O Telegram removeu recentemente diversos canais e grupos de seu aplicativo que promoviam e comercializavam compostos à base de dióxido de cloro, falsamente anunciados como tratamentos eficazes para condições graves como câncer e autismo. Esta medida foi tomada em resposta a uma solicitação expressa da Advocacia-Geral da União (AGU), visando conter a disseminação de desinformação perigosa no ambiente digital brasileiro.
A Substância Perigosa e Suas Falsas Promessas
O dióxido de cloro, uma substância com propriedades corrosivas, representa um risco significativo para a saúde humana, com potencial para causar danos graves, especialmente em crianças. Além disso, não possui qualquer embasamento médico ou científico que comprove sua eficácia no tratamento de doenças. Entretanto, apesar de sua toxicidade e da ausência de evidências, este composto tem sido ilegalmente comercializado como um suposto “medicamento milagroso” desde o período da pandemia da covid-19, enganando um público vulnerável em busca de curas.
Portanto, a sua difusão como terapia alternativa é extremamente preocupante, pois desvia pacientes de tratamentos comprovados e expõe-nos a riscos desnecessários. Além do câncer e do autismo, os grupos removidos divulgavam o dióxido de cloro para outras finalidades terapêuticas não especificadas, mas igualmente carentes de suporte científico.
A Ação Decisiva da AGU Contra a Desinformação
A Procuradoria Nacional da União de Defesa da Democracia, um braço da AGU, agiu prontamente ao requisitar ao Telegram a remoção desses grupos e canais na última sexta-feira, dia 19. Ademais, o órgão solicitou que a empresa bloqueasse o uso e a pesquisa de palavras-chave e hashtags que pudessem facilitar o acesso a esse tipo de conteúdo nocivo. A iniciativa sublinha o compromisso do governo em combater a desinformação que ameaça a saúde pública.
Nesse sentido, a procuradoria sustentou, na notificação enviada ao Telegram, que se tratava de uma “manifesta desinformação, desprovida de qualquer lastro ou evidência”. Ou seja, os conteúdos veiculados apresentavam informações que não correspondiam à realidade, com o claro propósito de ludibriar o público acerca de um tema de extrema relevância: a saúde. Assim, a intervenção da AGU visa proteger os cidadãos contra alegações infundadas e perigosas.
Origem da Investigação e Alerta Sanitário
A decisão da procuradoria, aliás, não surgiu do nada. Foi motivada por uma série de denúncias recebidas pelo Ministério da Saúde e pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Consequentemente, ao apurar tais denúncias, as autoridades sanitárias brasileiras identificaram cerca de 30 comunidades ativas que consistentemente recomendavam o uso desses compostos para diversas finalidades, todas elas sem comprovação. Essa colaboração entre diferentes órgãos governamentais reforça a abordagem multifacetada no combate à desinformação em larga escala.
Combate Contínuo à Desinformação na Saúde Digital
O caso do dióxido de cloro no Telegram serve como um exemplo contundente dos desafios enfrentados na era digital para proteger a população de informações falsas, particularmente aquelas que envolvem a saúde. Plataformas digitais, portanto, desempenham um papel crucial na moderação de conteúdo e na garantia de que informações prejudiciais não se proliferem sem controle. A remoção desses canais representa uma vitória significativa para a saúde pública e para os esforços em promover um ambiente online mais seguro e confiável.
Por fim, a constante vigilância de órgãos como a AGU, o Ministério da Saúde e a Anvisa é fundamental para assegurar que apenas informações baseadas em evidências científicas guiem as escolhas de saúde dos cidadãos. A luta contra a desinformação é um processo contínuo que exige a colaboração de todos os setores da sociedade, desde as autoridades reguladoras até as próprias plataformas e os usuários.