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Mercado reduz previsão de inflação para 4,55% em 2025, acima da meta

Analistas do mercado financeiro cortaram a previsão de inflação para 2025 a 4,55%, conforme o boletim Focus desta segunda (3). O IPCA segue acima do teto da meta do Banco Central.
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Foto: REUTERS/Sergio Moraes/Proibida reprodução

Analistas do mercado financeiro revisaram para baixo a estimativa de inflação para o ano de 2025, fixando-a em 4,55%. A projeção, divulgada nesta segunda-feira (3) pelo boletim Focus do Banco Central (BC), sinaliza que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), considerado o indicador oficial da inflação no Brasil, ainda se mantém acima do limite máximo da meta estabelecida pela autoridade monetária. Essa leve redução de 0,01 ponto percentual, que antes era de 4,56%, reflete as expectativas das principais instituições financeiras consultadas semanalmente pelo BC.

Projeções para a Inflação e o Desafio da Meta

No detalhamento das expectativas, a estimativa para o IPCA em 2026 permaneceu estável em 4,2%. Adicionalmente, para os anos subsequentes, as previsões indicam uma trajetória de queda, com a inflação projetada em 3,8% para 2027 e 3,5% para 2028. Apesar dessas projeções futuras mais otimistas, a estimativa para o ano corrente de 2025 continua a superar o teto da meta de inflação. Essa meta, definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), é de 3%, com uma margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo, estabelecendo, portanto, um limite superior de 4,5% e um inferior de 1,5%.

Historicamente, a inflação oficial brasileira apresentou um comportamento volátil. Após um período de queda em agosto, o IPCA registrou um aumento de 0,48% em setembro, influenciado principalmente pela elevação dos custos da energia elétrica. Desse modo, a soma acumulada do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo nos últimos doze meses alcançou 5,17%, conforme dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Essa performance demonstra a persistência de pressões inflacionárias que o Banco Central busca mitigar.

Taxa Selic: Principal Instrumento de Controle Inflacionário

Para o Banco Central, a principal ferramenta para atingir a meta de inflação é a taxa básica de juros, conhecida como Selic. Atualmente, o Comitê de Política Monetária (Copom) do BC definiu a Selic em 15% ao ano, uma decisão mantida na última reunião realizada em setembro. Vários fatores contribuíram para essa manutenção, incluindo as incertezas observadas no cenário econômico global e os indicadores que apontam para uma moderação no crescimento interno do país. Portanto, a decisão reflete uma postura cautelosa do colegiado.

De acordo com a ata divulgada após a reunião, a intenção do Copom é conservar a taxa de juros no patamar atual “por um período bastante prolongado”. Essa medida visa, sobretudo, assegurar que a meta de inflação seja efetivamente alcançada nos horizontes relevantes. É importante ressaltar que o Copom está programado para se reunir novamente nesta semana, nos dias 4 e 5, a fim de reavaliar o patamar adequado da Selic diante dos novos dados econômicos e do panorama financeiro.

Projeções para os Juros Básicos e Seus Efeitos na Economia

Os analistas do mercado financeiro antecipam que a taxa Selic deverá encerrar o ano de 2025 no mesmo patamar de 15% ao ano. Contudo, as expectativas para os anos subsequentes sugerem uma trajetória de redução. Para o final de 2026, a projeção é que a Selic caia para 12,25% anuais. Posteriormente, para 2027 e 2028, as estimativas indicam novas reduções, fixando-a em 10,5% e 10% ao ano, respectivamente. Essas projeções sinalizam uma visão de desaceleração da inflação e, consequentemente, uma flexibilização da política monetária.

Quando o Copom opta por elevar a taxa básica de juros, seu objetivo primordial é frear a demanda excessiva, que pode gerar pressões inflacionárias. Consequentemente, juros mais altos tornam o crédito mais caro e incentivam a poupança, impactando diretamente os preços na economia. Por outro lado, além da Selic, os bancos comerciais consideram múltiplos fatores para determinar os juros cobrados aos consumidores, como o risco de inadimplência, as despesas administrativas e a margem de lucro. Assim sendo, taxas elevadas também podem, por conseguinte, dificultar a expansão econômica. Em contraste, quando a Selic é reduzida, a tendência é que o crédito se torne mais acessível, estimulando a produção e o consumo e, por sua vez, impulsionando a atividade econômica, embora com um controle potencialmente menor sobre a inflação.

Crescimento do PIB e Expectativas para o Dólar

A mais recente edição do boletim Focus também trouxe as estimativas do mercado financeiro para o Produto Interno Bruto (PIB), que representa a soma de todos os bens e serviços produzidos no país. Para o crescimento da economia brasileira neste ano, a projeção das instituições financeiras permaneceu em 2,16%. Além disso, para 2026, a expectativa para o PIB é de 1,78%. Por fim, para os anos de 2027 e 2028, o mercado estima uma expansão de 1,9% e 2%, respectivamente, indicando uma recuperação gradual.

Em um panorama mais recente, a economia brasileira registrou um crescimento de 0,4% no segundo trimestre deste ano, impulsionada significativamente pelas expansões nos setores de serviços e da indústria. Ademais, o PIB fechou o ano de 2024 com uma alta de 3,4%. Este resultado marca o quarto ano consecutivo de crescimento econômico para o Brasil, representando a maior expansão desde 2021, quando o PIB alcançou um impressionante 4,8%. No que diz respeito ao mercado de câmbio, a previsão para a cotação do dólar indica R$ 5,41 para o encerramento deste ano. Posteriormente, para o final de 2026, a expectativa é que a moeda norte-americana se estabilize em R$ 5,50.