Paris se transformou em um vibrante centro da cultura afro-brasileira neste domingo (14), quando aproximadamente 60 mil pessoas se reuniram para a 24ª edição da Lavagem de Madeleine. O evento, que anualmente celebra as ricas raízes africanas do Brasil, coloriu as ruas da capital francesa com música, dança e uma energia contagiante, tendo como um dos pontos altos a participação do bloco afro Olodum, Jau e Armandinho, entre outros artistas.
Uma Celebração pelas Ruas de Paris
O cortejo teve início pontualmente às 10h (horário local, equivalente às 5h em Brasília) na icônica Place de la République. Ao longo de um percurso de cerca de quatro quilômetros, a multidão e mais de 700 artistas transbordaram de entusiasmo, seguindo em direção à histórica Igreja de Madeleine. Durante este trajeto vibrante, o público pôde imergir em uma autêntica experiência cultural. Desse modo, as marcantes batucadas, os cânticos tradicionais, os ritmos do maracatu e as apresentações de capoeira preencheram o ar parisiense, enquanto a presença majestosa das baianas adicionava um toque de autenticidade e beleza à procissão.
Além das diversas manifestações culturais, nomes de peso da música brasileira garantiram a animação. Artistas renomados como Olodum e Armandinho Macêdo incendiaram o público com suas performances, e as percussões potentes do grupo Batala também foram um destaque. Adicionalmente, o trio elétrico, comandado pelo talentoso multiartista Robertinho Chaves, que também idealizou e organizou este memorável evento, manteve a energia lá no alto, consolidando a atmosfera de festa e união.
O Momento do Sincretismo: Lavagem da Igreja de Madeleine
Posteriormente ao cortejo, o ápice da celebração simbólica ocorreu às 14h (11h em Brasília), nas escadarias da Igreja de Madeleine. Esta cerimônia, carregada de profundo significado, foi conduzida pelo Babalorixá Pai Pote, líder do terreiro Ilê Axé Ojú Onirê, localizado em Santo Amaro da Purificação, na Bahia. Além disso, a presença de um padre católico enalteceu o espírito de colaboração inter-religiosa, refletindo a essência do sincretismo religioso brasileiro.
Em outras palavras, este momento representou vividamente o respeito mútuo e a coexistência harmoniosa entre diferentes crenças, inspirando-se na tradicional e emblemática Lavagem do Senhor do Bonfim, que anualmente acontece em Salvador. Consequentemente, a Lavagem de Madeleine não é apenas uma festa, mas também um poderoso testemunho da capacidade da cultura e da fé em unir povos e crenças, mesmo a milhares de quilômetros do Brasil.
Homenagens Especiais e o Legado do Evento
Neste ano, a 24ª Lavagem de Madeleine dedicou uma homenagem muito especial a duas mulheres que desempenharam papéis cruciais na trajetória do festival. A cantora Preta Gil, que foi a primeira madrinha do evento, e a jornalista baiana Wanda Chase foram devidamente reconhecidas por suas inestimáveis contribuições para a divulgação e promoção da rica cultura afro-brasileira. Suas ações foram fundamentais para solidificar o evento no calendário cultural internacional.
Para Robertinho Chaves, o visionário por trás da Lavagem de Madeleine, o evento já se tornou uma parte integrante e aguardada do calendário cultural parisiense. Ele expressou a emoção indescritível de ver “mais de 700 artistas e uma multidão transformando Paris em Salvador”, qualificando a experiência como inesquecível. Dessa forma, ele ressaltou o significado profundo da Lavagem de Madeleine como um “símbolo da força da cultura afro-brasileira no mundo”, evidenciando que a música, a fé e as tradições brasileiras possuem um “poder de união e alegria que atravessa fronteiras”.
Finalmente, Robertinho Chaves enfatizou o caráter do evento como uma “celebração de identidade, resistência e, acima de tudo, de amor”. Ele ainda fez questão de sublinhar que a homenagem a Preta Gil e Wanda Chase era “mais que merecida”, já que ambas foram pilares essenciais na construção e crescimento do festival ao longo dos anos. Portanto, a Lavagem de Madeleine se estabelece não apenas como uma festa, mas como um movimento cultural que projeta o Brasil e sua herança africana no cenário global.