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Rio sedia comitiva internacional para intercâmbio sobre SUS e IA

Comitiva internacional de nove países visita o Rio para intercâmbio sobre o SUS, IA e tecnologias em saúde pública, buscando fortalecer a preparação para emergências sanitárias.
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Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil

O Rio de Janeiro tornou-se o epicentro de um importante intercâmbio internacional sobre saúde pública, acolhendo uma delegação composta por representantes de nove nações. O objetivo principal desta visita é fortalecer a capacidade global de resposta a emergências sanitárias, focando na resiliência dos sistemas de saúde, na robustez da Atenção Primária e na aplicação inovadora de tecnologias, incluindo a inteligência artificial, para monitoramento e gestão em saúde.

Intercâmbio Multilateral para a Saúde Global

A comitiva, que reúne oficiais governamentais de Angola, Moçambique, Guiné-Bissau, Cabo Verde, São Tomé e Príncipe, Guiné Equatorial, Timor-Leste, Portugal e Espanha, está visitando diversos órgãos da Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro. A iniciativa busca, portanto, promover uma rica troca de conhecimentos e experiências, fundamental para aprimorar a preparação e a capacidade de resposta frente a crises sanitárias globais.

A organização desta visita contou com a parceria estratégica da Global Health Strategies, uma organização ligada à Fundação Gates, reconhecida por fomentar colaborações internacionais que fortalecem sistemas de saúde em diversos países. Além disso, o evento recebeu o apoio substancial do Ministério da Saúde do Brasil e da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), pilares na saúde pública brasileira.

Nesse sentido, a superintendente de Vigilância em Saúde, Gislani Mateus, destacou a natureza sem fronteiras das emergências sanitárias. Ela enfatizou que “o risco de emergências sanitárias não é apenas local, mas global. Infelizmente, para essas emergências, não existem barreiras. Portanto, quanto mais países estiverem preparados para identificar e responder, melhor será a proteção coletiva”.

Avanços Tecnológicos e o SUS em Destaque

No dia 9 de maio, a delegação foi recebida no Super Centro Carioca de Vacinação (SCCV), localizado em Botafogo, zona sul do Rio. Durante a visita, os membros da comitiva tiveram a oportunidade de conhecer de perto as avançadas iniciativas tecnológicas empregadas na saúde pública carioca, as quais facilitam a conversão de dados brutos em informações precisas e acionáveis. Adicionalmente, foi apresentada a complexa e abrangente estrutura do Sistema Único de Saúde (SUS) brasileiro, considerado um dos maiores e mais intrincados sistemas de saúde pública do mundo.

Posteriormente, a comitiva seguiu para a Clínica da Família Luiz de Moraes e Júnior, também na zona sul da cidade. Ali, a visita permitiu aos participantes observar na prática os serviços essenciais da Atenção Primária à Saúde, as linhas de cuidado oferecidas pela rede municipal e as estratégias de Vigilância em Saúde implementadas, incluindo o uso de ferramentas digitais para o monitoramento da cobertura vacinal e da saúde materno-infantil.

A superintendente de Atenção Primária, Larissa Terrezo, ressaltou a importância do intercâmbio, afirmando que “é sempre fundamental trocarmos experiências e apresentarmos parte do nosso trabalho e do nosso investimento para aprimorar o SUS. Isso demonstra que o município do Rio é um modelo a ser compartilhado. Ao mesmo tempo, é crucial receber as contribuições de outros locais, inclusive para possíveis parcerias futuras”.

Inteligência Artificial na Prevenção e Gestão de Crises

O evento também serviu como uma plataforma vital para evidenciar o papel transformador da inovação tecnológica na gestão da saúde pública. Foram apresentadas diversas ferramentas baseadas em dados e inteligência artificial, que se mostram cruciais para o monitoramento eficiente de surtos e a prevenção proativa de crises sanitárias. Com efeito, essas tecnologias permitem uma análise preditiva e uma resposta mais ágil a desafios emergentes de saúde.

Para o dia 10 de maio, a programação da comitiva inclui uma visita ao Centro de Inteligência Epidemiológica (CIE), que faz parte da Subsecretaria de Vigilância em Saúde. Este centro é responsável por monitorar continuamente o cenário epidemiológico da cidade e, quando necessário, gerenciar e coordenar respostas rápidas a emergências de saúde pública, funcionando como um pilar estratégico na defesa da saúde coletiva.

García Nazaré-Pembele, colaborador do Instituto Nacional de Investigação em Saúde (INIS) de Angola, expressou grande entusiasmo com a oportunidade. Ele declarou que “é uma grande chance aprender com o Brasil, especialmente sobre o uso de inteligência artificial na vigilância epidemiológica, uma metodologia que pretendemos integrar em nossos próprios sistemas de saúde”. Este intercâmbio, portanto, consolida a posição do Rio de Janeiro como um polo de referência e aprendizado para o avanço da saúde pública global.