O mercado de trabalho brasileiro registrou um saldo positivo de 147.358 empregos formais em agosto, superando o desempenho de julho. Contudo, essa criação de vagas apresentou uma queda significativa quando comparada ao mesmo período do ano anterior, indicando os desafios enfrentados pela economia do país. Os dados foram divulgados pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) nesta segunda-feira, por meio do Novo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Novo Caged), oferecendo um panorama detalhado da movimentação de carteira assinada no período.
Desempenho Geral do Mercado de Trabalho em Agosto
Em agosto, o balanço de empregos formais foi resultado de um volume expressivo de 2.239.895 admissões, contrastando com 2.092.537 desligamentos. Essa diferença resultou no saldo positivo de 147.358 novas vagas. Este número, por sua vez, representou uma melhoria em relação a julho, quando foram criados 134.251 postos de trabalho. Entretanto, a análise anual revela uma tendência de desaceleração. Em agosto do ano passado, por exemplo, o Brasil gerou 239.069 empregos formais, um montante consideravelmente superior.
Apesar do crescimento mensal, a redução na criação de vagas em comparação com o ano anterior reflete os efeitos da alta taxa de juros e da desaceleração da atividade econômica. Assim sendo, o cenário atual impõe cautela, mesmo com o saldo positivo alcançado no último mês. O comportamento do mercado, portanto, indica que as políticas monetárias e o ambiente econômico geral continuam a influenciar diretamente a geração de novos postos de trabalho no país.
Setores com Maior Geração de Vagas
A análise setorial dos dados do Novo Caged em agosto revela que quatro dos cinco grandes agrupamentos econômicos apresentaram expansão. O setor de Serviços liderou a criação de empregos, adicionando 81.002 novas vagas. Em seguida, o Comércio contribuiu com 32.612 postos de trabalho, enquanto a Indústria gerou 19.098 oportunidades. A Construção Civil, por sua vez, também teve um desempenho positivo, com 17.328 novas contratações.
Por outro lado, o setor da Agropecuária foi o único a registrar um saldo negativo no mês, com a perda de 2.665 vagas. Essa disparidade entre os setores destaca a resiliência de algumas áreas frente a um cenário econômico desafiador, ao passo que outras sentem um impacto maior na manutenção e criação de empregos. Adicionalmente, o desempenho positivo em setores como Serviços e Comércio sugere uma demanda interna que impulsiona a recuperação parcial do mercado.
Variação Regional na Criação de Empregos
Geograficamente, a geração de empregos formais em agosto mostrou ampla abrangência, com 25 dos 27 estados brasileiros apresentando saldo positivo. Em números absolutos, São Paulo se destacou como o estado com o maior volume de novas vagas, preenchendo 45.450 postos. O Rio de Janeiro também demonstrou um bom desempenho, adicionando 16.128 vagas, e Pernambuco registrou um acréscimo de 12.692 empregos formais.
Sob uma perspectiva proporcional, a Paraíba obteve o maior crescimento, com um aumento de 1,61% no número de empregos. O Rio Grande do Norte seguiu com um avanço de 0,98%, e Pernambuco novamente se fez presente entre os destaques, com um crescimento de 0,82%. Essa distribuição regional evidencia que a recuperação do mercado de trabalho não ocorre de forma homogênea, com alguns estados apresentando maior dinamismo na criação de oportunidades.
Perfis de Contratação e Perspectiva Anual
Em relação ao tipo de contratação, 75,1% dos postos de trabalho gerados em agosto foram classificados como típicos, enquanto 24,9% eram não típicos. Entre as vagas não típicas, houve um destaque para trabalhadores com jornada de até 30 horas semanais, que somaram 40.544 contratações, principalmente na área da educação. Além disso, o número de aprendizes contratados atingiu 20.252, reforçando a importância dos programas de qualificação profissional.
Analisando um período mais longo, o saldo positivo nos últimos 12 meses, compreendendo de julho de 2024 a agosto de 2025, totalizou 1.438.243 novas vagas formais. Todavia, este resultado foi inferior ao registrado no ciclo anterior, de junho de 2024 a julho de 2025, quando a geração de empregos alcançou 1.804.122 postos de trabalho. Portanto, embora haja um crescimento acumulado, a tendência de desaceleração se mantém também na comparação de períodos anuais consecutivos.
Evolução do Salário Médio de Admissão
O salário médio real de admissão em agosto de 2025 atingiu o valor de R$ 2.295,01. Este montante representa uma elevação de R$ 12,70 em relação a julho, configurando um aumento de 0,56%. No mês anterior, o salário médio de admissão estava em R$ 2.282,31. Dessa forma, observa-se uma leve valorização nos vencimentos de entrada no mercado formal, um indicativo positivo, embora modesto, para os novos trabalhadores. Assim sendo, a evolução salarial acompanha o ritmo da criação de vagas, apontando para uma recuperação gradual.