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Moraes autoriza visita de relator da anistia do 8/1 a Bolsonaro

Alexandre de Moraes, do STF, autorizou nesta segunda (15) que Jair Bolsonaro receba o deputado Rodrigo Valadares, relator da anistia do 8/1, para uma visita em 22 de setembro.
Relator anistia 8/1 Bolsonaro
Foto: Divulgação/Câmara dos Deputados

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), concedeu autorização nesta segunda-feira (15) para que o ex-presidente Jair Bolsonaro receba a visita do deputado federal Rodrigo Valadares (União-SE), que atua como relator do projeto de lei que busca conceder anistia aos indivíduos envolvidos nos eventos de 8 de janeiro. Este encontro, um dos poucos permitidos a Bolsonaro, está agendado para 22 de setembro.

Contexto das Restrições e Prisão Domiciliar

Desde 4 de agosto, Jair Bolsonaro cumpre prisão domiciliar por determinação do próprio ministro Alexandre de Moraes. Adicionalmente, suas visitas foram significativamente restritas a familiares e a alguns aliados, que necessitam de uma autorização expressa do Supremo Tribunal Federal. Esta medida cautelar reforça o controle judicial sobre as interações do ex-presidente durante este período.

As restrições de visitação e a própria decretação da prisão domiciliar foram implementadas após o entendimento de Moraes de que Bolsonaro teria tentado burlar a proibição de uso de redes sociais. O ex-presidente, de acordo com as investigações, utilizou as contas de seus filhos para continuar acessando e interagindo com essas plataformas, inclusive por intermédio de terceiros, o que motivou a intensificação das medidas cautelares.

Outros Visitantes Permitidos e Conexões Políticas

Além de Rodrigo Valadares, o ministro Moraes já havia liberado visitas de outros importantes aliados políticos de Bolsonaro. Entre eles, figuram o presidente do Partido Liberal (PL), Valdemar Costa Neto, o deputado federal Sóstenes Cavalcanti (PL-RJ), os senadores Wilder Morais (PL-GO) e Rogério Marinho (PL-RN), bem como o ex-ministro de Minas e Energia Adolfo Sachsida. Esta série de autorizações sugere um escrutínio cuidadoso sobre quem pode ter contato com o ex-chefe do Executivo.

De forma similar, a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro também teve permissão para receber em sua residência um grupo de amigas para reuniões de oração. Tais concessões, todavia, ocorrem sempre sob a égide da fiscalização judicial e em conformidade com as regras estabelecidas pelo STF para o período de prisão domiciliar.

Desdobramentos Judiciais e o Inquérito em Curso

As medidas cautelares impostas a Bolsonaro inserem-se em um inquérito de maior alcance. Neste processo, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), filho do ex-presidente, e o próprio Jair Bolsonaro são investigados por suposta articulação com o governo do então presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. A acusação é de que ambos teriam buscado promover ações de retaliação contra o governo brasileiro e ministros do STF, entre as quais estariam o cancelamento de vistos e a aplicação da Lei Magnitsky, evidenciando uma complexa trama internacional.

Paralelamente a essas investigações, na semana anterior à autorização da visita de Valadares, a Primeira Turma do STF proferiu uma condenação significativa contra o ex-presidente. Com quatro votos a favor e um contrário, Bolsonaro e mais sete réus foram condenados na ação penal que apura a trama golpista. Os crimes imputados incluem organização criminosa armada, tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado pela violência e grave ameaça, além de deterioração de patrimônio tombado. Essa decisão sublinha a gravidade dos eventos investigados e o avanço dos processos judiciais.

Portanto, a autorização para a visita do relator da anistia do 8 de janeiro a Bolsonaro ocorre em um cenário de intensos desdobramentos judiciais, onde o ex-presidente enfrenta não apenas restrições de liberdade, mas também condenações por graves delitos e investigações por ações que envolvem suposta tentativa de desestabilização institucional.

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