O Theatro Municipal do Rio de Janeiro prepara-se para as últimas apresentações do balé “Frida”, uma obra do aclamado coreógrafo carioca Reginaldo Oliveira, que marca sua estreia na América Latina. As sessões finais deste espetáculo inovador estão agendadas para os dias 29, 30 e 31 deste mês, oferecendo ao público a oportunidade derradeira de vivenciar a poderosa narrativa da vida de Frida Kahlo através da dança. A montagem, que tem encantado críticos e audiências, ressalta a genialidade de uma das mais emblemáticas figuras da arte moderna.
Detalhes das Apresentações e Equipe Artística
A partir desta quarta-feira, 29 de maio, o palco do Theatro Municipal recebe as últimas performances de “Frida”. Para interpretar a icônica pintora mexicana, as primeiras bailarinas da casa, Claudia Mota e Márcia Jaqueline, revezam-se no papel principal, trazendo nuances e emoção à personagem. Além disso, a supervisão artística do balé é assinada por Hélio Bejani e Jorge Teixeira, figuras renomadas no cenário da dança, com Hélio Bejani também assumindo a direção geral do espetáculo, garantindo uma produção de alta qualidade.
As sessões finais ocorrerão pontualmente às 19h, nos dias 29, 30 e 31 de maio. A classificação etária para o balé é de 12 anos, tornando-o acessível a um público diversificado. Os interessados em garantir seu lugar podem adquirir os ingressos diretamente na bilheteria do teatro ou, convenientemente, através do portal oficial: theatromunicipal.rj.gov.br. Portanto, há múltiplas opções para assegurar a presença nesta celebração artística.
A Visão do Coreógrafo e Sua Conexão com Frida
Em uma entrevista concedida à Agência Brasil, Reginaldo Oliveira revelou que “Frida” representa sua primeira coreografia especificamente para o balé do Theatro Municipal do Rio, local onde ele, outrora, atuou como bailarino. “Foi um sonho, porque saí de uma comunidade do Rio”, lembrou o artista, enfatizando sua jornada desde suas origens humildes até o reconhecimento internacional. Oliveira possui uma carreira consolidada, tendo dedicado cerca de duas décadas à função de diretor de balé e coreógrafo da respeitada companhia Salzburg Landestheater, na Áustria.
Para conceber “Frida”, Oliveira mergulhou profundamente na vida da artista plástica, conduzindo uma extensa pesquisa. Ele explorou minuciosamente livros, fotografias e cartas escritas pela própria Frida Kahlo. “Para mim, foi muito importante entrar nesse mundo, tentar me conectar e tirar de dentro para fora elementos que mostrassem ao público a força daquela mulher”, explicou o coreógrafo. Ele buscava, primordialmente, retratar como Frida, apesar de ter sofrido um acidente devastador que resultou em mais de 30 cirurgias, conseguiu transmutar sua dor em arte, um testemunho de resiliência.
Antes de iniciar os ensaios práticos com o corpo de baile do Municipal, Reginaldo promoveu um verdadeiro “laboratório”. Nesses encontros, ele apresentou a Frida e sua vasta obra por meio de livros, fotos, pinturas e textos, preparando os bailarinos para a profundidade e complexidade da personagem. Consequentemente, essa imersão prévia garantiu uma interpretação mais autêntica e visceral no palco.
Força, Superação e Legado de Frida Kahlo
Na perspectiva de Reginaldo Oliveira, Frida Kahlo possuía uma “força descomunal”. Sendo assim, o balé é profundamente inspirado na capacidade de superação da artista e em suas raízes. “Eu trago nesse balé o acidente, mas trago também a superação, que é muito importante para nós, seres humanos”, afirmou o coreógrafo, destacando a mensagem universal da obra. Ele prosseguiu, descrevendo Frida como uma mulher que “decide viver, lutar por seus ideais”, além de ser notavelmente avançada para sua época. Em sua visão, “Frida é muito atual, ela vive entre nós”, e o balé serve como um lembrete de que, apesar dos momentos de dor, é crucial seguir em frente, lutar e ser verdadeiro consigo mesmo.
Adicionalmente, Oliveira sempre acalentou o desejo de retornar ao Municipal do Rio como coreógrafo, compartilhando a rica experiência acumulada ao longo de mais de 20 anos. Durante o espetáculo, as bailarinas Sophia Palma e Tabata Salles apresentam no palco uma representação do autorretrato de Frida Kahlo. Esta abordagem artística reflete o período em que a pintora, confinada à cama após inúmeras cirurgias, transformou sua própria imagem em arte. “Ela se transformou em arte”, sintetizou o coreógrafo, ressaltando o poder transformador da artista.
A Trajetória de Reginaldo Oliveira: Da Maré ao Mundo
Originário da comunidade da Maré, localizada na zona norte do Rio de Janeiro, Reginaldo Oliveira iniciou sua formação em dança na capital fluminense, recebendo os primeiros ensinamentos de Jorge Teixeira. Sua ascensão profissional foi notável: em 1998, conquistou o primeiro lugar no prestigiado Concurso de Balé Russo, realizado em São Paulo, o que lhe rendeu uma bolsa de estudos na renomada Academia Estatal de Coreografia do Balé Bolshoi, em Moscou. Portanto, sua jornada começou com um reconhecimento significativo.
Dois anos mais tarde, em 2000, Reginaldo ingressou na companhia do Theatro Municipal do Rio de Janeiro, atuando sob a direção de Richard Cragun. Sua dedicação e talento o levaram à promoção a solista em 2003. Posteriormente, em 2006, transferiu-se para a Alemanha, onde integrou o Badisches Staatsballett Karlsruhe, dirigido por Birgit Keil, consolidando sua carreira internacional. Oliveira nutre um fascínio particular por figuras femininas fortes, tendo criado coreografias inspiradas em personagens como Medeia e Anne Frank. Atualmente, desde 2017, ele reside e trabalha em Salzburgo, na Áustria, continuando a expandir seu legado na dança.



