Edição Brasília

Tebet: PEC da Blindagem ameaça democracia; senadores devem rejeitar

Ministra Simone Tebet criticou nesta quarta (17) a PEC da Blindagem, aprovada na Câmara, e pediu ao Senado que a rejeite, alertando para a ameaça à democracia.
Tebet critica PEC Blindagem
Foto: Valter Campanato/Agência Brasil

A ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, expressou nesta quarta-feira (17) veementes críticas à Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que estabelece obstáculos para o andamento de processos criminais contra parlamentares. Conhecida como “PEC da Blindagem”, a medida foi aprovada na Câmara dos Deputados na noite anterior. A ministra, ademais, instou o Senado Federal a rejeitar a proposta, alertando que sua aprovação representa uma séria ameaça à democracia brasileira.

A Proposta Controversa e os Desdobramentos na Câmara

A “PEC da Blindagem”, que dificulta a responsabilização penal de deputados e senadores, obteve aprovação em dois turnos pelo plenário da Câmara na terça-feira (16). O texto original da proposta previa que qualquer abertura de ação penal contra um parlamentar dependeria de autorização prévia da maioria absoluta do Senado ou da Câmara, por meio de votação secreta. Posteriormente, na madrugada desta quarta-feira (17), um ponto crucial foi alterado: a regra do voto secreto nas sessões para autorizar processos criminais contra legisladores foi derrubada.

A remoção do termo “secreto” ocorreu por falta de quórum durante a votação de um destaque. Embora 296 votos tivessem sido registrados a favor da manutenção da regra, o mínimo necessário para tal era de 308 votos. Consequentemente, a blindagem do voto secreto não se sustentou. Entretanto, ainda nesta quarta, surgiram tentativas de alguns parlamentares de votar novamente o mesmo destaque no texto, sob a alegação de que muitos deputados estavam ausentes ou “dormindo” durante a votação que derrubou o voto secreto, o que gerou mais controvérsia.

A Posição Enfática da Ministra Simone Tebet

Simone Tebet declarou que a “PEC da Blindagem” não atende aos reais interesses da população brasileira. Em sua visão, é fundamental que o Congresso se dedique a pautas verdadeiramente benéficas para o povo, como, por exemplo, a proposta de isenção no Imposto de Renda para cidadãos com renda de até R$ 5 mil. Além disso, a ministra classificou a insistência em revotar o destaque do voto secreto como “um risco à democracia como a conhecemos”, pontuando que a tentativa de reverter uma decisão já tomada desrespeita o processo legislativo.

A ministra enfatizou que o voto secreto foi legitimamente derrotado pelos parlamentares contrários à sua manutenção, ressaltando a validade do resultado. Desse modo, ela expressou a expectativa de que os deputados reconsiderem sua estratégia, evitando “rasgar” o Regimento Interno e a própria Constituição ao tentar recolocar em votação um tema já definido. Em seguida, Tebet manifestou sua forte esperança de que a “PEC da Blindagem” seja rejeitada pelo Senado Federal, atuando como um “freio” necessário.

Conforme suas palavras, o Brasil possui um sistema bicameral exatamente para assegurar a revisão de propostas controversas. Portanto, quando uma Casa legislativa comete um equívoco, a outra tem a responsabilidade de revisitar a matéria e decidir, à luz da Constituição, da lei e da moralidade pública, que certos projetos não podem prosperar, pois afrontam diretamente o povo brasileiro.

Contexto das Declarações

As declarações incisivas da ministra Simone Tebet foram proferidas durante um seminário de grande relevância sobre risco fiscal judicial. O evento foi organizado em conjunto pelos ministérios da Fazenda e do Planejamento, além da Advocacia-Geral da União (AGU), proporcionando o palco para a manifestação de sua preocupação com a integridade democrática e a transparência no cenário político nacional.

Corrida Nas Pontes Edicao Brasilia