O Rio de Janeiro elevou seu nível de alerta para o Estágio 2 de atenção nesta terça-feira (28), um indicativo de alto risco de ocorrências com grande impacto, após uma megaoperação policial conjunta das Polícias Civil e Militar. A ação, deflagrada nos Complexos da Penha e do Alemão, na Zona Norte da capital fluminense, resultou em 60 mortos e provocou uma série de interdições em vias importantes da cidade, impactando significativamente a rotina dos cariocas.
Megaoperação Policial e Objetivos
A iniciativa do governo estadual visa desarticular grupos criminosos e conter o avanço do Comando Vermelho, uma das principais facções atuantes no estado. Para isso, a operação mobiliza um contingente expressivo de 2,5 mil policiais, entre civis e militares, concentrando esforços na captura de lideranças criminosas e na desestabilização de suas atividades. Este esforço massivo, portanto, reflete a gravidade do cenário de segurança pública.
Conforme informações do Centro de Operações e Resiliência (COR) da Prefeitura do Rio de Janeiro, a atuação policial tem gerado interdições temporárias em diversas localidades. Entre as áreas afetadas estão os entornos dos Complexos do Alemão, Penha, Chapadão e São Francisco Xavier, todos na Zona Norte. Adicionalmente, as regiões da Freguesia, em Jacarepaguá, e Taquara, na Zona Oeste, também enfrentam bloqueios e restrições de tráfego em decorrência das movimentações policiais.
Impactos no Transporte Público e Recomendações
Os transtornos se estendem ao sistema de transporte público da cidade. A Rio Ônibus comunicou alterações de itinerário em mais de 100 linhas de ônibus, evidenciando a amplitude do impacto sobre a mobilidade urbana. Além disso, a Mobi-Rio informou que os corredores Transbrasil e Transcarioca do BRT, assim como os serviços de conexão, foram diretamente atingidos pelas ocorrências, causando atrasos e desvios para milhares de passageiros.
Diante deste cenário de instabilidade, a prefeitura emitiu uma série de recomendações urgentes à população. Em primeiro lugar, é aconselhável evitar a circulação nas regiões que sofrem com as ações policiais. Em seguida, a orientação é permanecer em locais seguros para minimizar riscos. A administração municipal também enfatiza a importância de se manter atualizado através dos canais oficiais do COR e dos meios de comunicação. Para facilitar o acesso à informação, a prefeitura recomenda baixar o aplicativo COR.Rio, disponível para dispositivos Android (http://bit.ly/appcor_android) e iOS (http://bit.ly/appcor_ios). Por fim, em casos de emergência, os números 190 (Polícia Militar) e 193 (Corpo de Bombeiros) devem ser acionados prontamente.
Balanço da Operação e Reações da Sociedade Civil
A operação, que ainda segue em andamento, já registra um balanço alarmante. Até o momento, 60 pessoas perderam a vida. Adicionalmente, o governo do estado confirmou a prisão de 81 indivíduos e a apreensão de 72 fuzis, juntamente com uma grande quantidade de drogas que ainda está sendo contabilizada. Estes números preliminares sublinham a intensidade dos confrontos.
Em resposta à escalada da violência, a Comissão de Defesa dos Direitos Humanos e Cidadania da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) manifestou profunda preocupação. Em nota oficial, a comissão declarou que acompanha o desenrolar da megaoperação, que, em sua visão, tem provocado uma escalada de violência alarmante. Consequentemente, o órgão planeja oficiar o Ministério Público, bem como as Polícias Civil e Militar, cobrando esclarecimentos detalhados sobre as circunstâncias da ação. A comissão critica veementemente a forma como as favelas do Rio, segundo eles, foram novamente transformadas em “cenário de guerra e barbárie”.
A presidente da comissão, deputada Dani Monteiro (PSOL), expressou sua indignação, afirmando categoricamente que “nenhuma política de segurança pode se sustentar sobre esse banho de sangue”. A deputada argumentou que o Estado não pode tratar a vida das vítimas como descartável, nem considerar as favelas como “território inimigo ou palco de espetáculo”. Portanto, ela defende a priorização da proteção de moradores e policiais, juntamente com o uso de inteligência e planejamento estratégico, em detrimento da violência e do terror.



