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Haddad espera sanção de isenção de IR até R$ 5 mil em outubro

Fernando Haddad espera que a isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil mensais seja sancionada por Lula até outubro. A medida pode beneficiar 20 milhões de contribuintes.
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Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, projeta que a sanção da nova faixa de isenção do Imposto de Renda (IR) para contribuintes com rendimentos de até R$ 5 mil mensais deverá ser oficializada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva até o mês de outubro. Esta medida, considerada estratégica pelo governo, tem o potencial de beneficiar significativamente cerca de 20 milhões de cidadãos em todo o país, aliviando a carga tributária sobre uma parcela substancial da população.

Compromisso Governamental e Impacto Social

Em uma entrevista concedida ao portal ICL Notícias, nesta terça-feira (23), o ministro Haddad enfatizou a visão do governo federal, destacando que o combate à desigualdade social representa um pilar fundamental para o avanço e o desenvolvimento pleno do Brasil. Diante desse cenário, a ampliação da faixa de isenção do Imposto de Renda surge como uma iniciativa primordial que reforça o compromisso da gestão com a justiça social e a melhoria da distribuição de renda.

Conforme as expectativas do ministro, se as etapas legislativas forem bem-sucedidas, um contingente de 20 milhões de contribuintes será desonerado do pagamento do IR ao longo deste mandato presidencial. Haddad ressaltou a agilidade da atual administração, afirmando: “Já atualizamos a faixa de isenção por três vezes neste governo. Em um único mandato, passamos de uma faixa de R$ 1,9 mil para R$ 5 mil. Isso é algo inédito na história recente do país.”

Reforma Tributária e Aumento de Renda

Na perspectiva de Fernando Haddad, a reforma do Imposto de Renda representa a primeira tentativa real e substancial do Estado brasileiro em abordar o complexo tema da desigualdade de forma efetiva. Além disso, o ministro apontou para dados otimistas, revelando que a renda da população brasileira experimentou um acréscimo de 18% acima da inflação em um período de três anos. “Não sou eu quem está dizendo, são dados concretos do IBGE. Trata-se do maior aumento de renda desde a implementação do Plano Real”, explicou Haddad, sublinhando a relevância econômica e social desse avanço.

Entretanto, ele fez uma distinção crucial entre o combate à miséria e o enfrentamento da desigualdade estrutural. Haddad observou que, enquanto o presidente Lula já logrou êxito em retirar o Brasil do mapa da fome pela segunda vez, o tema da desigualdade de renda raramente foi tratado com a devida profundidade. “Estamos lamentavelmente entre os dez piores países do mundo em termos de distribuição de renda. Essa é uma realidade que precisamos mudar urgentemente”, ponderou.

Renúncias Fiscais: Um “Escândalo” e o Futuro da Tributação

O ministro da Fazenda não hesitou em classificar a situação das renúncias fiscais como o “maior escândalo” do país, revelando que, atualmente, o Brasil ainda lida com um volume superior a R$ 600 bilhões em subsídios e benefícios tributários. Ele salientou o esforço do governo em reverter parte desse montante, conseguindo recuperar R$ 100 bilhões, uma iniciativa que, paradoxalmente, gerou críticas significativas à administração. Segundo ele, as renúncias já estavam alcançando a casa dos R$ 700 ou R$ 800 bilhões.

Diante desse quadro, Haddad esclareceu que o principal objetivo do governo é promover uma diminuição do imposto sobre o consumo, que historicamente penaliza mais as camadas de baixa renda, em detrimento de uma maior tributação sobre a renda dos mais ricos. Consequentemente, essa estratégia busca reequilibrar a balança fiscal e promover uma distribuição de ônus mais justa entre os diferentes extratos sociais.

Oportunidade para o Congresso Nacional

Em conclusão, Fernando Haddad dirigiu um apelo direto ao Congresso Nacional, salientando a importância do momento atual. “O Congresso Nacional tem, agora, uma oportunidade muito significativa para direcionar o Brasil em uma rota de justiça social e de combate efetivo à desigualdade. Não podemos, de forma alguma, persistir como um dos dez países com a pior distribuição de renda globalmente. É, portanto, extremamente desafiador conceber um desenvolvimento sustentável e equitativo com esse nível alarmante de disparidade social”, finalizou o ministro, reforçando a urgência da pauta e a responsabilidade coletiva na construção de um futuro mais justo para o país.