Moradores do Complexo da Penha, no Rio de Janeiro, fizeram uma descoberta perturbadora ao localizar cerca de 60 corpos em uma área de mata, fato que se sucedeu à intensa Operação Contenção, conduzida pelas forças de segurança do estado na última terça-feira (28). Essa chocante revelação, que aguarda confirmação oficial para inclusão nas estatísticas, pode elevar o número total de vítimas da ação policial para até 130, superando significativamente a contagem inicial divulgada pelas autoridades e acentuando a dimensão da tragédia.
A Descoberta de Corpos e a Discrepância de Números
Após a Operação Contenção, deflagrada na última terça-feira (28), residentes do Complexo da Penha localizaram e removeram aproximadamente 60 corpos de uma área de mata densa. Os corpos foram então levados e expostos na Praça São Lucas, situada no coração da comunidade, gerando comoção e busca por explicações. De acordo com os relatos dos moradores, esses óbitos não constam na contabilização oficial inicialmente divulgada pela Polícia Militar, que apontava para 64 mortes — sendo 60 suspeitos e 4 policiais. Posteriormente, a Polícia Militar foi procurada para esclarecimentos, mas não se manifestou publicamente sobre a nova e alarmante descoberta.
Um morador do complexo e ativista local, Raul Santiago, utilizou as redes sociais para denunciar a situação em uma transmissão ao vivo. Ele classificou o ocorrido como uma “chacina que entra para a história do Rio de Janeiro, do Brasil e marca com muita tristeza a realidade do país”, destacando a gravidade e o impacto social dos fatos. Em seguida, atendendo ao pedido dos familiares, os corpos foram expostos à imprensa para registro visual antes de serem cobertos por lençóis, enquanto a comunidade aguardava a chegada do Instituto Médico-Legal (IML) para a remoção e identificação das vítimas.
A Escalada Potencial do Número de Vítimas
Caso os 60 corpos encontrados na Penha sejam, de fato, adicionais às 64 vítimas já contabilizadas na terça-feira, o total de mortos da operação, já considerada uma das mais letais já realizadas pelas forças de segurança do Rio, poderia atingir 120. Além disso, a dimensão da tragédia se ampliou durante a noite do mesmo dia da operação, quando outros seis corpos foram localizados em uma área de mata no Complexo do Alemão e transportados para o Hospital Getúlio Vargas.
O Corpo de Bombeiros já iniciou o processo de retirada dos corpos do Complexo da Penha. Contudo, persiste uma considerável incerteza em relação ao número final de óbitos, embora o governo do estado classifique a ação como “a maior operação da história do Rio de Janeiro”. Se considerarmos os 60 corpos encontrados na Penha, somados aos 6 localizados no Alemão e aos 64 da contagem oficial, e supondo que não haja duplicidade, o número total de mortos pode chegar a impressionantes 130. Esta situação sublinha a natureza extraordinariamente letal da operação e a necessidade urgente de uma contagem transparente.
O Impacto da Operação nos Moradores e as Primeiras Reações
Na terça-feira (28), os moradores dos Complexos da Penha e do Alemão foram tomados por momentos de intenso pânico e medo devido à operação policial de grande escala. Milhares de pessoas enfrentaram dificuldades significativas para retornar às suas residências, uma vez que as vias da cidade foram bloqueadas, e foram obrigadas a fugir de tiroteios que ecoavam nas comunidades. Essa situação gerou um cenário de caos e interrupção na vida cotidiana dos residentes, que testemunharam de perto os desdobramentos da ação.
Especialistas em segurança pública, ao serem consultados pela imprensa, teceram duras críticas à ação policial. Eles argumentaram que a operação causou um enorme impacto na capital fluminense, mas falhou em seu objetivo declarado de conter o crime organizado. Por exemplo, a professora Jacqueline Muniz, do Departamento de Segurança Pública da Universidade Federal Fluminense (UFF), descreveu a operação como amadora e uma “lambança político-operacional”, reforçando a tese da ineficácia e má condução. Adicionalmente, diversos movimentos populares e de favelas manifestaram veementemente sua condenação às ações policiais, proclamando que “segurança não se faz com sangue”, enfatizando a necessidade de abordagens que priorizem a vida e o bem-estar da população.
As Posições do Governo Estadual e Federal
Em contrapartida, o governador do Rio de Janeiro, Claudio Castro, defendeu enfaticamente as operações policiais. Ele afirmou que, se necessário, excederia os limites e as competências do governo estadual para cumprir “a nossa missão de servir e proteger nosso povo”. O governador, por sua vez, cobrou maior apoio do governo federal para as ações de segurança. Na noite da mesma terça-feira, ele solicitou formalmente a transferência de dez detentos, atualmente presos em penitenciárias do Rio, para presídios federais, buscando reforçar a segurança e desarticular lideranças criminosas.
Entretanto, o ministro da Justiça e da Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, em coletiva de imprensa realizada no dia seguinte, declarou que não havia recebido nenhum pedido formal de apoio do governador para a megaoperação. Esta declaração gerou um contraste significativo entre as narrativas dos governos estadual e federal, levantando questões sobre a coordenação e comunicação entre as instâncias em um momento de crise e grande repercussão pública.
Perspectivas e o Legado da Operação
A Operação Contenção, em vista da descoberta de dezenas de corpos adicionais e das críticas generalizadas, promete deixar um legado controverso e doloroso na história recente do Rio de Janeiro. A comunidade aguarda respostas claras e investigações aprofundadas sobre as circunstâncias de tantas mortes e a real extensão da operação. Portanto, a incerteza sobre o número final de vítimas e a eficácia da abordagem policial continuam a ser pontos centrais de debate e preocupação para a população e as autoridades, demandando transparência e responsabilidade.
 
								 
								 
							 
											 
								 
								 
								



