquivo/Agência Brasil

A Polícia Civil do Rio de Janeiro deflagrou, nesta terça-feira (4), uma significativa operação para desmantelar um esquema de desvio de verbas públicas destinadas a creches na zona oeste da capital fluminense. A vereadora Gigi Castilho, filiada ao Republicanos, figura entre os principais alvos desta investigação que apura fraudes em contratos e o uso de recursos de forma indevida.

As autoridades cumpriram um total de 29 mandados de busca e apreensão autorizados pela Justiça, visando coletar evidências e aprofundar as apurações. Os alvos incluem não apenas a parlamentar, mas também outros indivíduos suspeitos de envolvimento direto na organização e execução das irregularidades.

Detalhes do Esquema de Desvio de Verbas

As investigações preliminares apontam que o grupo criminoso utilizava notas fiscais superfaturadas para desviar recursos. Estes valores, originalmente repassados pela prefeitura do Rio a sete creches conveniadas, deveriam ser empregados na manutenção e melhoria dos serviços educacionais oferecidos. Além disso, as creches conveniadas são instituições privadas contratadas pelo poder público para suprir a demanda por ensino infantil em regiões onde a rede municipal não possui capacidade suficiente.

Para conferir uma fachada de legalidade ao esquema, os acusados teriam montado empresas de fachada. Essas empresas, registradas em nome de “laranjas”, emitiam notas fiscais por produtos e serviços que, na realidade, jamais foram entregues ou prestados. Posteriormente, esses documentos eram apresentados à Secretaria Municipal de Educação como forma de justificar os repasses de recursos, enganando o sistema de fiscalização e permitindo o fluxo contínuo de dinheiro para os criminosos.

Movimentações Suspeitas e Saques em Espécie

A análise da movimentação financeira revelou dados alarmantes, fortalecendo as suspeitas dos investigadores. Por exemplo, apenas uma das creches sob investigação teria recebido cerca de R$ 9 milhões em um período de seis meses. Entretanto, um montante considerável, aproximadamente R$ 1,5 milhão, foi retirado das contas das instituições por meio de 816 saques em espécie.

Essa intensa e fragmentada retirada de dinheiro em cédulas é considerada altamente incompatível com o perfil operacional e as atividades típicas de uma instituição de ensino. Portanto, as autoridades enxergam esses saques como um forte indício de lavagem de dinheiro e desvio de fundos públicos, que deveriam beneficiar crianças e suas famílias.

Próximos Passos da Investigação Policial

Com a operação desta terça-feira, os investigadores esperam apreender uma vasta gama de materiais que serão cruciais para o prosseguimento das apurações. Dentre os itens de interesse estão documentos diversos, computadores, aparelhos celulares, mídias eletrônicas e materiais contábeis. A análise financeira aprofundada desses itens deverá solidificar as provas contra os envolvidos.

Ademais, os trabalhos da polícia prosseguem com o objetivo de identificar todos os participantes do esquema, que pode incluir uma rede mais ampla de indivíduos. Além disso, as autoridades também buscam verificar se há a participação de funcionários públicos em diferentes níveis hierárquicos, o que poderia configurar um crime ainda mais grave contra a administração pública e a sociedade fluminense.

Repercussão e Posicionamento dos Envolvidos

Até o momento, não houve manifestações públicas por parte da vereadora Gigi Castilho. A Agência Brasil tentou contato com seu gabinete para obter um posicionamento, mas não obteve resposta. Da mesma forma, a Secretaria Municipal de Educação foi procurada para comentar as acusações, porém, ainda não se manifestou sobre o caso.

A comunidade e as famílias da zona oeste, por sua vez, aguardam ansiosamente por mais informações, esperando que a investigação traga transparência e justiça para a situação que envolve recursos vitais para a educação infantil.